TSE rebate 20 falas do presidente a embaixadores; veja quais são

Após chefe do Executivo voltar a repetir a tese, sem provas, de supostas fraudes no sistema eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral rebateu vinte alegações feitas pelo presidente, ressaltando diversos conteúdos produzidos pela Secretaria de Comunicação e Multimídia da corte - alguns deles elaborados já em 2018 - que desmontam a narrativa de Bolsonaro

Pepita Ortega
Do Estadão

Sede do Tribunal Superior Eleitoral. Foto: Tribunal Superior Eleitoral

O Tribunal Superior Eleitoral divulgou na tarde desta segunda-feira, 18, uma lista rebatendo vinte alegações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro durante reunião com embaixadores estrangeiros, ocasião em que o chefe do Executivo voltou a repetir a tese, sem provas, de supostas fraudes no sistema eleitoral. O TSE listou uma série de mais de 20 conteúdos produzidos pela Secretaria de Comunicação e Multimídia da corte que desmontam a narrativa do chefe do Executivo.

A maioria das alegações sem provas feitas por Bolsonaro tem relação com as urnas eletrônicas – atacadas pelo chefe do Executivo desde a campanha que o alçou ao Palácio do Planalto. Veja aqui a checagem feita pelo Estadão Verifica.

Entre as declarações rebatidas pelo TSE está a de que um hacker ‘teve acesso a tudo dentro’ da corte eleitoral. A narrativa é desmentida há anos – como mostrou o Estadão em 2020, houve uma tentativa de invasão ao sistemas internos da corte, mas o ataque foi neutralizado e não afetou o sistema de totalização dos votos e, muito menos, o sistema das urnas eletrônicas, que não funcionam em rede.

Dentro da mesma seara, a Justiça Eleitoral também teve de desmontar, mais uma vez, a alegação de que o ‘hacker’ mencionado pelo presidente conseguia ‘excluir nomes de candidatos’. Em julho de 2021, quando produziu um conteúdo para desmentir a alegação – mais uma vez, sem provas – a corte eleitoral ressaltou que, em nenhum momento as urnas eletrônicas são conectadas à internet, sendo que ‘o dispositivo funciona de maneira isolada e sequer realiza a transmissão dos resultados da votação’, que ainda podem ser conferidos logo após o término da eleição, com a impressão do Boletim de Urna.

A corte eleitoral também rebateu ataques feitos pelo presidente ao ex-presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, ao atual chefe da corte, Edson Fachin. Com relação ao primeiro, o chefe do Executivo disse que foi acusado de vazar inquérito sigiloso da Polícia Federal, mas que, segundo ele, não era sigiloso. A investigação em questão apurou a tentativa de ataque ao sistemas internos do TSE e foi distorcida pelo chefe do Executivo para alegar as supostas fraudes nas urnas eletrônicas. A conduta colocou Bolsonaro na mira de mais uma investigação do Supremo Tribunal Federal.

O TSE frisou que a Corregedoria da Polícia Federal disse que o inquérito era sigiloso pelo fato de ainda estar aberto. Além disso, durante as investigações sobre a conduta de Bolsonaro, a corporação viu ‘atuação direta, voluntária e consciente’ do presidente Jair Bolsonaro na prática do crime de violação de sigilo funcional. A Procuradoria-Geral da República pediu o arquivamento do inquérito. O ministro Alexandre de Moraes, relator, deu mais prazo para a PF concluir relatórios pendentes no âmbito das apurações. A investigação segue em tramitação.

Já quanto a Fachin, a corte eleitoral rechaçou a alegação de que o ministro ‘resolveu tornar’ o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elegível. A decisão que restabeleceu os direitos políticos do petista foi a que reconheceu a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar as ações contra o ex-mandatário, tendo sido confirmada pelo STF. Ao comentar a alegação, o TSE afirmou que, na semana anterior a que o ministro Fachin proferiu a decisão que derrubou as condenações de Lula, ‘foi aplicado o mesmo entendimento para deslocar a competência de uma investigação relacionada à Transpetro’.

