Hidroxicloroquina não tem eficácia, diz coalizão de hospitais brasileiros

Estudo é o maior realizado no mundo desde o início da pandemia do novo coronavírus e mostra que o medicamento não tem eficácia comprovada

Por iG Saúde 

Cadu Rolim/Fotoarena/Agência O Globo
Hidroxicloroquina teve sua ineficácia novamente comprovada

Uma pesquisa realizada por um grupo de hospitais e órgãos de pesquisa brasileiros mostra que a hidroxicloroquina , seja sozinha ou associada à azitromicina , não mostrou efeito favorável na evolução clínica de pacientes adultos hospitalizados com formas leves ou moderadas da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Nesta quinta, a Anvisa já proibiu a venda do medicamento sem receita médica.

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O estudo, feito pelos hospitais Albert Einstein, HCor, Sírio-Libanês, Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz e Beneficência Portuguesa de São Paulo em parceria com o Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e a Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet), é o maior realizado no mundo.

Os resultados da pesquisa serão publicados no periódico científico New England Journal of Medicine nesta quinta-feira (23). Ela contou com o apoio da farmacêutica EMS, que forneceu os medicamentos, e foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A pesquisa teve início no dia 29 de março e terminou em 2 de junho. No estudo, foram incluídos 667 pacientes com quadros leves ou moderados que não precisavam de oxigênio ou precisavam de, no máximo, 4 litros por minuto de oxigênio suplementar em 55 hospitais brasileiros.

Por meio de sorteio, os pacientes receberam três tipos de tratamento: combinação de hidroxicloroquina e azitromicina mais suporte clínico padrão (217 pacientes); hidroxicloroquina mais suporte clínico padrão (221 pacientes); apenas suporte clínico padrão (grupo controle, 227 pacientes).

Após 15 dias do início do tratamento, a situação clínica foi parecida nos grupos tratados com hidroxicloroquina e azitromicina, hidroxicloroquina isolada ou grupo controle.

No período, por exemplo, estavam em casa sem limitações respiratórias 69% dos pacientes do grupo tratado com hidroxicloroquina, azitromicina e suporte clínico padrão, 64% dos pacientes do grupo hidroxicloroquina e suporte clínico e 68% dos pacientes do grupo somente com suporte clínico padrão.

A interpretação dos pesquisadores foi a de que a utilização de hidroxicloroquina ou azitromicina não promoveu melhoria na evolução clínica dos pacientes.

Entre os efeitos adversos, a pesquisa evidenciou dois pontos que foram destacados. O primeiro foi de alterações em exames de eletrocardiograma, mais frequente nos grupos que utilizaram hidroxicloroquina, com ou sem azitromicina.

Já o segundo ponto foi de alteração de exames que podem representar lesão no fígado. Não houve diferenças para outros eventos adversos, como arritmias, problemas hepáticos graves ou outros.

O número de óbitos em 15 dias foi semelhante entre os grupos, ficando na faixa de 3%.

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