Governadores buscam saída, mas crises de Bolsonaro incomodam até aliados

Por Íris Costa e Edson Sardinha
Congresso em Foco
Paulo H. Carvalho/Ag. Brasília
Ibaneis Rocha, aliado de Bolsonaro, diz que presidente se alimenta de crises

A relação entre o Executivo e o Judiciário, que já andava estremecida, azedou de vez após decisão do presidente Jair Bolsonaro de encaminhar ao Senado pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Na tentativa de evitar mais desgastes causados pela crise entre os Poderes, o Fórum Nacional de Governadores adiantou para esta segunda-feira (23), às 10h, reunião que vai discutir formas de acalmar os ânimos entre o chefe do Executivo e os ministros do STF. Mas o ceticismo entre os participantes é grande e alcança até mesmo aliados do presidente da República.

De acordo com o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), o Fórum já estava organizando agenda para tratar sobre a proposta da reforma tributária e o projeto Governadores Pelo Clima, mas decidiu antecipar a reunião "pela conjuntura sobre a crise entre os Poderes, que afeta os investimentos e piora a situação do Brasil".

"Vamos tratar sobre como podemos, de forma suprapartidária, independente de quem é governo ou oposição, contribuir para pacificação", defendeu o petista, um dos coordenadores do fórum de governadores, em entrevista ao Congresso em Foco. Para Dias, o caminho para a solução é o "diálogo amplo com os presidentes e líderes da Câmara e do Senado, o presidente e ministros do STF".

O aprofundamento da crise cria desconfiança mesmo entre governadores aliados de Bolsonaro, como Ibaneis Rocha (MDB-DF), que admite não acreditar na possibilidade de os governadores ajudarem no enfrentamento da crise institucional. “Não vejo como. O presidente se alimenta da crise”, afirmou o emedebista ao Congresso em Foco. “Sou defensor do diálogo. Essas crises mostram um desencontro da política”, acrescentou.

Até o momento, 25 governadores confirmaram presença. Anfitrião do encontro, Ibaneis vai receber, além de Wellington Dias, o governador de Rondônia, Marcos Rocha, aliado de Bolsonaro. Os demais participarão de maneira remota. Apenas os governadores do Paraná, Ratinho Júnior, e do Tocantins, Mauro Carlesse, não confirmaram presença no encontro até o momento. Os dois também são próximos a Bolsonaro.

Wellington Dias também destaca outra preocupação que norteará o encontro dos governadores: o rumo da reforma tributária, que, segundo ele, está sendo “esquartejada” pelo governo federal. “E ainda com risco grave de desequilíbrio da Federação, especialmente estados e municípios, o que pode piorar ainda mais a situação do país”, afirma o governador do Piauí. “O caminho é dialogar, pois há risco real da situação piorar ainda mais, é isto que se deseja? Representamos o povo do nossos Estados e nos sentimos na obrigação de contribuir para pacificação.”

Para o governador, todos perdem com a crise. “O ambiente atual afasta investidores e paralisa o país ainda mais. Consequência? Mais desemprego e crise social. Sabemos a importância da defesa da democracia, do valor que tem o respeito à Constituição e às instituições brasileiras. Ruim com elas? Pior sem elas", observa Wellington Dias.

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