Enquanto projetos como o Recife 500 não se concretizam, pernambucanos buscam alternativas para qualidade vida na modernidade


Há cerca de um mês foi lançado o projeto Recife 500 Anos, proposição que aponta 62 diretrizes de desenvolvimento sustentável, a ser implementado na cidade até 2037, fruto de escutas coletadas com cinco mil pessoas desde 2015. Esse processo fomentou esse documento, gerado e disponibilizado na internet,  com um conjunto de ideias, sugestões e análises técnicas a serem implementadas até a data limite para a conclusão do programa, que prevê reestruturação nas áreas de educação, planejamento urbano, infraestrutura, saúde, meio ambiente e qualidade de vida. Um conceito discutido neste quesito, por exemplo, é o da "cidade-parque" que visa manter, implementar e regulamentar as unidades de conservação no Recife, bem como ampliar e melhorar a distribuição da cobertura vegetal. “No aspecto urbano as cidades tem sido alvo de transformações importantes: sistemas de transportes, redução das áreas úteis habitacionais (apartamentos minúsculos), escritórios coletivos, home offices, entre outros. Essa mudança no comportamento associado à logística do dia-a-dia, violência urbana, custos e investimentos são aspectos importantes para percepção da dinâmica das grandes cidades nos dias de hoje”, comenta o consultor e arquiteto Anderson Aragão, especialista em Acessibilidade, Planejamento de Transportes e Desenvolvimento Urbano.

De acordo com o profissional com larga atuação em requalificação de espaços urbanos, na busca pela qualidade de vida, existe um movimento sutil, mas progressivo de pessoas que estão buscando áreas que lhe proporcionem melhores condições e qualidade de vida. “São áreas em que se identificam com a necessidade de vida e diante da realidade do mundo moderno. Desta forma, aquelas pessoas que buscam outro estilo de vida, vislumbram em áreas como Aldeia, como uma opção, porque é como morar no campo, mas bem perto. Uma realidade que teriam talvez em Chã Grande, Gravatá e até regiões da Serra”, comenta. E, de fato, localizada a 40 minutos de Recife, Aldeia é um cenário que está muito mais perto do que se possa imaginar do conceito de paz, tranquilidade, sombra e água fresca. O verde impera em seu entorno e se quebra apenas pela sinuosa estrada (PE-27), que corta este bairro nobre do município de Camaragibe, é sinônimo de relaxamento e que hoje se adapta cada vez mais com a realidade de outros bairros do Grande Recife em termos de infraestrutura geral de equipamentos e serviços.

Com isso, os atrativos naturais que atraíram tantos residentes em busca de um clima ameno e da fuga do estresse do dia a dia possibilita maior conforto aos seus moradores e melhores possibilidades de atendimento de moradias, que em sua maioria se encontram em condomínios. “O mercado de Aldeia é onde se busca qualidade de vida porque os condomínios e os terrenos são de maiores dimensões. E a taxa de ocupação para o terreno é muito baixa, ou seja, os terrenos tem em média a obrigação legal de construção de 30% da área útil do terreno. Sendo assim, resta 70% de área verde para ser plantado, grama, vegetação e a parte de árvores frondosas”, comenta o arquiteto Anderson Aragão. E, além disso, a área tem contado com um crescente movimento empreendedor e cultural que tem abastecido os moradores locais e da região (que envolve ainda Camaragibe, Paudalho, Paulista, Araçoiaba, Recife, São Lourenço da Mata e Abreu e Lima). Exposições, eventos, happy hour, oficinas para adultos e crianças e atividades de lazer (diurno e noturno) movimentam atualmente Aldeia.

E esses diversos empreendimentos e pontos comerciais, que estão se desenvolvendo em Aldeia, diversos contribuem ainda para uma maior valorização do local nos dias de hoje, pois atraem a circulação e agrupam os moradores proporcionando a conexão das pessoas numa grande comunidade. “Este é outro importante detalhe para quem mora em Aldeia, que tem essa opção no que diz respeito a questão da qualidade de vida que é a construção da relação de comunidade, porque as pessoas que residem na área são muito amigáveis, parceiras, amigas. E, por isso, elas se relacionam socialmente de maneira diferente de quem mora em edifícios, que raramente vê seus vizinhos e que não tem incentivos para essa conexão”, completa Anderson. Desta forma, diversos elementos são responsáveis por atrair os residentes para o municípios, que englobam por exemplo o próprio clima, temperaturas mais confortáveis, o verde e as possibilidades de criação de ambientes mais modernos e sustentáveis, numa área que cresce em temos de serviços e assistência básica. “Quem tem poder aquisitivo maior, pode usar recursos naturais como aquecimento e energia solar em suas casas, e o arquiteto contribui bastante neste processo. O papel do arquiteto se torna colaborar com o estilo de vida dessas pessoas, que tem essa opção de morar no campo, com isso, é possível fazer projetos de casas mais amplas, com grandes janelas e grandes aberturas para que o ar circule livremente pela casa. Pode-se ainda aproveite melhor a parte da luz do dia, evitando usar luz artificial nesse período. Existem diversas possibilidades para aproveitamento das condições ambientais proporcionadas pela própria região”, comenta Aragão, que desenvolve há anos projetos em Aldeia. 

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