Dólar cai e Bolsa sobe após anúncio de contenção de R$ 15 bi em despesas
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar operava em queda nesta sexta-feira (19), com investidores repercutindo o anúncio de contingenciamento de gastos do governo federal no início da noite de quinta. Também estava no radar o apagão cibernético que afetou operações de diversos setores ao redor do mundo.
Às 13h29, a moeda norte-americana perdia 0,19%, cotada a R$ 5,577. Já a Bolsa brasileira tinha alta de 0,13%, aos 127.820 pontos.
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) anunciou bloqueio de R$ 11,2 bilhões e contingenciamento de R$ 3,8 bilhões no Orçamento deste ano, após reunião entre ministros que integram a JEO (Junta de Execução Orçamentária) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os novos cortes virão no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do terceiro bimestre, que será publicado na próxima segunda-feira (22) e que trará detalhes de como o Executivo pretende cumprir a meta de déficit zero neste ano.
O governo já havia anunciado um corte de R$ 25,9 bilhões para 2025 e deixou aberta a possibilidade de antecipar mais bloqueios para 2024. A nova contenção vem na esteira de dias de turbulência nos mercados, com agentes econômicos cautelosos quanto ao compromisso fiscal do governo.
Falas de membros do governo ao longo da semana, como do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, na quarta-feira e da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, na quinta, falharam em convencer o mercado de que o Executivo estaria concentrado na perseguição da meta fiscal.
O anúncio de Haddad também responde a meses de pedidos dos investidores por medidas concretas para o ajuste fiscal.
"O que mais tem trazido uma insegurança em relação à gestão de contas públicas tem sido a meta do déficit fiscal", destacou a sócia da Blue3 Investimentos, Bruna Centeno.
Análise gráfica do BB destacou que a antecipação do anúncio do valor total do bloqueio e contingenciamento do Orçamento para 2024 foi vista como positiva pelos agentes de mercado. "Porém, os investidores ainda aguardam o detalhamento das medidas para cortes de despesas do Orçamento de 2025", acrescentou.
O mercado ainda tinha no radar o apagão cibernético que atingiu sistemas ao redor do mundo no início da manhã desta sexta. A pane generalizada afetou bancos, companhias aéreas, emissoras de TV, supermercados, entre outros serviços.
Uma atualização de um produto oferecido pela empresa global de segurança cibernética CrowdStrike pareceu ser o gatilho, afetando clientes que usam o sistema operacional Windows, da Microsoft.
O problema foi corrigido, segundo a Microsoft, mas o impacto residual dos problemas de segurança cibernética continua afetando alguns aplicativos e serviços do Office 365.
Já o presidente-executivo da CrowdStrike afirmou estar trabalhando ativamente com os clientes afetados.
"Não se trata de um incidente de segurança ou ataque cibernético. O problema foi identificado, isolado e uma correção foi implementada", afirmou George Kurtz em um post na plataforma de mídia social X, acrescentando que os hosts Mac e Linux não foram afetados pelo problema.
As ações da CrowdStrike desabavam 11% na Bolsa de Nova York, e Microsoft perdia 0,70%.
"A conturbada abertura de hoje após o grande apagão tecnológico mostrou um dólar levemente menos pressionado diante do anúncio da contenção de R$ 15 bilhões em gastos para cumprimento do arcabouço fiscal", disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
O apagão não afetou os serviços ou a plataforma da Bolsa brasileira, de acordo com nota divulgada pela B3.
No exterior, o mercado acompanhava o desenrolar da campanha presidencial nos Estados Unidos, após discurso do presidenciável republicano Donald Trump e relatos de uma possível desistência do presidente norte-americano, o democrata Joe Biden, da disputa.
Biden, afastado das atividades após um diagnóstico de Covid-19, voltará à ativa na próxima semana, de acordo com o seu chefe de campanha, Jen O'Malley Dillon.
Já na cena corporativa, as ações da Sabesp tinham alta de 1,89% e eram as mais negociadas no pregão da B3, na estreia da emissão de papéis dentro do processo de privatização da companhia de saneamento.
Embraer subia 2,75%, em nova sessão de alta. A companhia informou ontem à noite que despachou 46 aviões dos segmentos comercial e executivo a clientes no segundo trimestre, um a menos que no mesmo período do ano passado. A carteira de pedidos, porém, encerrou junho em US$ 21,1 bilhões, 22% acima do registrado no final do primeiro semestre de 2023.
Vale perdia 0,57%, puxada pela queda do minério de ferro no exterior, e Petrobras rondava a estabilidade.
Na véspera, com os temores sobre o fiscal, o dólar fechou em alta firme de 1,90%, cotado a R$ 5,588, e a Bolsa caiu 1,39%, aos 127.652 pontos, com quase todas as empresas da carteira teórica do Ibovespa no negativo.
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