PIB e queda na população da China desanimam mercados

ABERTURA DE MERCADO

Futuros americanos operam em queda após a economia chinesa crescer só 3%.

Por Júlia Moura e Camila Barros


A economia da China, definitivamente, não é mais a mesma. Depois de retrair 2,2% em 2020 com a pandemia, e crescer 8,1% em 2021, o ano passado deixou a desejar. Em 2022, o PIB do gigante asiático teve alta de apenas 3%. Tirando o ano em que a pandemia estourou, este é o pior desempenho do país desde 1976, quando Mao Tsé-Tung morreu, e a economia encolheu 1,6%.

O cenário, porém, não é de todo desastroso. No último trimestre do ano passado, a atividade econômica superou bem as expectativas: PIB de 2,9% contra previsão de 1,7%. Além disso, dados de dezembro também surpreenderam positivamente, A produção industrial teve alta de 1,3% (de 0,8% esperado) e as vendas do varejo caíram 1,8%, (de previsão de -7%).

Os dados podem sugerir uma recuperação da economia chinesa mais rápido do que o esperado, turbinando commodities. A consultoria Capital Economics elevou a projeção de crescimento do país este ano de 2% para 5,5%. O problema é que com uma economia mais pulsante e matérias-primas mais caras, o mundo como um todo tende a ter mais inflação e pode ser que seja necessário manter juros altos para evitar uma forte alta nos preços.

Além disso, a onda de Covid no país e a queda na população chinesa preocupam. A reabertura total a partir de uma política de Covid zero já matou cerca de 60 mil pessoas. E, em 21 de janeiro, começa a peregrinação pelo país nas comemorações do Ano Novo Lunar, o que pode aumentar drasticamente este número.

Em 2022, a China teve a primeira queda populacional desde 1961, último ano da Grande Fome Chinesa. Ao fim do ano passado, o país tinha 1,41 bilhões de pessoas, 850 mil a menos do que em 2021. Um mercado interno mais fraco pode frear a recuperação da economia.

O conjunto da obra não animou o mercado americano em volta de feriado, e os índices futuros operam em queda. Também contribui para o receio o início da temporada de balanços do quarto trimestre. Hoje, é a vez dos bancões de Wall Street.

Americanas

Voltando ao drama tupiniquim. A CVM vai abrir nos próximos dias um canal de denúncias exclusivo para o escândalo dos R$ 40 bilhões em dívidas escondidas da Americanas, segundo a coluna de Lauro Jardim, no O Globo. As investigações também vão contar com a polícia federal e o ministério público federal.

Por enquanto, a Americanas segue com respaldo da Justiça contra os credores. Ontem à noite, o TJRJ negou novo recurso do BTG Pactual.

O Bank of America, na tentativa de executar antecipadamente contratos de derivativos que tem com a Americanas, entrou ontem com recurso na Justiça questionando a tutela cautelar preparatória de recuperação judicial.

Inicialmente, bancos se mostraram dispostos a postergar pagamentos, mas não gostaram dos planos da 3G Capital de recuperar a Americanas, dividindo as dívidas com as instituições financeiras, que passariam a ser sócias do negócio. Os bancos rechaçaram a hipótese e exigem que o trio Lemann, Telles e Sicupira coloque, no mínimo, R$ 10 bilhões no negócio.

Outra pitada de drama veio com a S&P rebaixando mais uma vez a nota de crédito de "B" para "D" (Default, ou seja, calote).

Enquanto isso, fornecedores não querem vender seus produtos sem ser à vista e, obviamente, clientes não estão mais comprando tanto assim na varejista.

Certamente o dia promete.

Bons negócios!


• Futuros S&P 500: -0,26
• Futuros Nasdaq: -0,37%
• Futuros Dow: -0,19%
*às 8h35


Fusão de concorrentes

No domingo, a coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, publicou: "a Renner está em negociações preliminares para a compra da C&A no Brasil”. Como resultado, as ações da C&A subiram mais de 15% no pregão de segunda-feira. Mas voltaram a cair quando o presidente da companhia, Paulo Correa, disse ao Valor que a informação não procede, e que não há nenhum movimento da empresa para se fundir com uma concorrente. No fim do pregão, as ações CEAB3 fecharam em alta de 11,52%, cotadas a R$ 2,75. Quando abriu o capital, em 2019, os papéis da companhia eram cotados a R$ 18. Para voltar a este patamar, hoje eles teriam que subir 554%.

Já as ações da Renner caíram 2,04% no pregão de ontem.


Suíça, 8h: Fernando Haddad e Marina Silva participam do Fórum Econômico Mundial de Davos Suíça, 16h: Haddad participa de jantar do BTG Pactual em Davos

EUA, 17h: presidente do Fed de NY, John Williams, participa de evento organizado pela instituição


• Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,18%
• Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,23%
• Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,11%
• Bolsa de Paris (CAC): -0,17%*às 8h25


• Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,02%
• Bolsa de Tóquio (Nikkei): 1,23%
• Hong Kong (Hang Seng): -0,78%


• Brent*: 1,14%, a US$ 85,42 o barril
• Minério de ferro: -1,30%, a US$ 123,23 por tonelada, em Dalian (China)
*às 8h40


O que o comeback da Didi Global diz sobre a China de hoje

Em junho de 2021, a Didi Global, maior app de caronas da China e dona da 99 no Brasil, realizou um IPO de US$ 4,4 bilhões na bolsa de Nova York. Poucas semanas depois, o governo chinês instaurou uma investigação sobre as práticas de privacidade e segurança cibernética da empresa. Ato contínuo, ela foi obrigada a deslistar suas ações nos EUA, teve mais de 20 aplicativos excluídos das lojas online e foi proibida de registrar novos clientes. O mercado chinês entendeu o recado: chegava ao fim a onda de empresas chinesas levantando bilhões de dólares em Wall Street. Agora, Pequim autorizou que a Didi volte a registrar novos usuários. A mudança de tom (que deve atingir todas as techs) faz parte dos esforços para reanimar o crescimento econômico do país. Esta reportagem do Financial Times, traduzida pelo Valor, explica.

Demissão um ano depois

Mesmo com a economia do país desacelerando, o mercado de trabalho americano continua aquecidíssimo até hoje. Sabendo que não terão muita dificuldade em encontrar um novo emprego, os americanos não mantêm um vínculo profundo com seus empregadores: na menor inconveniência, eles se demitem mesmo. Esse fenômeno começou ainda durante a pandemia, quando ficou conhecido como A Grande Resignação. O Wall Street Journal conversou com seis pessoas que se demitiram há um ano para saber se elas continuam felizes com a decisão.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Em novo caso de nudez, corredora sai pelada em Porto Alegre

'Chocante é o apoio à tortura de quem furta chocolate', diz advogado que acompanha jovem chicoteado

Foragido que fez cirurgia e mudou de identidade é preso comprando casa na praia