Trump é condenado por fraude

REUTERS/Marco Bello

Revista Meio

Pela primeira vez na História dos Estados Unidos, um ex-presidente é alvo de uma condenação criminal. No início da noite de ontem, um júri de Nova York considerou Donald Trump culpado de 34 acusações envolvendo fraude fiscal e falsificação de documentos para encobrir o pagamento de suborno à atriz pornô Stormy Daniels durante a campanha presidencial de 2016, a fim de que ela não revelasse ter sido sua amante. A sentença será anunciada pelo juiz Juan Merchan em 11 de julho, apenas quatro dias antes da convenção do Partido Republicano que deve confirmar a candidatura presidencial de Trump. Enquanto o veredito era lido pelo presidente do júri, diversos jurados mantiveram os olhos baixos, o que motivou os advogados do ex-presidente a pedirem ao juiz que cada jurado confirmasse individualmente o resultado. Sob o olhar direto do réu, porém, todos reafirmam a decisão. (CNN)

Em entrevista ao canal conservador FoxNews, Todd Blanche, advogado de Trump anunciou que vai recorrer do veredito, alegando que o ex-presidente não teve um julgamento justo e repetindo as insinuações de que o juiz Merchan tem posicionamentos políticos que o desqualificariam para presidir o caso. (AP)

Ao deixar o tribunal acompanhado dos advogados e do filho Eric, Trump falou rapidamente, classificando o veredito como “uma vergonha, um julgamento armado” e dizendo que pretende “lutar até o fim” contra a condenação. “Isto está longe de acabar”, afirmou, antes de embarcar em um carro acompanhado de seguranças. Tão logo o veredito foi lido, a campanha de Trump disparou nas redes uma postagem onde ele se declara um prisioneiro político, reafirma a própria inocência e pede doações para “continuar lutando”. Já a campanha de Joe Biden disse que o julgamento mostra que “ninguém está acima da lei”, mas lembrou que, mesmo condenado, ele deve ser confirmado candidato republicano às eleições de novembro. “Só há uma forma de manter Donald Trump longe do Salão Oval: as urnas”, publicou o porta-voz da campanha democrata. (BBC)

De fato, ter sido condenado não impede Donald Trump de concorrer novamente à Casa Branca ou mesmo, se eleito, tomar posse em janeiro do ano que vem. A Constituição dos EUA não impõe qualquer restrição a candidaturas à presidência, exceto a necessidade de o postulante ser maior de 35 anos, ter nascido no país e lá vivido por pelo menos 14 anos. Não será a primeira vez, aliás, que um condenado concorre ao mais alto cargo dos EUA, embora seja o primeiro com chances reais de vencer. (Politico)

Para ler com calma. A sentença de Trump só será conhecida no dia 11 de julho, mas as diversas possibilidades – de multa a encarceramento – já levantam dúvidas sobre como lidar com um presidente/candidato condenado. Em prisão domiciliar ou com uma tornozeleira eletrônica, ele poderá viajar para eventos de campanha? Se for para a prisão, continuará a ter agentes do Serviço Secreto fazendo sua segurança, direito de todos os ex-presidentes? (Washington Post)

E, como não poderia deixar de ser, os memes tomaram conta das redes. (Indy100)

Frank Bruni: “Trump passou muito de sua vida e toda sua carreira política se preparando para um momento como o atual. Construindo cuidadosamente e repetindo incessantemente a narrativa de que forças querem derrubá-lo, que usarão qualquer truque para isso e que acusações delas não devem ser ouvidas. Aos olhos de muitos eleitores, este processo prova a perseguição e é mais uma razão para que ele [Trump] e eles sigam em frente.” (New York Times)

Sandra Cohen: “A condenação, a cinco meses das eleições, passa a ditar o ritmo da campanha. Espera-se, até lá, que o ex-presidente e seus aliados intensifiquem o trabalho para semear dúvidas sobre a condenação e usar a narrativa de vitimização. E que Joe Biden fixe, por repetição, a marca de condenado em Trump. As pesquisas sugerem que o veredito inédito terá pouca influência no voto do eleitor-raiz de Trump; dificilmente, ele mudará de ideia. Mas numa eleição disputada como esta, o rótulo de criminoso deverá pesar entre os indecisos.” (g1)

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