Mercado acumula prejuízos em vários setores em Pernambuco

Sem combustível para transporte e sem ração para animais, avícolas já estão 
sacrificando aves e jogando ovos no lixo

Por: Eduarda Barbosa, da Folha de Pernambuco

Recuperação da produção de aves é lenta, segundo produtores Foto: Divulgação

Diante do cenário de dificuldade no abastecimento para a atividade produtiva nacional devido à paralisação dos caminhoneiros, Pernambuco sente fortemente o impacto no segmento da agropecuária. Segundo a Associação Avícola de Pernambuco (Avipe), o Estado está perdendo R$ 5 milhões por dia no setor da avicultura e este número pode aumentar para R$ 7 milhões ou R$ 9 milhões diariamente se a mobilização continuar. 

E de acordo com representantes da área, a recuperação será lenta, já que se tratam de alimentos. Com isso, há o risco de se faltar comida na mesa dos consumidores por causa da dificuldade de escoar os produtos para as prateleiras dos mercados.

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Além de não chegarem os insumos necessários para alimentar os frangos, não há como fazer o transporte para que as aves recém-nascidas consigam sair das incubadoras para as granjas. No Agreste pernambucano, 40% das avícolas já estão sem ração para as aves. 

“Os caminhões que levam as rações para as granjas não estão com combustível para transportar. Por isso, a produção não consegue ser escoada”, informou o vice-presidente de abastecimento da Avipe, Josimário Florencio, ao complementar que muitos pintinhos estão sendo sacrificados. 

“Como não tem transporte para levar os pintinhos das incubadoras para as granjas, muitos deles estão sendo sacrificados. Porque nascem de 250 mil a 300 mil aves diariamente, e não há espaço para elas ficarem armazenadas nas incubadoras e nem serem enviadas para as granjas por falta de ração”, explicou Florencio. Por mês, nascem cerca de cinco milhões de pintinhos em Pernambuco.

Outro reflexo para o setor é o acúmulo de ovos nas granjas, que também não estão sendo escoados devido à falta de combustíveis para transporte. “A partir do oitavo dia de armazenamento, os ovos precisam ser jogados no lixo porque ficam ruins”, informou Florencio, acrescentando que os reflexos ainda não foram calculados, já que a recuperação dos animais é demorada. 

“Uma ave que põem ovos leva de quatro a seis meses para se recuperar. E o frango de corte demora de 30 a 60 dias para depois ir para o abate”, disse o vice-presidente. Ainda de acordo com ele, Pernambuco pode entrar em colapso na oferta de ovos e frangos com a continuidade da paralisação.

Florencio também passa por grande dificuldade em sua granja produtora de ovos, chamada Ovo Novo, localizada na cidade de Caruaru, no Agreste de Pernambuco. "Produzimos mais de 400 mil ovos por dia e estão acumulados na granja mais de três milhões sem ter transporte para escoar”, disse Florencio. Isso representa uma produção armazenada com perda superior a R$ 1 milhão para o estabelecimento. “É a produção acumulada em uma semana. A granja escoa ovos para Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará”, contou Florencio.

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os frigoríficos estão parados e há risco iminente de faltar comida. Segundo a entidade, mais de um milhão de aves estão morrendo por falta de comida no Brasil, o que pode contabilizar uma perda para o Brasil, já que o País representa 40% do mercado mundial. 

Por sua vez, a Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja) informou que 400 mil toneladas do produto estão deixando de ser escoadas diariamente. A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) estimou perda no segmento de produção primária de mais de R$ 6,6 bilhões em nove dias de paralisação.

Prejuízo no mercado do leite

A bacia leiteira já contabiliza um prejuízo de R$ 1 bilhão, sendo descartados mais de 300 milhões de litros do volume de leite, de acordo com a Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos). A entidade também informou que depois do fim da greve o setor ainda prevê o período de um mês para voltar à normalidade.

Prejuízos por setor causados pela paralisação dos caminhoneiros 
Crédito: Arte/Folha de Pernambuco

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