Mattheus Henning: "Quando a gente corre atrás a gente consegue"


Santa Cruz do Capibaribe - No último dia 10 estive com o piloto de BMX Mattheus Henning e pude conhecer um pouco de sua carreira vitoriosa. São 17 anos no esporte, movidos a paixão, sacrifícios, lesões e acima de tudo apoios, apoio da família (o pai Moisés é o maior incentivador) e dos amigos. Mattheus Henning coleciona medalhas, taças e troféus (são quase 500) nesta trajetória, que ele tem orgulho de falar e de contar como foi cada conquista, pois além de narrar detalhes pode-se observar o valor que ele dá a tudo isso. Uma história que está longe de terminar, pois a depender dele tudo está apenas começando.

O início

O ano foi 2003. Com quatro anos e oito meses de idade Mattheus competiu pela primeira vez. Foi na pista que funcionava ao lado da Escola Dr Adílson Bezerra. "Primeiro troféu em 2003, em uma competição onde eu tinha quatro anos, que meu pai me levou. Como todo início é muito complicado e eu nem sei explicar, tenho registros aqui que nem forças de subir nos obstáculos eu tinha. Era eu pedalando e meu pai correndo atrás para me ajudar a enfrentar essas barreiras", destacou o atleta.

Motivação

"Em toda minha carreira no esporte nunca foi fácil, assim como não é para todos os atletas, mas isso nos motiva, isso nos deixa mais fortes a cada prova, a cada dificuldade, a cada barreira. Sei que hoje me destaco no esporte como atual campeão pan-americano, mas eu olho para trás e vejo todas as dificuldades que passei e sei que cada dificuldade dessa me tornou o que sou hoje. Hoje eu entro nesta sala, olho para cada troféu aqui e lembro das histórias, lembro as provas, dos amigos que fiz, dos colegas que tenho espalhados por todo o mundo e essas lembrança a gente guarda para sempre".

Amor ao esporte

"Eu participo até hoje porque eu amo o esporte que faço. As pessoas comentam: é muito arriscado, você já se machucou muito, você ainda acredita nisso? Eu respondo: Eu faço porque eu amo e faço poque acredito, é o meu prazer. Só quem entende é quem sente na pele toda emoção. Por isso é que meu sonho é que mais crianças, mais adultos e mais idosos pratiquem, pois não tem idade pra você se sentir vivo. Só digo uma coisa: quem está vivo, quem está firme e forte vamos embora fazer o que a gente gosta".

Do "paitrocínio" para o patrocínio

"No início tudo é bem complicado. Os primeiros anos são os mais difíceis e o meu pai arcava com tudo. Com o passar dos tempos fui acumulando títulos, acumulando bagagens, novas amizades, experiências e fazendo o nome no cenário esportivo. Com o passar do tempo e com essa carreira que você constrói de certa forma vai ficando mais fácil e aparecendo novas oportunidades. Quando a gente corre atrás a gente consegue as coisas".


Lesões

"Fraturas eu tenho muitas. São treze. Principalmente clavícula, pois é um osso que fica muito exposto nesse esporte, por conta do capacete. Inclusive passei a pouco tempo por cirurgia na clavícula onde tive que colocar uma chapa de titânio. Só clavícula esquerda foram seis fraturas. Um ponto fraco que tenho é que caio sempre desse lado, é uma auto defesa. Clavícula, costela, bacia, pulso. Lesões fazem parte da vida do atleta, é natural, é esperado, mas a gente tenta evitar sempre porque ninguém gosta de ficar de fora".

Por que o número 720?

"O 720 é um número marcante. Um número em homenagem a três grandes pessoas daqui de nossa cidade, que se destacaram no esporte, que merecem ser homenageadas, merecem ser sempre lembradas e parabenizadas por todo trabalho que realizaram. O número 7 vem de Bruninho, que corria Motocross, iniciou no Bicicross, os familiares dele moram em Santa Cruz, tinha um futuro tremendo no esporte e foi um grande batalhador. O número 2 vem de Zimário, um grande amigo do meu pai e teve uma contribuição muito grande no Bicicross e no meu início de carreira. O número 20 vem de Júlio César, um atleta muito conhecido, Casco de Navio, que tinha na humildade sua maior característica e fui testemunha disso. Hoje homenageio aos três e me sinto muito lisonjeado em poder fazer isso".

Sobre taças e troféus

"Cada troféu desse tem uma história. Cada um tem alegria, tem dificuldade, tem tristeza. Eu não consigo destacar hoje como o mais marcante, porque são muitos. Do primeiro troféu até o último. Tenho troféu de campeão brasileiro. São muitos troféus, são muitas histórias e cada um levo como se fosse o especial para mim".

