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Ministros de Lula: O que falta para definir os últimos nomes após escolha de Simone e Marina

Por Felipe Frazão
ESTADÃO

Presidente eleito discute como acomodar indicações do MDB, União Brasil e PSD a quatro dias da posse; há 16 pastas em aberto de um total de 37

BRASÍLIA - A quatro dias da posse, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva ainda não conseguiu destravar as negociações políticas para completar a equipe ministerial. Há 16 pastas sem confirmação oficial. Lula tenta equilibrar os interesses do PT, as demandas dos aliados e o descontentamento dos partidos que ainda não foram contemplados na Esplanada dos Ministérios.

O petista tem adiado anúncios formais dos novos nomes e mantido conversas reservadas com lideranças partidárias. Nos últimos dias, elas envolveram três dos maiores partidos que prometem dar sustentação ao governo no Congresso: MDB, PSD e União Brasil.

Nesta terça-feira, 27, o futuro ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) aceitou o convite para comandar o Planejamento. Após longo impasse para encaixar Simone na equipe, ela sinalizou positivamente para assumir um ministério de perfil econômico e menos político, mesmo sem ter sob sua alçada bancos públicos ou o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Simone e Lula se reuniram em Brasília, mas o dia de ontem terminou sem pronunciamento sobre o assunto.

Simone Tebet e Marina Silva participaram ativamente da campanha presidencial de Lula. 
Foto: Pedro Kirilos/ Estadão

“O detalhamento sobre a composição dos 16 ministérios está ainda em discussão com pessoas que o presidente quer convidar, dos vários segmentos, com as bancadas e partidos. Não tem nada definido em relação ao espaço que cada um possa ocupar”, disse Padilha.

O círculo mais próximo de Lula evita citar uma data específica para anúncios e afirma que a discussão com cada partido continua. Há intenção de atrair mais legendas do Centrão, que votaram a favor da pauta de Lula na reta final de 2022. O apoio será “reconhecido”, e interlocutores do presidente eleito garantem que a equipe estará completa para a posse em 1º de janeiro.

“Quero agradecer aos que votaram a favor da PEC do Bolsa Família e já sinalizaram interesse em participar e apoiar o governo, essa postura dos parlamentares está sendo considerada na montagem final do governo”, declarou Padilha.

Definido o destino de Tebet na Esplanada, o MDB já apresentou nomes ao presidente eleito, mas há debates internos na legenda sobre quem serão “seus ministros”, contemplando indicações das bancadas na Câmara e no Senado. Um deles será o ex-governador de Alagoas e senador eleito Renan Filho – mais cotado para assumir o Ministério dos Transportes.

Governo petista terá 14 pastas a mais que o de Bolsonaro

Bolsonaro (PL)

2019 - 2022

Lula (PT)

2023

ANUNCIADOS

COTADOS

Rui Costa

CASA CIVIL

CASA CIVIL

Alexandre

Padilha

Ciro Nogueira

RELAÇÕES INSTITUCIONAIS

Fernando

Haddad

ECONOMIA

FAZENDA

Paulo Guedes

Simone Tebet

PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO

Geraldo

Alckmin

INDÚSTRIA E COMÉRCIO

Esther Dweck

GESTÃO

Margareth

Menezes

TURISMO

CULTURA

Carlos Alberto G. de Brito

Marcelo Freixo

ou Renata Abreu

TURISMO

Márcio França

INFRAESTRUTURA

PORTOS E AEROPORTOS

Marcelo S. Cunha Filho

Renan Filho

TRANSPORTES

Carlos Fávaro

AGRICULTURA, PECUÁRIA

E ABASTECIMENTO

AGRICULTURA

Edegar Pretto ou

Miguel Rossetto

DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO

Marcos Montes Cordeiro

Altemir Gregolin

PESCA

Carlos Lupi

TRABALHO E PREVIDÊNCIA

PREVIDÊNCIA

Luiz Marinho

José Carlos Oliveira

TRABALHO

Wellington

Dias

CIDADANIA

DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Ronaldo Vieira Bento

Ana Moser

ESPORTES

Anielle Franco

MULHER, FAMÍLIA E

DIREITOS HUMANOS

IGUALDADE RACIAL

Cida Gonçalves

MULHERES

Cristiane Rodrigues Britto

DIREITOS HUMANOS

Sílvio Almeida

Sonia Guajajara

ou Joênia Wapixana

POVOS INDÍGENAS

Paulo Teixeira

COMUNICAÇÕES

COMUNICAÇÕES

Fábio Faria

SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO

Paulo Pimenta

CIÊNCIA, TECNOLOGIA

E INOVAÇÕES

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Luciana Santos

Paulo César R. de C. Alvim

Elmar Nascimento,

Professora Dorinha

ou Waldez Góes

INTEGRAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Daniel de O. D. Ferreira

