Investidores de olho no Copom e na votação da PEC da Transição nesta quarta-feira

Nenhum dos dois eventos promete muitas surpresas, mas os detalhes é que importam. Entenda o que está em jogo

 
Por Bruno Carbinatto e Camila Barros
VC S/A
 
 
Bom dia!
 
Dois eventos protagonizam a agenda desta quarta-feira: a votação da PEC da Transição no Senado e a decisão do Copom. De certa forma, nenhum deles promete muitas surpresas. É esperado que a PEC passe e que o banco central mantenha a taxa de juros em 13,75%.
 
Ontem, o projeto da PEC foi aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e, agora, segue à análise de todos os senadores. O texto que avançou na comissão amplia o teto de gastos por dois anos para incluir o pagamento do Bolsa Família, liberando R$ 145 bi para além do limite estabelecido pela atual regra fiscal. É uma redução considerável, já que, antes das negociações, esse valor era de R$ 175 bi.
 
Além disso, também foi reduzido o período de atuação da PEC, para apenas dois anos. Desta forma, o governo Lula deverá apresentar uma proposta para alterar o Teto de Gastos ou substituí-lo por outra regra até agosto de 2023.
 
Já era esperado, inclusive para a equipe de transição, que a PEC fosse desidratada no processo de aprovação. Mesmo assim, sua aprovação na CCJ foi considerada a primeira vitória de articulação do governo Lula III. Agora, investidores ficam de olho no que vai rolar nas votações do Senado, onde 49 dos 81 senadores precisam votar a favor do texto para que ele passe. Em caso positivo, a PEC vai à votação na Câmara, na semana que vem, onde precisa de aprovação de três quintos dos deputados. O processo não promete surpresas porque todo mundo espera que a PEC seja aprovada – o que está em jogo são seus detalhes.
 
De certa forma, o texto atual é menos caótico para o mercado do que o proposto inicialmente, já que preserva o teto, mesmo que expandido – uma das ideias do PT era excluir os gastos com o Bolsa Família e outros programas sociais de forma definitiva do teto, o que não foi para frente para alívio do mercado. A proposta também obriga o governo a aprovar algum tipo de regra fiscal no meio do mandato, o que é melhor que nada e sinaliza algum tipo de controle das contas públicas.
 
Outro evento importante desta quarta-feira é a decisão do Copom. O comitê deve manter a taxa em 13,75%, sem surpresas; o que o mercado quer saber é se o Banco Central vai dar alguma atualização sobre o risco fiscal após toda a discussão da PEC e dos gastos extra-teto. E se vai dar pistas sobre por quanto tempo a taxa permanecerá no patamar atual.
 
Enquanto isso, na gringa permanece o sentimento amargo. É que muita gente, incluindo os bancões americanos, passou a afirmar que o cenário econômico de 2023 é sombrio, e aí o mau humor tomou conta do pregão de ontem. Pelos índices futuros americanos, a noite de sono não foi suficiente para mudar o clima. A ver.
 
Bons negócios.
 
 
 
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*às 8h02
 
 
16h Plenário do Senado começa discussões sobre a PEC da Transição; votação é esperada ainda hoje
18h30 Banco Central anuncia decisão sobre a Selic
 
 
Sem emprego e sem bônus
O Morgan Stanley demitiu 1.600 funcionários de uma vez só na terça-feira, o equivalente a 2% de sua força de trabalho ao redor do mundo. Antes, o Goldman Sachs e o Citigroup também haviam anunciado cortes. Faz parte de uma tradição natalina (macabra) do mercado financeiro americano: fazer demissões em massa antes do pagamento dos bônus de final de ano. Assim, sobra mais pra quem fica. Só que foram dois anos sem esse tipo de preocupação: 2020 e 2021 foram anos generosos para os coletinhos de Wall Street, cortesia do dinheiro do Fed e do bull market. Agora, com a alta de juros, a ressaca bateu – e a dor de cabeça deve continuar. Os banqueiros estão pessimistas com a economia americana em 2023. Talvez seja hora de atualizar o LinkedIn.
 
 
 
A bolha das mineradoras de bitcoin
O Texas quis se vender como o Éden da mineração de bitcoin. Para isso, ofereceu energia barata e regulamentações descomplicadas. Deu tão certo que acabou dando errado: com a concorrência aumentando, a atividade parou de valer a pena. Some isso ao aumento dos custos globais de energia e a queda no preço do bitcoin e temos mineradoras à beira da falência. Esta reportagem da Bloomberg, traduzida pelo Valor, conta como estão as mineradoras que operam no local.
 
A desindustrialização alemã
Não foi só no Texas que teve gente se fiando em energia barata para investir. O fim do gás russo colocou o futuro da indústria alemã em xeque: grandes empresas, como a Basf, começaram a reduzir a produção por lá e já estudam a migração permanente para outros países. O caso vem sendo tratado como o exemplo das consequências de fazer uma aposta alta em desenvolvimento econômico calcado na globalização. O Financial Times conta o dilema alemão.

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