“Racismo acontece de uma forma não dita. Aí reside a sordidez”. A dor do preconceito em primeira pessoa
A convite do EL PAÍS, três brasileiros negros relatam dias de seu cotidiano neste mês de novembro e mostram como o preconceito atravessa até os afazeres mais comuns. “Dois brancos me abordaram e perguntaram onde comprar maconha. Acho que queriam saber se eu tinha para vender” Kaylan Werneck Ramos da Silva, 19, Evie Barreto Santiago, 46 e Gustavo Domingues de Oliveira, 27 GUSTAVO DOMINGUES DE OLIVEIRA|EVIE BARRETO SANTIAGO|KAYLAN WERNECK RAMOS DA SILVA Salvador / São Paulo / Rio De Janeiro O fosso que separa brancos de pretos e pardos no Brasil pode ser medido por números . É neste segundo lado, composto por 55,8% dos brasileiros, que estão os menores salários, a maior quantidade de desempregados, a maior taxa de analfabetismo do país, e onde crianças morrem mais por causas que poderiam ser evitadas se tivessem tido acesso a um sistema de saúde adequado. Mas por trás das estatísticas está o dia a dia, o cotidiano de milhões de brasileiros que enfrentam e ref...