Veja as respostas do TSE

Alegação 1: ‘Apenas dois países do mundo usam sistema semelhante ao brasileiro’


Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=tkxvL281gZI

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=EKXCc_IM4ow

Alegação 2: ‘Hacker teve acesso a tudo dentro do TSE’




Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ygZqOCMQ5go

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=JQOTn2vI8bY

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Xz18LqWfL7A

Alegação 3: ‘Hacker poderia excluir nomes de candidatos’


Alegação 4: ‘Logs foram apagados’


Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=irHX3VRhzIc

Alegação 5: ‘PSDB disse que sistema é inauditável’


Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=vNDkkAUtbSo

Alegação 6: ‘TSE não imprime voto mesmo com recomendação da Polícia Federal’


Alegação 7: ‘Observadores internacionais não conseguirão analisar a integridade do sistema, pois não há voto impresso’

Esclarecimento: Organismos internacionais especializados em observação, como OEA e IFES, já iniciaram análise técnica sobre a urna eletrônica. Contarão com peritos em informática, com acesso ao código-fonte e todos os elementos necessários para avaliarem a transparência e integridade do sistema eletrônico de votação.


Alegação 8: ‘Ministro Fachin resolveu tornar Lula elegível’

Esclarecimento: O ministro Luiz Edson Fachin ficou vencido no tema da execução da pena após a condenação em segunda instância e na competência da justiça eleitoral para julgar as ações oriundas de grandes esquemas de corrupção. Vencido, no entanto, não se furtou em aplicar a posição consolidada pelo Plenário. Sobre o tema do habeas corpus do ex-Presidente, na semana anterior a que o ministro Fachin proferiu a decisão, foi aplicado o mesmo entendimento para deslocar a competência de uma investigação relacionada à Transpetro.

Alegação 9: ‘Ministro Barroso indevidamente acusou Bolsonaro de vazar inquérito sigiloso, quando ele não era sigiloso’

Esclarecimento: Corregedoria da PF disse que o inquérito era sigiloso pelo fato de ainda estar aberto.

Alegação 10: É uma empresa terceirizada que conta os votos

Esclarecimento: ‘O sistema de totalização é feito no TSE e é apresentado às entidades fiscalizadoras com um ano de antecedência bem como é lacrado em cerimônia pública’


Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=fMskS7kQ6lg

Alegação 11: ‘Ministro Fachin diz que auditoria não serve para questionar resultados’

Esclarecimento: Frase retirada de contexto.

Alegação 12: ‘O Ministro Fachin foi advogado do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra)’

Esclarecimento: O ministro Luiz Edson Fachin nunca foi advogado do MST.

Alegação 13: ‘O próprio TSE disse que em 2018 números podem ter sido alterados’

Esclarecimento: O TSE nunca emitiu tal informação.

Alegação 14: ‘TSE não acolheu as sugestões das Forças Armadas’





Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=1LyUxKYoD4g

Alegação 15: ‘Inconstitucionalidade do voto impresso’



Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=oA4Dl0uVwow&feature=youtu.be

Alegação 16: ‘Supercomputador’


Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=fMskS7kQ6lg

Alegação 17: ‘Urna autocompleta voto’


Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=gi5eb-6s3aY

Alegação 18: ‘Transparência do voto’


Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=p8F8OGsFoiA

Alegação 19: ‘Confiabilidade do sistema eleitoral’



Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=29KreyAKRcM&feature=youtu.be

Alegação 20: ‘A Polícia Federal disse que o TSE é um queijo suíço, como uma peneira’

Esclarecimento: A Justiça Eleitoral não tem conhecimento de tal afirmação feita pela Polícia Federal.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Em novo caso de nudez, corredora sai pelada em Porto Alegre

'Chocante é o apoio à tortura de quem furta chocolate', diz advogado que acompanha jovem chicoteado

Foragido que fez cirurgia e mudou de identidade é preso comprando casa na praia