Amostra Cultural Inclusiva na Escola Orlandina Arruda Aragão celebra o Dia Nacional do Surdo com foco na Cultura Nordestina
JAIRO GOMES
Na noite desta quinta-feira (26), a Escola Municipal Professora Orlandina Arruda Aragão, em Santa Cruz do Capibaribe, foi palco de uma celebração especial em alusão ao Dia Internacional do Surdo. O evento, intitulado Amostra Cultural Inclusiva, trouxe como tema central a Cultura Nordestina, destacando a importância da inclusão por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras). A escola, que conta com três alunos surdos, promoveu apresentações dos estudantes do curso de Libras, realizados na linguagem de sinais, destacando a riqueza cultural da região.
O curso de Libras, oferecido gratuitamente pela Secretaria de Educação de Santa Cruz do Capibaribe, através do SEDUC, conta atualmente com três turmas e cerca de 150 alunos ouvintes. Atualmente são 11 os alunos surdos matriculados em escolas do município. Marta, coordenadora do Departamento de Inclusão da Secretaria, enfatizou a importância de eventos que promovam a acessibilidade e a inclusão social. "Nós temos o curso de Libras oferecido pela gestão municipal e a cada dia vemos o interesse da população. É importante que todos os brasileiros soubessem, pelo menos, o básico da comunicação em Libras", disse ela.
Durante o evento, a coordenadora reforçou a relevância de garantir a inclusão dos surdos em todos os espaços, destacando o papel do intérprete como elemento fundamental para a acessibilidade. "Através da Libras, o surdo compreende o mundo ao seu redor. O intérprete deve garantir que a acessibilidade aconteça de fato", completou.
A celebração trouxe também a voz de quem vive essa realidade no cotidiano. Débora Moura, aluna do curso de Libras, falou sobre o significado do aprendizado para sua vida. "Eu sempre tive vontade de aprender a linguagem dos sinais e a oportunidade apareceu. Passei pelo curso básico e agora estou no intermediário. Pretendo continuar estudando e fazendo da inclusão um propósito".
Além das apresentações em Libras, a quadra da escola foi decorada com barracas temáticas que retrataram a culinária, costumes, folclore e literatura nordestina, proporcionando um ambiente de integração entre os alunos do curso de Libras, professores e a comunidade escolar.
A culminância do evento se deu com uma emocionante homenagem aos professores e instrutores de Libras, Boyzar Dioclézio e Natália Cristina, que foram aplaudidos pelo compromisso com a inclusão e pela contribuição ao ensino da língua de sinais.
A Amostra Cultural Inclusiva foi um marco de união entre a cultura nordestina e a inclusão social, evidenciando o poder transformador da educação e da acessibilidade.
A História da Língua de Sinais no Brasil
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) tem suas raízes no século XIX, quando, em 1857, o professor francês Eduard Huet, que era surdo, fundou a primeira escola para surdos no Brasil, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), no Rio de Janeiro. Ele trouxe consigo influências da Língua de Sinais Francesa (LSF), que se mesclou com sinais já utilizados por surdos brasileiros, criando uma base para o desenvolvimento da Libras.
Inicialmente, a educação de surdos no Brasil enfrentou muitos desafios. Durante muito tempo, os métodos oralistas, que priorizavam o ensino da fala e leitura labial, eram amplamente utilizados, o que gerou uma marginalização das línguas de sinais. A Libras permaneceu viva, principalmente nas comunidades surdas, e foi passando de geração em geração.
Foi somente em 2002 que a Libras foi oficialmente reconhecida como língua no Brasil, com a promulgação da Lei nº 10.436, que estabeleceu que Libras é uma língua de comunicação e expressão, com sua estrutura gramatical própria. Esse reconhecimento abriu portas para a inclusão dos surdos em diversos ambientes sociais e educacionais, ampliando a oferta de intérpretes e cursos de Libras em instituições públicas e privadas.
Em 2005, o Decreto nº 5.626 estabeleceu a obrigatoriedade de inclusão da Libras nos currículos de formação de professores, além de regulamentar o uso de intérpretes nas escolas e universidades. A partir desse marco, a Libras passou a ganhar mais visibilidade e ser cada vez mais valorizada como um elemento essencial de comunicação e cidadania.
Atualmente, a Libras desempenha um papel fundamental na promoção da acessibilidade, permitindo que surdos e ouvintes se comuniquem de maneira efetiva e garantindo que os surdos possam ter seus direitos plenamente respeitados em diferentes esferas da sociedade, seja na educação, saúde, ou no mercado de trabalho.
O caminho para a total inclusão ainda está em curso, mas a valorização da Libras e a conscientização da sua importância são passos fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária para todos.
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