Jader Filho ou

José Priante

CIDADES

DEFESA

DEFESA

José Múcio

Paulo Sérgio N. de Oliveira

Mauro Vieira

RELAÇÕES EXTERIORES

RELAÇÕES EXTERIORES

Carlos Alberto F. França

Camilo Santana

EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO

Victor Godoy

Alexandre

Silveira

MINAS E ENERGIA

MINAS E ENERGIA

Adolfo Sachsida

Vinícius Marques

de Carvalho

CONTROLADORIA-GERAL

DA UNIÃO

CONTROLADORIA-GERAL

DA UNIÃO

Wagner Rosário

Jorge Rodrigo

Araújo Messias

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

Bruno Bianco

SECRETARIA-GERAL DA

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

SECRETARIA-GERAL DA

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Márcio Macedo

Luiz Eduardo Ramos

NÃO EXISTIRÁ

SECRETARIA-GERAL DE

GOVERNO DA PRESIDÊNCIA

DA REPÚBLICA

Célio Faria Júnior

GABINETE DE

SEGURANÇA INSTITUCIONAL

GABINETE DE

SEGURANÇA INSTITUCIONAL

Gonçalves Dias

Augusto Heleno

Flávio Dino

JUSTIÇA E

SEGURANÇA PÚBLICA

JUSTIÇA E SEGURANÇA

PÚBLICA

Anderson Torres

Marina Silva

MEIO AMBIENTE

MEIO AMBIENTE

Joaquim A. Pereira Leite

Nísia Trindade

SAÚDE

SAÚDE

Marcelo Queiroga

Fonte
Governo Federal e Governo de Transição
O segundo, ligado aos deputados, deve ser o indicado para o Ministério das Cidades pelo MDB do Pará, que elegeu nove parlamentares. O clã Barbalho quer emplacar Jader Filho, com as bênçãos do governador Helder Barbalho, em vez de José Priante, nome mais forte na bancada.

Nessa disputa, o ex-presidente do Congresso Eunício Oliveira (CE) poderia voltar a ser ministro de Lula para solucionar o impasse, mas ele mesmo, que almeja a Integração Regional, sabe estar no fim da fila.

União Brasil

O ministério, no entanto, vem sendo negociado diretamente com o União Brasil, que reforçou o apoio ao nome do líder da bancada, Elmar Nascimento (BA). Ele era base do governo Bolsonaro e nome de oposição ao PT em seu Estado, mas vem negociando com o governo como indicado também do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Outro nome apresentado pela legenda é o da senadora eleita Professora Dorinha (TO). Ela teria agora mais apoio interno do que um terceiro indicado, com aval do ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP), o governador do Amapá Waldez Góes (PDT).

Elmar Nascimento fez oposição ao PT na Bahia, mas pode acabar ministro.
 Foto: Wilton Júnior/ Estadão - 20/02/2022

O PSD tinha três nomes ministeriáveis. O senador Carlos Fávaro (MT), provável titular da Agricultura, conforme mostrou o Estadão, é o mais consolidado. O senador Alexandre Silveira (MG), em fim de mandato, pode ser opção para Minas e Energia, com apoio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), aliado de Lula. A bancada da Câmara havia indicado o deputado Pedro Paulo (RJ), amigo do prefeito do Rio Eduardo Paes, um dos fiadores de seu nome.

Pedro Paulo poderia assumir o Turismo, mas enfrenta resistências e teria sido vetado, segundo líderes do PSD, por causa de uma denúncia de agressão contra a ex-mulher. O deputado nega o crime, e o caso foi arquivado no Supremo. Até a futura primeira-dama Janja da Silva teria se desagradado com a sugestão.

A Rede Sustentabilidade deve ser contemplada com o Ministério do Meio Ambiente, cujo nome escolhido é o da ex-ministra Marina Silva. A ideia de conselheiros de Lula é que ela abrigasse nomes do PV, que também reclama ter sido preterido. Marina recusou assumir a posição nova sugerida por ela mesma de Autoridade Nacional de Segurança Climática, por entender que o cargo deve ser exercido por alguém com perfil técnico. Interlocutores de Lula dizem que não faria sentido Mariana, deputada eleita por São Paulo, licenciar-se da Câmara para assumir um cargo sem status de ministra.

Lideranças do Avante, por exemplo, disseram que Lula havia prometido um tratamento melhor à legenda, pelo fato de ter retirado a pré-candidatura a presidente do deputado André Janones (MG), que fez parte da guerrilha digital pró-Lula contra o bolsonarismo. O Avante pleiteava a nomeação do deputado Luis Tibé (MG), presidente da legenda, para o Ministério do Turismo. O Solidariedade também reclama espaços, mas deve ficar no segundo escalão, em postos ligados ao Ministério do Trabalho, cujo chefe será o petista Luiz Marinho. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, é cotado para assumir a Previdência, mas a sigla resiste em aceitar a proposta.

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