Rombo em bancos europeus é de € 24 bilhões


Seis anos depois da eclosão da crise financeira global e depois de receber mais de € 500 bilhões em ajuda, o sistema bancário europeu ainda não tapou seus buracos e continua fracassando em ser o motor da recuperação da União Europeia. Ontem, a avaliação do Banco Central Europeu sobre a saúde do sistema financeiro revelou que, dos 130 maiores bancos do continente, 25 instituições não passaram no teste de solvência e que o buraco nas contas chega a € 24,3 bilhões.

O BCE ainda alertou que os bancos têm sido “generosos demais” na classificação do que eles autodenominam como empréstimos de alto risco. No total, o BCE indicou que a exposição de bancos europeus a situações delicadas chegam a € 136 bilhões.

No total, os bancos europeus teriam de encontrar € 263 bilhões para estar em uma situação confortável para enfrentar uma eventual nova crise financeira e recessão mundial, ou um estouro de alguma bolha.

O teste realizado neste ano é uma tentativa do BCE em mostrar que está mais rigoroso e que quer garantias de que os bancos estão prontos para enfrentar eventuais novas crises. Em 2010 e 2011, outros exames foram realizados. Mas, sem rigor, instituições que haviam sido aprovadas no exame acabaram quebrando meses depois.

Para o atual teste, o que foi considerado são as contas de 2013. Desde então, alguns dos bancos citados indicaram que já reforçaram seu capital e que, na realidade, apenas € 9,5 bilhões estariam faltando.

Italianos.

Os piores resultados dentro do teste promovido pelo BCE são dos bancos italianos. Nove deles teriam fracassado na prova de solvência, somando um déficit de € 9,6 bilhões. O pior deles seria o Monte dei Paschi - no qual o brasileiro BTG adquiriu este ano uma participação de 2% -, com um buraco de € 2,1 bilhões. Uma surpresa foi o resultado negativo do alemão Commerzbank.

Na lista dos bancos que não foram aprovados estão também três gregos, três do Chipre, dois da Bélgica e da Eslovênia, além de mais um alemão, um francês, um austríaco, um irlandês e um português.

Apesar de o buraco estar dentro das previsões dos analistas, a revelação de que um quinto dos grandes bancos não tinham capital suficiente para enfrentar uma nova crise mostrou a fragilidade de uma economia que tenta voltar a crescer.

Treze bancos não conseguiram alavancar capital suficiente em 2013 e precisarão indicar ao BCE como farão para acumular € 9 bilhões nas próximas duas semanas. Desses, quatro são italianos e dois gregos.

Os dados são resultado do terceiro teste de estresse realizado na UE desde a eclosão da crise. O exercício tem como meta evitar que uma eventual nova crise volte a jogar instituições à beira da falência, obrigando governos e o dinheiro público a sair ao resgate.

No cenário desenhado pelo exame, o capital dos bancos da Eslovênia seria reduzido em 15%, ante 10% no caso de gregos e cipriotas.

Bancos italianos teriam perdas de € 35,5 bilhões, em uma eventual nova crise, ante € 30,8 bilhões de franceses e € 27 bilhões entre os alemães. Entre os 130 bancos europeus, as perdas atingiriam € 263 bilhões.

Um quarto do ajuste recomendado - o equivalente a cerca de € 12 bilhões - terá de ser feito por bancos italianos.

O Banco Central da Itália, porém, revelou um resultado diferente dos dados apresentados pelo Banco Central Europeu. De acordo com a entidade, apenas dois bancos foram reprovados, o Monte dei Paschi di Siena e o Carige.

“O resultado confirma a solidez do sistema bancário italiano, apesar dos choques dos últimos seis anos, da crise financeira, da crise da dívida soberana e da dupla recessão”, declarou o Banco da Itália.

BTG tem fatia do Monte dei Paschi

Desde o início deste ano, o banco mais antigo do mundo conta com uma participação brasileira. Em março, o italiano Monte dei Paschi anunciou ter vendido uma participação de 2% ao BTG Pactual, banco comandado por André Esteves. Na mesma operação, a gestora de recursos Fintech Advisory, do mexicano David Martinez, ficou com uma fatia de 4,5% da instituição.

O Monte dei Paschi di Siena foi fundado em 1472 e é considerado o mais antigo banco do mundo em atividade. Mas não atravessa um bom momento. Em junho, já havia admitido que poderia precisar de mais capital para fortalecer seu balanço se os testes do BCE exigissem mais provisões para possíveis perdas com empréstimos de má qualidade, segundo prospecto que constava em uma emissão de ações.

Fonte: Estadão

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