Bolsonaro faz 'apelo' e Guedes pede a supermercadistas que reajuste dos preços só seja feito em 2023

Ministro da Economia, que busca reduzir a inflação para favorecer Bolsonaro na eleição, diz a empresários que é preciso quebrar a cadeia inflacionária: 'Estamos em hora decisiva para o Brasil'

Da Redação, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu a empresários do setor de supermercados que só corrijam os preços dos produtos em 2023. A inflação é uma das principais preocupações da campanha do presidente Jair Bolsonaro à reeleição.

"É hora de dar um freio nos preços. Empresários precisam entender que temos que quebrar a cadeia inflacionária. Estamos em hora decisiva para o Brasil. Nova tabela de preços só em 2023. Trava os preços, vamos parar de aumentar os preços", disse Guedes, ao participar do Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

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“Vamos dar pequena trégua de preços, confiar no Brasil, apertar o cinto. O Brasil andou mais rápido em políticas monetária e fiscal. A inflação é mundial e nunca foi culpa do nosso governo. Vocês (empresários) devem conversar com fornecedores. Precisamos estar juntos em trégua de preços para quebrar espiral inflacionária”, insistiu Guedes, oriundo da Escola de Chicago, celeiro de ideias capitais liberais.

De Los Angeles, nos EUA, para onde viajou em razão da Cúpula das Américas, o presidente Jair Bolsonaro também participou do evento. Ele fez um "apelo" e voltou a pedir ao setor que reduza os lucros para que os preços dos produtos da cesta básica possam cair.

"Nós devemos em momentos difíceis como esses, entendo, todos nós colaborarmos. Então o apelo que eu faço aos senhores, para toda a cadeia produtiva, para que os produtos da cesta básica, cada um obtenha o menor lucro possível para a gente poder dar uma satisfação a uma parte considerável da população, em especial os mais humildes", afirmou o presidente.

Não é a primeira vez. Bolsonaro já tinha cobrado "patriotismo" dos supermercadistas em outra ocasião. O ex-presidente José Sarney (1985-1990) criou a figura dos "fiscais do Sarney". A principal inimiga a ser fiscalizada era a inflação. Foi atribuída aos brasileiros a tarefa de fiscalizar os preços que estavam sendo praticados no comércio, especialmente nos supermercados.

Hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o IPCA, inflação oficial, desacelerou para 0,47% em maio, após alta de 1,06% em abril. O acumulado em 12 meses é de 11,73%.

Paulo Guedes; 'É hora de dar um freio nos preços' Foto: Adriano Machado/Reuters - 06/06/2022

Reajuste

Guedes também afirmou que os servidores públicos não terão reajuste salarial em 2022, mas devem ser contemplados com aumentos em 2023. “O governo federal não conseguiu dar aumento para funcionalismo, mas reduziu impostos. O funcionalismo está entendendo que terá aumento para todo mundo ali na frente”, disse.

Esta semana, o presidente Jair Bolsonaro já tinha dito que, "pelo que tudo indica", não haverá reajuste para servidores públicos neste ano. No entanto, ele próprio, já tinha acenando com um aumento de 5% para todo o funcionalismo, ao custo de R$ 6,3 bilhões.

Sem definição do presidente sobre o reajuste do salário do funcionalismo público, o governo preservou emendas parlamentares e fez ontem um bloqueio efetivo de R$ 7 bilhões das despesas do Orçamento deste ano, menor do que o anunciado no final de maio.

Para diminuir o tamanho do corte faltando poucos meses para as eleições, o governo acabou usando a reserva de R$ 1,7 bilhão que o Orçamento tinha para o reajuste do salário das policias Federal, Rodoviária Federal e agentes penitenciários. Essa verba foi aprovada pelo Congresso na votação da lei orçamentária.

O impasse em torno do reajuste para essas três categorias e um aumento de 5% para todo o funcionalismo, no entanto, continua com várias carreiras do governo federal em greve ou fazendo movimentos de paralisação.

ICMS

Guedes ainda cobrou os governadores a "botar a mão no bolso" e a "darem uma contribuição para o Brasil".

"Será que eles não podem ajudar o Brasil um pouco? Será que eles não podem ceder dos R$ 180 bilhões em caixa que eles têm hoje? Será que eles não podem emprestar um terço? Não podem adiantar um terço? Ninguém está tirando dinheiro deles. Na verdade, é o aumento de arrecadação, eles estão tendo um aumento de arrecadação brutal. Nós estamos pedindo que, em vez de ficar com esse dinheiro todo para eles, em vez de ajudar só o funcionalismo deles, olha o sacrifício que o governo federal está passando", declarou.

Como mostrou o Estadão, a proposta para limitar a cobrança do ICMS em 17% para combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte pode significar uma redução à metade da alíquota do tributo em alguns Estados.

Governadores que estiveram ontem em Brasília para desidratar o impacto da desoneração saíram com o sentimento de que os parlamentares vão “passar o trator” e aprovar o projeto sem mudanças, segundo apurou a reportagem. Não haverá outra saída a não ser buscar a judicialização, afirmam os negociadores ao Estadão na condição de anonimato.

Se por um lado as alíquotas elevadas colocam em xeque a carga tributária muito elevada praticada pelos Estados, que abriu espaço para a expansão de gastos, por outro a queda abrupta traz riscos fiscais para o financiamento de políticas públicas no futuro, já que o teto de 17% será permanente. / COM BROADCAST

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