Após ações do TSE, Bolsonaro diz que não aceitará 'intimidações' e que sua 'briga' é contra Barroso

Corte eleitoral abriu inquérito administrativo contra presidente e pediu que ele seja investigado no STF

Daniel Gullino

O presidente Jair Bolsonaro discursa durante cerimônia no Ministério da Cidadania
Foto: Alan Santos/Presidência/02-08-2021

BRASÍLIA — Após duas ações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra seus ataques às urnas eletrônicas, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que não aceitará "intimidações" e que sua "briga" é com o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, e não com o restante da Corte eleitoral ou do Supremo Tribunal Federal (STF).

— Não aceitarei intimidações. Vou continuar exercendo meu direito de cidadão, de liberdade de expressão, de criticar, de ouvir, e atender, acima de tudo, a vontade popular — disse Bolsonaro, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada.


Na segunda-feira, o TSE um inquérito administrativo para apurar os ataques sem provas que Bolsonaro vem fazendo ao sistema eletrônico de votação, e pediu que ele seja investigado também em um inquérito já aberto no STF.

Bolsonaro afirmou que Barroso está "cooptando" ministros do STF e do TSE para "impor sua vontade". Também na segunda-feira, a cúpula do tribunal eleitoral, além de 15 ex-presidentes da Corte, divulgaram uma nota defendendo o sistema atual de votação brasileiro.


— O ministro Barroso presta um desserviço à nação brasileira. Cooptando gente de dentro do Supremo, querendo trazer para si, ou de dentro do TSE, como se fosse uma briga minha contra o TSE ou contra o Supremo. Não é contra o TSE nem contra o Supremo. É contra um ministro do Supremo, que é também presidente do Tribunal Superior Eleitoral, querendo impor a sua vontade.

Em outro momento, o presidente também disse ter uma "luta direta" contra Barroso:

— O que eu falo não é um ataque ao TSE ou ao Supremo Tribunal Federal. É uma luta direta a uma pessoa apenas: ministro Luís Barroso, que se arvora como dono da verdade, como uma pessoa que não possa ser criticado.

Bolsonaro fala na possibilidade de irregularidades nas eleições desde a disputa de 2018. A partir de março de 2020, começou a prometer que iria apresentar "provas" de fraudes. Entretanto, em transmissão realizada na semana passada com essa finalidade, o presidente admitiu que não tem provas, apenas "indícios" e "suspeitas", a maioria deles baseados em vídeos antigos já desmentidos pelo TSE.

O presidente defende que a urna eletrônica imprima um comprovante do voto. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com esse teor está sendo discutida em uma comissão especial da Câmara, mas a tendência é que o projeto não seja aprovado.

Nesta terça-feira, afirmou que "não serão admitidas" no ano que vem o que chamou de "eleições duvidosas". Bolsonaro já colocou em dúvida a realização do pleito em outras oportunidades.

— Não serão admitidas eleições duvidosas ano que vem. O Brasil vai ter eleição ano que vem. Eleições limpas, democráticas.

De acordo com o presidente, caso Barroso continue "insensível" à pauta do voto impresso, ele poderá promover uma manifestação em São Paulo, que seria o "último recado":

— Se o ministro Barroso continuar sendo insensível, como parece que está sendo insensível, pelo processo contra mim. Se o povo assim o desejar, porque eu devo lealdade ao povo. Uma concentração na (Avenida) Paulista para darmos o último recado para aqueles que ousam açoitar a democracia.

Segundo Bolsonaro, ele atuará para que "a vontade popular seja cumprida":

— Se o povo estiver comigo, nós vamos fazer com que a vontade popular seja cumprida.

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