“Queremos apenas diminuir o privilégio”, afirma presidente Lula sobre justiça tributária
“Nós estamos querendo que 140 mil pessoas paguem uma parcelinha a mais para beneficiar 10 milhões de pessoas”, destacou o presidente durante lançamento do Plano Safra
O presidente Lula classificou como “ganância e doença de acumulação de riqueza” a postura da elite brasileira diante da meta do governo de colocar os ricos no imposto de renda e os pobres no orçamento.
“É difícil, é muito difícil, porque não é nem uma intenção, porque todo mundo é muito bem formado, muito bem letrado, só pode ser ganância, só pode ser a doença de acumulação de riqueza só para mim e não para os outros”, afirmou o presidente nesta terça-feira (1), durante o lançamento do Plano Safra 2025/2026, no Palácio do Planalto.
Lula apontou o que ocorre quando seu governo propõe taxar quem ganha mais de R$ 1 milhão por ano.
“Há uma rebelião. Nós estamos querendo que 140 mil pessoas paguem uma parcelinha a mais para beneficiar 10 milhões de pessoas. É tão pouco! Fazer tudo isso sem precisa dar um tiro, sem precisar matar ninguém, sem precisar prender ninguém, sem precisar fazer greve geral”, salientou, ao falar da necessidade da diminuição dos privilégios da classe alta para garantir os direitos de todos.
“Eu disse ao (Alexandre) Pacheco, eu disse ao (Arthur) Lyra, ao (Davi) Alcolumbre e ao Hugo Mota: esse país será o que a gente quiser que ele seja. É só a gente determinar o tamanho que a gente quer. E para isso é preciso diminuir os privilégios. Ninguém está querendo tirar nada de ninguém, queremos apenas diminuir o privilégio de alguém para dar um pouco de direitos para os outros. É só isso que nós queremos”, afirmou o presidente.
Carga menor que de 2011
“O aumento de tributos é de 6% para pessoas que estão ganhando milhões sem fazer nada. Qual o tamanho do lucro? Essas pessoas se rebelam sendo que a carga tributária desse governo, hoje, percentualmente, é menor que a de 2011. Não estamos aumentando imposto, estamos tentando fazer uma tributação mais justa”, apontou.
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Lula falou ainda da sua indignação de ver representantes das elites pedirem cortes em programas sociais. “Eu fico triste quando vejo as pessoas jogarem a culpa em cima dos doentes, em cima do BPC, em cima do Bolsa Família. Em cima do Pé de Meia para garantir que 500 mil garotos não desistam da escola para trabalhar! Não desistam, pelo amor de Deus, voltem para a escola”, bradou Lula.
“É difícil fazer as pessoas compreenderem isso? É, se predominar na nossa cabeça o desejo de mentir, o desejo de fazer canalhice quando a gente deveria fazer coisas sérias. Esse país não pode perder essa chance”, ressaltou Lula ao reforçar a importância da implementação de uma política fiscal justa.
Mercosul, UE e G7
“Em dezembro eu assumo a presidência do Mercosul e antes de eu deixar a presidência do Mercosul, nós vamos consagrar o acordo Mercosul/União Europeia, definitivamente”, disse, acrescentando que não está contente em participar só dos Brics e do G20. “O Brasil tem grandeza para ser a sexta economia do mundo, já chegamos em 2006. Eu quero participar do G7 como convidado especial”, previu, ao exaltar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad e criticar seu antecessor.
“Poucos países do mundo têm um ministro da Fazenda com a seriedade do Haddad. Eu vi a quantidade de bravatas que o Paulo Guedes fazia nesse país. Ele ditava regras de forma desaforada. E ninguém cobrava… Por que ninguém cobrava estabilidade fiscal no governo passado? Por que ninguém cobrava o teto de gastos, que foi possivelmente o momento mais irresponsável deste país”, questionou, ao lembrar que em 2005 quitou a dívida de U$ 30 bilhões com o FMI e deixou reservas de U$ 370 bilhões, “que é o que sustenta esse país até hoje”.
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O presidente afirmou que não se conforma com a taxa de juros de 15% mas observou que o aumento “já estava dado. Na verdade, o Galípolo está comendo o prato que ele recebeu”, assinalou. Lula disse ainda que viaja muito porque precisa recuperar a imagem do país. “Vocês sabem que esse país estava sendo tratado como se fosse o cocô do cavalo de Napoleão ninguém queria conversa com o Brasil. Nesses três anos eu já encontrei com mais presidentes do que na história de 157 anos da República”, destacou.
Plano Safra recorde
Lula comparou os investimentos dos três Planos Safra de seu governo com o anterior. “Foram R$ 885 bilhões de investimentos. Qual é a surpresa que eu quero dizer pra vocês? A gente vai chegar a 1,7 trilhão. É simplesmente um pouco mais que o dobro (que a gestão anterior), assinalou.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, comparou o Plano Safra a três “golaços” do governo Lula. “Se o governo fosse o campeonato brasileiro, o governo marcou três golaços e o senhor já pode pedir música com o terceiro Plano Safra recorde da história deste país”, brincou, ao ressaltar que o Plano aquece a economia e também a indústria que vende máquinas e equipamentos.
“A indústria cresce e gera empregos, aquece o comércio. É por isso que o Plano Safra é a força para o Brasil crescer”, assinalou, ao destacar o papel do BNDES e de 25 agentes financeiros e bancos públicos.
Com o slogan “Força para o Brasil crescer” e investimentos de R$ 516,2 bilhões, o Plano Safra 2025/2026 amplia o crédito para médios e grandes produtores, incentiva a sustentabilidade e garante apoio ao produtor rural. O valor representa um acréscimo de R$ 8 bilhões em relação à anterior
Nesta segunda-feira (30) foi lançado o Plano Safra da Agricultura Familiar, com pacote de investimentos voltado aos pequenos proprietários e produtores.
Verdade, transparência e justiça social
O ministro da Fazenda Fernando Haddad destacou que o atual Plano Safra é 42% maior que o de 2022 e criticou os que dizem que a situação “vai complicar” diante da economia em crescimento.
“Um país começa a ter problemas quando a verdade incomoda”, disse Haddad. “A verdade é parte da solução dos nossos problemas. Quanto mais transparentes nós fomos, tanto com o nosso sucesso quanto com os nossos desafios, mais nós vamos nos unir em torno de um projeto de Brasil grande e de Brasil justo”, assinalou, ao dizer que quer crescimento com justiça social.
Haddad ressaltou ainda que quando a reforma tributária for implementada “vai ser um dos maiores impulsos para o campo e para a agroindústria da história do país. Vamos parar de exportar impostos, de tributar o investimento e vamos ampliar a cesta básica como nunca fizemos na história”, ressaltou, ao falar da perspectiva de recuperação de 40 milhões de hectares em pastagens
“Vamos começar um trabalho robusto na recuperação de pastagens. Isso vai valorizar ainda mais os produtos agropecuários brasileiros que vamos poder certificar que foram feitos em solo recuperado, com qualidade ambiental e inibir o desmatamento da Amazônia do Cerrado que está caindo pelas mãos da ministra Marina”, assinalou, ao observar que países vizinhos, ao contrário do Brasil, estão aumentando impostos de exportação.
Da Redação, com Agência Gov
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