Dia Mundial e Nacional do Diabetes: oftalmologista alerta para complicações oculares associadas à doença
Doença pode acarretar lesões nos vasos da retina e em outras estruturas oculares
Celebrado no dia 14 de novembro, o Dia Mundial e Nacional do Diabetes, criado em 1991 pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), chama a atenção para a conscientização, os riscos da doença e a importância da prevenção. De acordo com o site da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a estimativa é que o número de pessoas com a doença no Brasil seja de aproximadamente 20 milhões.
Dentre as principais complicações acarretadas pelo diabetes estão a retinopatia diabética, que pode ser proliferativa ou não proliferativa, sendo a complicação ocular mais comum do diabetes e podendo afetar a visão de forma progressiva; o edema macular diabético, que é uma complicação da retinopatia diabética e ocorre quando há acúmulo de líquido na região central da retina, deixando a visão borrada; a catarata diabética, que ocorre devido à opacificação precoce do cristalino, levando à visão turva e à dificuldade para enxergar com nitidez; e o glaucoma neovascular, que resulta do crescimento anormal de vasos na íris e no ângulo de drenagem do olho, causando aumento da pressão intraocular e dano ao nervo óptico.
Além disso, podem ocorrer hemorragia vítrea, quando há sangramento dentro do olho, e descolamento de retina, que pode levar a perda importante da visão se não tratado rapidamente.
De acordo com a médica oftalmologista Luciana Valença, do Instituto de Olhos do Recife (IOR), as complicações oculares associadas ao diabetes mellitus geralmente não se manifestam nas fases iniciais da doença, desenvolvendo-se de forma progressiva ao longo dos anos.
“Ocorre em função de vários fatores, como o controle da glicose, o tempo de diagnóstico e a presença de outras condições associadas. No caso do diabetes tipo 1, as alterações oculares costumam surgir após cerca de cinco anos de doença. Já no diabetes tipo 2, essas complicações podem estar presentes desde o momento do diagnóstico, considerando que, frequentemente, o diagnóstico é tardio e o paciente já apresenta algum grau de comprometimento retiniano.”
O principal fator de risco para o surgimento das doenças oculares é o tempo de evolução do diabetes. Quanto mais longa a duração da doença, maior a probabilidade de lesões nos vasos da retina e em outras estruturas oculares.
“No início da doença, especialmente nos casos recém-diagnosticados, geralmente não há alterações detectáveis nos olhos. Com o passar dos anos, podem surgir pequenas lesões na retina, mas ainda sem sintomas visuais. À medida que o tempo de diabetes aumenta, principalmente quando o controle glicêmico é inadequado, o risco de desenvolver retinopatia diabética proliferativa e edema macular torna-se elevado. Esses quadros representam as principais causas de perda visual entre pessoas com diabetes. Nas fases mais avançadas ou descompensadas da doença, podem ocorrer complicações graves, como glaucoma neovascular, hemorragia vítrea e descolamento de retina, que podem levar à perda visual significativa ou mesmo irreversível”, explica a especialista.
Sobre a progressão e tratamentos, a oftalmologista elenca quais procedimentos são indicados. “Nos estágios iniciais, em que há apenas microaneurismas e pequenas hemorragias retinianas, o controle rigoroso da glicemia, associado ao tratamento da hipertensão, dislipidemia e outros fatores de risco é fundamental para evitar a progressão da doença. Com a progressão da retinopatia diabética, especialmente na presença de edema macular ou retinopatia proliferativa, são indicadas injeções intraoculares e, em alguns casos, corticosteroides A fotocoagulação a laser da retina também é utilizada para controlar a proliferação de vasos anormais e prevenir complicações. Nos estágios avançados, quando há hemorragia vítrea, descolamento tracional de retina ou glaucoma neovascular, pode ser necessária a vitrectomia e o uso combinado de laser, antiangiogênicos e controle da pressão intraocular”, informa a médica.
Luciana Valença conclui e enfatiza que a maior prevenção é o controle da glicemia. “Para preservar a visão, é necessário manter um controle rigoroso da glicemia e realizar acompanhamento oftalmológico periódico. Quem tem diabetes pode, sim, manter uma boa visão por muitos anos — o segredo está no cuidado diário. Além do controle da glicemia, é essencial controlar a pressão arterial e o colesterol, alimentar-se de forma saudável, praticar atividade física e evitar o cigarro. Esses hábitos protegem não só o coração, mas também os olhos. Pequenas atitudes no dia a dia fazem uma grande diferença para a saúde dos olhos e para a qualidade de vida no futuro. Cuidar da glicose é também cuidar da visão — e esse cuidado constante garante mais saúde, independência e bem-estar por muitos anos.”

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