Palavas que edificam
Por mais de uma década trabalhei
com adolescentes da minha igreja (Assembleia de Deus em Pernambuco), eram
meninos e meninas da idade entre 12 a 18 anos. Vivenciei momentos únicos com os
mesmos e, estando na liderança, pude observar o quanto são atuantes e curiosos por
aprenderem a Palavra de Deus e envolverem-se profundamente na obra do Mestre.
Fforam muitas as experiências vividas
por mim com aquelas vidas, vidas tão cheias de entusiasmo e coragem, vez por
outra haviam obstáculos a enfrentar, mas Deus nos dava estratégias para
lidarmos com cada situação que surgia. Sabemos que em todas as gerações uma das
fases mais difíceis do ser humano é a adolescência, uma fase de transição entre
a idade infantil para a fase adulta. É o
adulto sendo formado. Quem trabalha ou tem filhos adolescentes sabe o quão necessário
é uma atenção redobrada para com eles e,
se descuidarmos um pouco que seja , corremos o risco de perde-los.
Na Bíblia encontramos uma passagem que me chama a
atenção: Jesus é deixado para trás, está registrado este fato no Evangelho
segundo escreveu o doutor Lucas no capítulo 2 e versículos 39 a 52 . Então
Jesus é deixado para trás. Quanto jovens e adolescentes ficam literalmente para
trás, escolhem os últimos bancos, dos
quais podem escapar sutilmente para fora do templo. Jesus ficou para trás,
porque naquela época era costume as mulheres saírem antes do fim das
festividades, para adiantar o caminho com as crianças menores, os homens e os
adolescentes, por sua vez, vinham depois quando já
havia terminado a festa, creio que Maria pensou: “ Ele já é um
homenzinho, pode ficar com o pai”, e José por sua vez, deve ter pensado: “Ele ainda é
pequeno, deve estar com a mãe . Cada um vê de uma forma diferente o filho.
Para Maria, Jesus já estava na
idade de andar com os homens. Vejam que interessante, segundo a língua hebraica,
há várias etapas que a criança atravessa, até desenvolver-se e chegar a
maturidade. A palavra “Naar”, que
significa mocidade, é a fase da criança dos dez aos treze anos , é a idade de
libertação, o menino precisa estudar as
leis criminais e civis (as quais Jesus discorriam fluentemente) , as leis da
purificação (educação sexual) , as leis da agricultura e também aprender uma profissão, o ofício do
pai e ainda sobre os sacrifícios para perdão dos pecados (religioso). Para
José, Jesus ainda era pequeno e devia estar com a mãe. Podemos aprender muito com esse casal. Que tratamento
devemos dar a nossos filhos nessa idade? Com certeza amados, tem de haver
comunicação, acordos, diálogos entre o casal, deve haver um planejamento entre
ambos como lidar os privilégios e as responsabilidades do adolescente. Muitas
vezes as famílias pensam que os filhos estão com eles e prosseguem no caminho.
Se não houver diálogo entre marido e mulher , pais e filhos, como irão
saber o que pensa cada membro da
família? José e Maria , quando deram por falta do filho, começaram a perguntar
por ele entre os parentes e conhecidos.
Em nossos dias as famílias estão
muito ocupadas em tantas coisas, e tem deixado com parentes e amigos seus
filhos adolescentes, muitos pais também tem deixado para a escola a responsabilidade de exercer a maior
influencia na vida deles.
Escola, cursos e atividades,
celular, tem tomado a maior parte do tempo dos jovens e os pais não sabem que
tipo de influencia eles estão recebendo. Temos que aprender com o exemplo de
Maria e José . Eles andaram de volta, todo o caminho, tiveram de voltar ao
lugar onde o tinham visto pela ultima vez. Temos que nos perguntar: Quando vimos nosso
filhos pela última vez? Realmente os vimos? Quando paramos para conversarmos
com eles? Quanto tempo faz? Com quem eles estavam?
José e Maria voltaram a Jerusalém,
uma grande cidade onde havia ocorrido uma celebração que durara vários dias , a
cidade estava cheia. Havia muitos adolescentes pelas ruas. Se esta cena ocorresse
em nossos dias, onde encontraríamos um adolescente? Como o distinguiríamos entre tantos outros, se todos vestiam iguais? Posso imaginar a
angústia daquele casal, procurando um menino de doze anos de idade na Jerusalém
daquela época. Alguns adolescentes, em nossos dias, estão perdidos de seus pais
em vários lugares: Nos shoppings, nas praças, nos sites. Meninos e meninas estão perdendo completamente a identidade familiar e o hábito de andar com seus pais.
Deus te livre de tal coisa, mas
se você perder teu adolescente sabe onde encontra-lo? Você conhece bem o
lugar que teu filho frequenta?
Será que o incidente provocou algum
tipo de tensão entre o casal? A bíblia não fala a respeito disso, mas suponho que sim. Você sabia que
muitas tensões conjugais tem a ver com
os filhos? Aquele casal não era diferente de todos nós, com certeza tinham os
mesmos problemas e lutas. Tiveram que parar um pouco e analisar o que aconteceu.
Talvez confiaram demais no filho por ser ele muito obediente, um bom garoto.
José e Maria voltaram e foram procura-lo. Infelizmente muitos pais estão sem os filhos na igreja ,
perderam-nos de vista, há muito tempo. Deus queira que estejam em Jerusalém
(lugar de adoração e culto a Deus).
Quando o encontraram no templo,
Maria tão humana quanto todas as mães, disse: Filho, porque fizestes assim
conosco? Teu pai e eu procurávamos ansiosos por você.
Temos a tendência de culpar nossos
filhos por se afastarem de nós e de nossa igreja. Precisamos nos lembrar que é
nossa responsabilidade assegurar que eles estão conosco, que suas necessidades
estão sendo supridas . Jesus naqueles três dias em que ficou sozinho em
Jerusalém, revelou seu destino em Deus ,
demonstrando que veio à Terra para tratar dos negócios do Pai.
Possamos nós, os pais desta
geração, aprender com José e Maria a sermos pais dedicados, comprometidos com
nossos filhos , com o mais elevado de Deus para suas vidas, sem jamais deixa-los
pra trás, Onde estariam longe de alcançarem aquilo para o qual Deus os criou. Deus
os entregou em nossas mãos.
*Sonia Gomes de Araújo Clemente é membro da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Ponta Porã.
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