OS MEUS PAPAS

Por Edson Tavares Acordei tarde neste feriado: o mundo já estava impregnado da morte de Francisco. Não me surpreendi: ele foi pedagógico, ensinou que estava se acabando e até redefiniu os rituais fúnebres (torçamos para que seja obedecido). Foi um bom professor. Habituou os discípulos ao que viria. Foi meu quinto papa: Paulo, os dois João Paulo, Bento e ele. Entrei na igreja católica pelas mãos da tradição, inebriado pela força feminina da família (minha mãe, minha tia-avó beata e duas tias-avós freiras), mas com uma semente de desconfiança pela aversão (nunca explicada) de meu pai à religião. Era o tempo de Paulo. Ao descobrir a Teologia da Libertação na pós-adolescência, um período naturalmente inquieto da vida, passei a ver o cristianismo com outros olhos, com um olhar mais social que litúrgico, e entoei (desafinado como sempre) mais canções de questionamento que hinos de louvor, em grupos jovens e pastorais. Era o tempo do segundo João Paulo, que o primeiro nem esquentou o trono. ...