Cristina Boner volta ao noticiário através de Frederick Wassef


Cristina Boner, que recebeu R$ 41 milhões do governo Bolsonaro em pouco mais de um ano, é uma figura conhecida nos círculos do poder e do dinheiro, mas estava longe do noticiário. Ela refez seus negócios em Brasília com a parceria do seu companheiro, Frederick Wassef. E deve cair também por conta da exposição trazida por ele

Cristina Boner, ex-mulher de Frederick Wassef


Cristina Boner voltou ao noticiário através de seu companheiro Frederick Wassef, o “Anjo”, advogado da família Bolsonaro e pessoa que escondeu Fabrício Queiroz em sua casa. A empresa de Cristina recebeu R$ 41 milhões no governo Bolsonaro.

Nos anos 90 Cristina se tornou a maior revendedora Microsoft para a América Latina, sempre vendendo para a área pública. Sua base de atuação era Brasília, governo federal e o Governo do Distrito Federal.

Cristina Boner chegou em São Paulo em 2005, quando, eleito prefeito, José Serra levou para lá várias empresas que atuavam com o governo do Distrito Federal. E alguns executivos do polêmico Banco Regional de Brasília.

No Distrito Federal, seu ponto de apoio era o empresário e vice-governador Paulo Otávio.

Em 2007 separou do marido Bruno Basso e tornou público seu relacionamento com o advogado Frederick Wassef, o “Anjo”. A partir dali, todos os passos de Cristina Boner foram acompanhados e apoiados por Wassef, inclusive nas ações interpostas por seu ex-marido.

Em novembro de 2009 explodiu o escândalo chamado de “mensalão do DEM”, o sistema de propinas do governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal.

Logo depois, foi deflagrada a Operação Caixa de Pandora, do Ministério Público Federal, conduzido pela Procuradora Raquel Dodge, e tendo Cristina como um dos personagens centrais.

O escândalo abateu a TBA em pleno voo. Perdeu a representação da Microsoft, da Oracle e da indiana Tata. E decidiu se reinventar.

Em 2010 fundou a GlobalWeb e colocou em nome de uma filha. No anúncio do lançamento, a empresa nascia com mais de R$ 30 milhões em contratos em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e, segundo ele, nos Estados Unidos.

Por trás desses contratos, o mesmo estilo de Cristina Boner de atuar com o setor público. E, agora, tendo como carro-chefe o Poupatempo, com um modelo de consórcios que permitia, em cada estado, incluir empresas de interesse dos respectivos governadores.

O MODELO POUPATEMPO

Em São Paulo, Cristina aproximou-se de Luiz Salles. Provavelmente já o conhecia de Brasília, por suas ligações com Paulo Otávio, o vice-governador e seu padrinho nos negócios com o Governo do Distrito Federal. Salles, Paulo Otávio e Fernando Collor eram tão únicos que acompanharam Collor à Argentina, em sua viagem de núpcias.

Por volta de 2007, Cristina e Luiz Salles iniciaram a parceria para o Poupatempo, com um modelo de consórcio que poderia ser transportado para todo o país. A porta de entrada foi Julio Semeghini, que desde o governo Mário Covas tratava das questões de tecnologia para o PSDB.

Consistia em montar um consórcio onde havia o formulador, Luiz Salles, o responsável pela TI (a TBA através de sua empresa B2BR) e parceiros indicados pelos governantes interessados no projeto.

Com base nesse modelo, em 2008 Luiz Salles criou o Shopping do Cidadão, para ser o integrante central dos diversos consórcios criados a partir de então.

Foi Luiz Salles quem apresentou Frederick Wassef à Cristina, para resolver um problema de um desfalque de 500 mil dólares na empresa.

Montada a parceria, entraram no mercado do Rio de Janeiro em parceria com George Sadalla, o empresário caixa do governador do Rio Sérgio Cabral.

Lá, o instrumento jurídico foi o Consórcio Agiliza Rio, que tinha como principal agente George Sadalla, além de operador financeiro, responsável pelo Poupatempo.

O consórcio era integrado pelo Shopping Cidadão, de Luiz Salles, a CEI Shopping Centers, B2BBR Informática do Brasil, a Bequest Soluções, Vex Logística e Gelpar, Empreendimentos e Participações.

O dono da Gelpar era George Sadalas, que ficou com 25% do consórcio.

A Vex Logística era o novo nome da Facility, empresa de Arthur César de Menezes Soares Filho, Rei Arthur, outro dos parceiros de Cabral.

A quadrilha foi desbaratada pela Operação C’Est Fini, do Ministério Público Federal.

Em depoimentos na 7a Vara Criminal, Cabral admitiu: “Houve uma determinação minha para que ganhasse o consórcio pertencente ao senhor Jorge Sadala”.

Em pouco tempo, portanto, Cristina Boner se tornou personagem central em dois dos principais inquéritos que correram no período, a Caixa de Pandora e o C’Est Fini.

Mesmo assim, prosseguiu incólume em sua caminhada.

A ESTREIA COM SERGIO CABRAL

O modelo estreou no Rio em 2009, justamente quando implodia o esquema José Roberto Arruda, comprometendo Cristina Bonner.

Nas conversas com Durval Barbosa, o operador de Arruda, Cristina tentou convencê-lo a implantar o modelo no Distrito Federal. A conversa ficou registrada nos vídeos que serviram de base para as investigações da Caixa de Pandora.

Em 2010 o modelo foi para Minas Gerais, logo após Aécio se desincompatibilizar do governo para disputar as eleições, deixando como sucessor seu braço direito (administrativo) Antonio Anastasia.

O tema foi levantado em 2018 pela Agência Sportlight.

Sadala era conhecido como o ponto de contato entre Sérgio Cabral e Aécio Neves. Aécio foi seu padrinho de casamento.

O Poupatempo mineiro era o projeto UAI, Unidade de Atendimento Integrado. Das seis empresas do Consórcio Agiliza, três estavam presentes na formação do vencedor da disputa mineira: a Shopping do Cidadão Serviços de Informática, a Gelpar Empreendimento e Participações, de George Sadala e a B2BR, de Cristina Boner.

O grupo tentou entrar em Mato Grosso, através do Consórcio Cidadão, formado pelas mesmas empresas.

Hoje, o modelo está espalhado por diversos estados e cidades do país.

Apesar de pessoas próximas ao negócio afiançarem que a empresa está desativada, em 2016 foi quinta empresa de tecnologia com mais contratos com o governo federal.

A GlobalWeb

A empresa foi criada em 2010, quando estourou o escândalo do mensalão do DEM inviabilizando a TBA.

No seu site, há uma página para o compliance da empresa:

“COMPLIANCE GLOBALWEB CORP

INTEGRIDADE, RESPEITO, RESPONSABILIDADE E COMPROMISSO COM A SOCIEDADE”

“A condução de negócios pela Globalweb Data Services Corp é pautada pelo devido comprometimento com seus valores de integridade, atuando de forma responsável, transparente, legal e ética. Este mesmo comprometimento é requerido de todos os terceiros que se relacionam com a Globalweb Data Services Corp, pelo que é constantemente apoiado e encorajado pela empresa”.

Com o tempo, e a parceria com Wassef, Cristina refez sua influência em Brasilia. Provavelmente, com a exposição trazida pelo companheiro, os processos aos quais responde devem se acelerar.



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