Governador de São Paulo minimiza denúncias de abusos na Operação Verão e enfrenta críticas internacionais

O governador Tarcísio de Freitas e secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite
Foto: Marcelo S. Camargo/Governo do Estado de SP

JAIRO GOMES

Nesta sexta-feira, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), demonstrou desdém em relação às denúncias de abusos durante a Operação Verão da Polícia Militar, que resultou em 39 mortes na Baixada Santista até o dia 1º de março. Em meio às críticas, o político afirmou que não se importa com possíveis investigações, ironizando a possibilidade de a questão ser levada à ONU.

"Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí", declarou Tarcísio de Freitas.

As denúncias de violações de direitos humanos foram apresentadas à ONU pela Conectas Direitos Humanos e pela Comissão Arns, destacando uma escalada da violência policial na região. Camila Asano, diretora-executiva da Conectas, acusou a gestão de Tarcísio de investir na violência policial contra pessoas negras e pobres.

"Registros oficiais indicam que as mortes em decorrência de intervenção policial em São Paulo subiram 94% no primeiro bimestre de 2024. Esse é o resultado de uma ação deliberada do atual governador, Tarcísio de Freitas", afirmou Asano, em vídeo enviado à 55ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, Suíça.

A denúncia pede a implementação do programa de câmeras corporais no estado e garantias de atendimento adequado a vítimas, familiares e testemunhas de casos de violência policial.

Diante das críticas, o governador Tarcísio de Freitas defendeu as operações policiais, alegando que são baseadas em inteligência e que o enfrentamento ao crime é feito de maneira profissional. Ele assegurou que excessos serão investigados e punidos.

"A nossa polícia é extremamente profissional. É uma pena que toda hora as pessoas querem colocar a polícia na posição de criminosa. Não é isso, esses caras estão defendendo a gente, a nossa sociedade. Estão vestindo a farda para ir enfrentar criminoso", disse Tarcísio.

Além das denúncias internacionais, o Gaesp (Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial) do Ministério Público de São Paulo anunciou investigações sobre a possível manipulação de mortos na operação, levantando questionamentos sobre o transporte dos corpos.

O desfecho dessas denúncias promete intensificar o debate sobre a atuação policial e os direitos humanos no estado de São Paulo. A pressão internacional pode colocar em xeque a postura do governo diante das preocupações globais com a violência policial e os abusos cometidos durante operações de segurança.

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