UM BREVE HISTÓRICO DE FRANCISCO AMARAL, por EDSON TAVARES
O embrião da comunicação falada em Santa Cruz surgiu de uma ideia persistente de Francisco Amaral, que alugou uma salinha na Av. João Francisco Aragão, em frente onde fica o Banco Itaú, e espalhou alto-falantes pelas ruas. Da Rua Grande até a Pe. Estima. Isso lá pelos idos dos anos 70...
Durante todo o dia, músicas e notícias enchiam os ares de Santa Cruz. Ficou na minha memória de menino, e me vem nitidamente ainda hoje, os acordes musicais do noticiário, que era em cadeia com a Rádio Liberdade de Caruaru, sob o patrocínio (na rádio) da Sanepe (hoje Compesa); lembro-me dos malabarismos que o controlista tinha que fazer para suprimir a vinheta do patrocinador e substituir pelo patrocínio local.

Além do serviço de som, e mais tarde, Amaral manteve uma parceria com Antonio Lopes do Nascimento, empresário do ramo de panificação (Padaria Flórida), pai da atriz Avani Lopes: tratava-se de "AL Propaganda", um carro de publicidade volante, pertencente a “Antonio Saturnino”, administrado pelo locutor.
Além disso, Amaral se destacou como gritador de quadrilha, nos bons tempos em que as quadrilhas de rua eram a grande atração do São João de nossa terra. Tudo começou no Club Treze de Maio (na artéria de mesmo nome, centro da cidade), saindo, em seguida, para as ruas, com a quadrilha do Mobral, entre outras, e acompanhado do sanfoneiro Rafael Lopes (pai de Avenor Lopes e integrante da caravana de Ivan Bulhões), e depois Biu Marcelino.
Francisco Amaral também teve (mesmo sem o saber) grande parcela de importância na minha infância, eu que sempre fui um apaixonado por microfone, embora minha timidez e outros caminhos que me surgiram não me tenham permitido seguir essa carreira... mas ficava horas "aperuando" pelos estúdios, que funcionavam vizinho à serralharia de Zé de Duquinha, acompanhando os movimentos de locutores e controlistas, e me deliciando com aquele trabalho e com as músicas da época...
Francisco Samuel do Amaral, era natural da cidade de São Caetano-PE, pai de 22 filhos – frutos de diversos relacionamentos, é avô e bisavô. Recentemente, ouvindo uma rádio de Santa Cruz, surpreendi-me com o vozeirão de Francisco Amaral apresentando um programa de músicas antigas. Disseram-me que continua gritando quadrilha, como só ele sabe fazer... Aliás, foi o homenageado do São João, no ano de 2009.
Por indicação de Fernando Aragão, a Câmara Municipal concedeu-lhe o título de Cidadão Santa-cruzense. É justa a homenagem, embora eu tenha reservas a esse lance de título de cidadão: acho que nem o Legislativo Municipal está aí para isso, nem também chega a ser uma grande homenagem, uma vez que se banalizou esse título (para terem uma ideia, até uma apresentadora de programas de misses, na década de setenta, chamada Carmem Tovar [alguém já ouviu falar?] foi agraciada com a "nobre" homenagem). Amaral é cidadão santacruzense, sim, na prática, pelo seu valor e pelos serviços prestados a sua gente e a seu povo.
Como herança, Francisco Amaral vê sua obra tendo continuidade em dois de seus filhos, Fernando e Fabiano Amaral, que, nos passos do pai, são detentores de vozes potentes e talento ímpar na locução, e, assim como o genitor, atuam no ramo de comunicação em Santa Cruz do Capibaribe.
EDSON TAVARES
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