RAIZ4 e SMTO3 sobem com imposto menor sobre etanol do que gasolina

PETR4 vive efeito positivo do “remédio amargo” e avança 0,69% apesar da queda do petróleo.

Por Tássia Kastner
Revista VC S/A


Ninguém gosta de pagar impostos. Mas a decisão do governo Lula de reonerar combustíveis trouxe alguns vitoriosos para o mercado. Raízen e São Martinho lideraram as altas em um dia que o Ibovespa terminou praticamente estável: -0,08%. Vale dizer que foi um dia mais fraco para os negócios: a B3 movimentou R$ 17 bilhões, ante média de R$ 25 bi deste começo de ano.

O que se sabe sobre a reoneração até o momento é o seguinte: os impostos sobre gasolina e etanol voltam a ser cobrados em 1º de março, desfazendo a medida eleitoreira de Bolsonaro, que quis baixar o preço dos combustíveis na bomba para tentar arrebanhar alguns votos. Ainda sob discussão estão as alíquotas. O que o Ministério da Fazenda afirmou é que o plano passa por cobrar menos do etanol e mais sob a gasolina.

Taxar combustíveis é um jeito que governos têm de tentar desincentivar o uso de carros particulares em prol de transporte público. E cobrar mais impostos de gasolina funciona como um empurrão rumo ao etanol, que tem origem renovável e é menos poluente.

Daí por que Raízen (RAIZ4) e São Martinho (SMTO3) dispararam. A iniciativa mostrou que o governo petista pode voltar a incentivar o uso de combustíveis verde. Tradicionalmente isso é feito com a Cide, uma contribuição que incide apenas sob a gasolina – uma espécie de punição para compensar os efeitos ruins do combustível ao país.

Sem a Cide, que também está zerada, o etanol perde competitividade e as vendas caem, afetando empresas que investiram na produção do combustível renovável. A Raízen protagonizou o maior IPO da bolsa em 2021 e investe na produção do etanol de segunda geração, produzido a partir do bagaço da cana-de-açúcar. Mas vinha passando por maus momentos na bolsa, com saída de acionistas. A notícia alavancou a alta de 5,54% da empresa. A São Martinho ganhou 5,32%.

O fiscal

A taxação ajuda no equilíbrio das contas públicas. Quando decidiu isentar combustíveis, o governo abriu mão de mais de R$ 50 bilhões no Orçamento de 2023, que seria executado já sob o novo governo. 

Ou seja, deixou a nova gestão com uma bomba a ser equilibrada.

A reoneração dos combustíveis virou uma espécie de termômetro do quão pró-mercado o novo governo seria. Já na virada do ano, houve uma prorrogação da isenção, um esforço de evitar aumento de impostos junto com o começo do governo – a bomba perfeita para arruinar instantaneamente a popularidade de quem está chegando.

Havia ainda a discussão sobre os planos do governo de usar a Petrobras para controlar preços dos combustíveis. No fim, a decisão de reonerar a gasolina foi vista como “pró-mercado” nesta segunda, e as ações PETR4 subiram 0,69%. A alta foi 100% brasileira, já que o petróleo voltou a cair no mercado internacional. Mas foi contida pela notícia de que a estatal e o governo seguem em negociações que suavize a alta de preços dos combustíveis.

Ou seja, não foi uma notícia boa o suficiente para segurar a bolsa brasileira no positivo. O Ibovespa até virou para a alta ao longo da tarde, mas foi fogo de palha. Das 88 ações do Ibov, 48 recuaram. A ver quais serão as cenas dos próximos capítulos. 

Até amanhã.

Maiores altas
Raízen (RAIZ4): 5,54%
São Martinho (SMTO3): 5,32%
Alpargatas (ALPA4): 3,50%
Ezetec (EZTC3): 2,70%
Marfrig (MRFG3): 2,22%

Maiores baixas
CVC (CVCB3): -4,12%
Hapvida (HAPV3): -4,21%
Qualicorp (QUAL3): -3,67%
Petz (PETZ3): -3,32%
Azul (AZUL4): -2,89%

Ibovespa: -0,08%, a 105.711 pontos

Nova York
Dow Jones: 0,22%, a 32.889 pontos
S&P 500: 0,31%, a 3.982 pontos
Nasdaq: 0,63%, 11.467 pontos

Dólar: 0,16%, a R$ 5,2072

Petróleo
Brent: -0,94%, a US$ 82,04
WTI: -0,84%, a US$ 75,68

Minério de ferro: -2,53%, a US$ 127,19 por tonelada na bolsa de Dalian, na China

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