Ética nas relações do trabalho, por Dário Gomes*

Ética: Aprendendo a tratar as pessoas como pessoas e não como coisas

O homem é um ser social, a todo instante está se relacionando com outras pessoas, seja por necessidade ou por quaisquer outros motivos.

Dentro das organizações não é diferente, as relações humanas sempre estarão presentes, nos mais ínfimos (simples) ou nos mais nobres (complexos) atos do indivíduo e ser um sujeito ético nos seus relacionamentos, dentro da organização, é mais que uma obrigação, é uma necessidade.

Essa necessidade não é algo somente para a cúpula administrativa, mas engloba a todos de igual modo, alcançando toda a hierarquia da organização. Fornecedores, colaboradores e clientes, todos quantos estão ligados a organização precisam conhecer os princípios da ética e da moral porque uma organização, no contexto atual, não consiste somente em lucros, mas de um bom relacionamento para poder alcançar todos os seus objetivos.

Para podermos contextualizar sobre as relações do individuo dentro das organizações se faz necessário entender o que é ética e moral.

Segundo o dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, enquanto a ética está relacionada ao “estudo dos juízos de apreciação referentes a conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto, a moral, por sua vez, refere-se ao conjunto de regras de conduta considerada como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada. (Mattos, Delmo, Ética, valores humanos e transdisciplinares, Universo, 2011, p.16)

Entende-se que a ética está relacionada a atitude do indivíduo, enquanto que a moral está voltada as regras com que este individuo se rege.

Dizer que uma pessoa é ética é dizer que, seu proceder é compatível com as normas de boa conduta e respeito, na forma como se vê essa conduta em termos de bem ou mal.

Em suas relações no trabalho, o colaborador depara-se com muitas ocasiões ou situações, como um profissional em sua área desempenha sua atividade, mas é bom salientar que não está sozinho, está, a todo instante, atendendo, opinando, decidindo e é nessa condição que ele mostra ser ou não ético, é a forma de agir que os faz ser conhecido como ético ou não.

Para filósofo Boécio (480-524) o ser humano é pessoa por causa da sua importância e de sua autonomia. Autonomia e dignidade são, portanto, a característica fundamental da pessoa humana. (Mattos,Delmo, Ética, valores humanos e transdisciplinares, Universo, 2011, p.120) As pessoas devem ser vistas como pessoas e não como coisas.

Quando vemos as pessoas como coisas, podemos ter a tendência de tratá-las como tal, é como se o ser humano fosse uma máquina, sem sentimentos ou emoções, olhar para o ser humano como pessoa é reconhecê-lo como pessoa e isto é ético.

Segundo James C. Hunter, (Hunter, James C., De volta ao mosteiro, Editora Sextante, 2015, p.33) para exercermos a liderança é necessário que vejamos pessoas e não coisas, o autor cita Ross Perot que diz: “Quer gerenciar alguma coisa? Vá gerenciar o seu estoque. Gente não se gerencia, lidera-se”.

Para construirmos um bom relacionamento é necessário que tenhamos o cuidado de não criarmos barreiras, que por sua vez, se existirem, prejudicam nosso relacionamento com os demais.

Eis algumas dessas barreiras citadas por James C. Hunter:

1. Dificuldade de ser autentico

2. Uso de máscaras.

3. Necessidade de ter todas as respostas.

4. Postura dominadora nas discussões.

5. Excesso de controle.

6. Interrupção da fala alheia.

7. Baixa capacidade de ouvir.

8. Adoção de ideias e expectativas preconcebidas.

9. Preconceitos. Visão estereotipada das outras pessoas.

10. Inacessibilidade.

11. Incapacidade de receber críticas.

12. Descontrole emocional, oscilações de humor.

13. Imprevisibilidade, inconsistência.

14. Falta de paciência e autocontrole.

15. Constrangimento de outras pessoas em público.

16. Maledicência. Falar mal dos outros pelas costas.

17. Formação de “panelinhas” (alianças destrutivas).

18. Desonestidade. Falsidade, não ser confiável.

19. Falta de abertura e franqueza com os outros.( segundas intenções, meias verdades)

20. Descompromisso. Não assumir responsabilidades.

21. Falta de respeito aos outros. Não reconhecer os direitos alheios.

22. Falta de valorização dos outros. Não dar as pessoas a devida importância.

23. Falta de incentivo aos outros.

24. Não reconhecimento do mérito alheio.

25. Não verbalização de opiniões contrarias.

26. Necessidade de ser querido por todos. Busca contínua da aprovação alheia.

27. Evitar conflitos/confrontos

28. Auto exclusão do grupo (emocional/física)

29. Desrespeito a confidencialidade do grupo/dos outros

30. Incapacidade de perdoar. Postura ressentida rancorosa.

(Hunter, James C., De volta ao mosteiro, Editora Sextante, 2015, p.104, 105)

O exercício da ética dentro da organização produz satisfação para líderes e liderados, para clientes e fornecedores, afinal vivemos num contexto moderno, do tipo “ganha-ganha” em que o bom relacionamento trará parcerias duradouras e não somente meros clientes e empregados.

*Dário Gomes de Araujo é Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus e atual gestor na cidade de São José do Egito

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