Tocha Olímpica

"Fui um dos condutores da tocha em 2016 aqui no Brasil. Foram selecionados alguns condutores pelo Comitê Olímpico e eu carrego até hoje a emoção daquele momento. Foi uma emoção muito grande ter conduzido a chama olímpica, que pra mim é um incentivo e vou levar para o resto da vida esta lembrança".


Apoios

"Graças a Deus, graças aos treinamentos e aos resultados obtidos, nesses últimos anos o governo do estado tem sido um grande apoiador através da Secretaria de Esportes, assim como o Moda Center, a Academia, os nutricionistas e fisioterapeutas tem me ajudado e fazem com que o resultado seja o melhor possível. Graças a Deus tenho tido um suporte muito bom. Eu devo muito aos títulos que conquistei a todas essas pessoas que confiaram e acreditaram no meu trabalho. Eu tenho certeza que sem eles eu não teria chegado onde estou hoje".

Quando vai parar de competir

"Não tenho pretensão de me aposentar nem tão cedo. Conheço várias pessoas, como falei, tenho amigos de 68 anos, que hoje pedalam e eu falo pra você que quando eles entram na pista parecem crianças. A alegria que entra e a alegria que sai, a alegria de estar no box e é isto, este sentimento que quero levar para minha vida toda".

A Família

"Como falei antes. Iniciei no esporte ao quatro anos com meu pai empurrando minha bicicleta para superar os obstáculos. Isso não é só dentro das pistas, é fora das pistas também. Sempre minha família tem me dado esse empurrão, sempre minha família tem me dado esse apoio para que eu continue firme e forte, mesmo porque ninguém falou que iria ser fácil, mas com o apoio da família e com o apoio dos amigos tudo se torna mais leve e mais agradável".

Faculdade

"Estou no último ano de Engenharia Civil. Não vou falar pra você que é fácil, mas quando é mais difícil é mais prazeroso, concluo este ano o curso. Foi com muita dificuldade, madrugadas estudando e no outro dia pegar o carro e ir trabalhar, ir para o estágio. Não é fácil pra ninguém. O que tenho pra falar é que realmente se eu consegui todo mundo é capaz. Ninguém é melhor do que ninguém. A mensagem que quero deixar é que quem quer conquistar, quem almeja consegue chegar, fácil não é, mas não podemos largar os estudos, porque educação torna o cidadão mais preparado e temos que buscar melhorias para nossa sociedade"

Santa Cruz do Capibaribe

"Santa Cruz é minha casa. As pessoas perguntam: você conhece o mundo inteiro, trinta países, o Brasil inteiro e qual é o melhor lugar que você acha? Respondo: Santa Cruz do Capibaribe. Santa Cruz é destaque e eu levo a bandeira de Santa Cruz em todas as competições que participo. Quando mostro quem é Santa Cruz, quando abro a visão dos que me perguntam sobre Santa Cruz e falo sobre a importância desta cidade para o Polo de Confecções e digo da evolução que estamos passando as pessoas começam a ter um olhar diferenciado para nossa cidade. Santa Cruz pra mim é minha casa. Tenho muito a oferecer a Santa Cruz no esporte, muito a oferecer na educação e muito a oferecer como cidadão. Isso eu tenho certeza, que na medida do possível eu sempre estarei ajudando e buscando melhorias para Santa Cruz, pois realmente é a cidade que eu quero morar, é a cidade que eu quero criar meus filhos futuramente".

Considerações finais

"Esse isolamento social é um momento para que possamos sentar e aproveitar mais nossas famílias e neste ano que não está sendo fácil temos que traçar nossos objetivos para que possamos correr ainda mais atrás de nossos sonhos. Vamos aproveitar da melhor forma, sempre respeitando e buscando a melhor alternativa para enfrentar essa dificuldade e uma frase que escutei do meu pai e de um amigo também é que depois da tempestade vem a bonança. Sou um atleta, sou um amigo e estou disposto a ajudar".

Estes tópicos abordados servem para que tenhamos uma ideia do que faz e pensa o atleta Mattheus Henning e quais seus objetivos futuros. Um jovem amadurecido pelos desafios e que tem planos audaciosos para Santa Cruz do Capibaribe. Ele poderá colocar seu nome à disposição nas eleições que se aproximam, mas isso contaremos em outra reportagem.







Fotos e texto: Jairo Gomes Cangaceiro

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