Qual será a reação do mercado aos terroristas de Bolsonaro em Brasília?

ABERTURA DE MERCADO

ETF que espelha o Ibovespa em Nova York indica queda de 1% nesta segunda. Recibos da Petrobras também recuam.

Por Tássia Kastner e Camila Barros
Revista VC SA


Bom dia!

O Brasil acorda de ressaca depois das cenas de terrorismo protagonizadas por apoiadores de Jair Bolsonaro, uma turba que atenta contra da democracia desde quando o ex-presidente ainda estava no poder.

Sepultar a tentativa de golpe dependerá de reação das instituições, para muito além das notas de repúdio.

Ainda no domingo, o presidente Lula decretou intervenção federal, que permite o uso de forças de segurança nacional em Brasília. A Polícia Militar do DF, sob o comando do governador bolsonarista Ibaneis Rocha, abriu a barreira que bloqueava o acesso à Esplanada dos Ministérios e foi tomar uma água e fazer vídeos da “manifestação”.


Alexandre de Moraes afastou Ibaneis do cargo por 90 dias, mandou desmontar todos os acampamentos e frente a quartéis e a desativar contas golpistas em redes sociais. O secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, foi demitido. Ele está nos Estados Unidos, com Bolsonaro. Há ordem de prisão contra ele.

A PF está investigando quem estava nos atos terroristas em Brasília. Pelo menos 300 pessoas foram presas. Nos EUA, deputados querem que Bolsonaro seja extraditado para o Brasil.

Por fim, governadores disseram que vão coibir qualquer ato em seus estados. O problema é que há um gap entre o anúncio e a vida real. Bolsonaristas começam a manhã fechando uma pista da Marginal Tietê, em São Paulo. Há bloqueios em estradas de quatro estados. Há ainda temor de que os golpistas fechem o acesso a refinarias, para causar desabastecimento de combustíveis.

A versão tupiniquim da invasão do Capitólio foi gestada em público. Não se pode falar em surpresa. Como também já não era surpresa alguma que o governo Bolsonaro era ninho de gente contrária à democracia.

Por anos, o mercado financeiro negou que a tentativa de golpe fosse um risco ao país. Quando analistas e gestores eram questionados sobre o pouco apreço que Bolsonaro e seus apoiadores tinham ao Estado Democrático, eles minimizavam o risco de isso se converter em ataques concretos ao país.

O ataque terrorista do domingo mostra que o mercado financeiro falhou em uma de suas tarefas, que é antecipar riscos.

O ETF EWZ, que replica a bolsa brasileira nos EUA, amanheceu com uma queda de 1,17%, contrastando com a altas nos futuros de S&P 500 e cia. Os recibos de ações da Petrobras recuam 1,07%. Mostra que o mercado financeiro acordou, mas não se trata de uma queda apocalíptica.

O paradoxo aqui é que uma deterioração no mercado financeiro, se prolongada, tem o potencial de piorar as condições da economia sob o governo Lula. A Faria Lima repete que o problema do alto endividamento é deixar uma dívida para o país do futuro. No fundo, é o que pode acontecer agora: a conta do golpismo gestado nos últimos quatro anos está caindo no colo de quem não contratou essa dívida.


• Futuros S&P 500: 0,38%
• Futuros Dow: 0,30%
• Futuros Nasdaq: 0,37%
*às 8h27


Saldão de Tesla

Na sexta-feira, a Tesla (TSLA34) anunciou que vai reduzir entre 6% e 13% o valor de seus dois modelos mais populares na China. Agora, o Model Y passa a custar o equivalente a US$ 37.000, e o Model 3, US$ 32.700 – mais de 30% mais barato do que nos EUA.

O momento "o patrão ficou maluco" da montadora vem depois das vendas na China, o maior mercado consumidor da montadora, caírem drasticamente em dezembro, para 56 mil carros. A queda é de 44% em relação ao mês de novembro, e de 21% em comparação com dezembro de 2021, de acordo com dados publicados pela China Passenger Car Association na quinta.

A preocupação dos investidores com a desaceleração no desempenho da companhia contribuiu para o naufrágio das ações, que caíram mais de 90% em 2022. Depois do anúncio de desconto para os chineses, os papéis fecharam em alta de 2,47%, a US$ 113,06, na sexta-feira.


8h25 Boletim Focus
9h Lula se reúne com a ministra do Supremo Rosa Weber
18h Lula se reúne com governadores
Roberto Campos Neto participa da Reunião Bimestral de Presidentes de Bancos Centrais, promovida pelo BIS, em Basileia, na Suíça


• Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,41%
• Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,01%
• Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,39%
• Bolsa de Paris (CAC): 0,19%*às 8h27


• Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,37%
• Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,59%
• Hong Kong (Hang Seng): 1,89%


• Brent*: 3,19%, a US$ 81,08
• Minério de ferro: -2,49%, a US$ 121,39 por tonelada na bolsa de Dalian
*às 8h26


O maior evento econômico do ano

Ao longo dos últimos 3 anos, a política de Covid Zero chinesa fechou as fronteiras do país por 1.016 dias. Viagens para negócios e estudo se tornaram mais difíceis, e o turismo praticamente inexistente. Neste domingo, finalmente, a segunda maior economia do mundo se abriu de novo. Não que a doença tenha dado trégua por lá: uma estimativa da The Economist sugere que, caso o vírus se espalhe descontroladamente, 1,5 milhões de chineses podem morrer nos próximos meses. Mas, passada a nova onda da doença, a reabertura deve trazer grandes consequências para o comércio e as relações internacionais – para a The Economist, a maior parte delas positivas. Aqui, a revista explica porquê acha que a reabertura chinesa é o evento do ano.

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