MP pede auditoria na empresa da ex-mulher de Frederick Wassef

A suspeita é de tráfico de influência com o Executivo, 
segundo consta no documento

LC Luiz Calcagno
Correio Braziliense

(foto: Sergio Lima / AFP)

O Ministério Público de Contas emitiu uma representação pedindo ao TCU auditoria da empresa Globalweb Outsourcing, que tem Maria Cristina Boner Leo, ex-mulher do advogado Frederick Wassef, como sócia. A suspeita é de tráfico de influência com o Executivo, segundo consta no documento. Wassef é ex-advogado do senador Flávio Bolsonaro, e estava escondendo Fabrício Queiroz em uma propriedade e Atibaia há cerca de um ano. Ex-policial militar e amigo da família Bolsonaro, Queiroz é suspeito de comandar um esquema de desvio de dinheiro público no gabinete de Flávio, quando o filho do presidente da República era deputado distrital no Rio de Janeiro.

A suspeita de um suposto tráfico de influência ganhou força com o caso Queiroz. Ocorre que a Globalweb recebeu, R$ 41,6 milhões à frente do Ministério da Educação em pouco mais de um ano de gestão Bolsonaro. O repasse foi feito durante a gestão do ministro Abraham Weintraub, que deixou o Brasil usando o passaporte concedido pelo cargo após deixar a pasta. Anteriormente, porém, a empresa havia recebido cerca de R$ 42 milhões do Executivo por quatro anos de serviços prestados durante as gestões Dilma Rousseff (PT), e Michel Temer (MDB).

A representação, assinada pelo subprocurador geral do Ministério Público de Contas, Lucas Rocha Furtado, pede que o levantamento aponte, dentre outras coisas, “se houve atuação da Sra. Maria Cristina, com a intermediação do Sr. Frederick Wassef, em eventual direcionamento das contratações à Globalweb”. Furtado destaca que, atualmente, o empreendimento é chefiado pela filha de Maria Cristina, Bruna Boner Leo. “O volume de pagamentos à empresa teve aumento considerável durante a gestão Bolsonaro”, sustenta a peça.

Se ficar comprovado que houve tráfico de influência, Maria Cristina e a filha podem perder os contratos. Furtado aponta que a empresa tem, pelo menos outros 11 contratos com o governo federal, além do que deve ser auditado, no Ministério da Educação. Entre os órgãos que contratam a Globalweb estão a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o Findo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a Agência Nacional de Saúde Suplementar, o BNDES, dentre outros.

Ainda de acordo com o subprocurador geral do Ministério Público de Contas, a ex-mulher de Wassef não deveria estar contratando com o governo. “É de se observar que a Sra. Maria Cristina, por força de decisão prolatada, em 24/6/2019, no processo judicial 0004654-24.2011.8.07.0018 (...), que apurou o direcionamento de licitação para a contratação da empresa B2BR pela CODEPLAN, tendo a Sra Cristina figurado como sua representante —, foi proibida de contratar com o Poder Público ou receber benefícios creditícios pelo período de três anos”.

A decisão não atingiu a Globalweb pois o CPF da ex-mulher de Wassef não está, nos registros da empresa, no quadro de sócios. Para Furtado, seria um indício do comprometimento da própria empresa. “Nesse sentido, convém salientar que a Globalweb Outsourcing não integra a relação de empresas consideradas inidôneas para contratar com a Administração, seja no Sistema de Inabilitados e Inidôneos do TCU, seja no Portal da Transparência”, afirma. 

O valor repassado pelo governo à empresa foi divulgado após levantamento da reportagem do portal Uol. Por e-mail, a Globalweb se limitou a dizer que está à disposição das autoridades. “A Globalweb se colocou à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários e aguarda ser procurada pelo órgão de controle para esclarecer eventuais dúvidas.”

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