Juros do rotativo do cartão de crédito ficam em 437% ao ano; governo busca medidas para reduzir a taxa

Modalidade é oferecida ao consumidor quando não há o pagamento total da fatura do cartão até o vencimento

Por Renan Monteiro — Brasília
O Globo

Juros do cartão de crédito rotativo 
Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Dados do Banco Central divulgados nesta quinta-feira mostram que a taxa média de juros no cartão de crédito rotativo atingiu o patamar de 437,25% em junho, queda em relação ao mês anterior, que estava na casa de 453% ao ano.

Apesar da redução, o número continua extremamente alto, e o governo busca medidas para tentar reduzir o custo dessa linha. As negociações com os bancos, no entanto, ainda não avançaram.

Essa modalidade é oferecida ao consumidor quando não há o pagamento total da fatura do cartão até o vencimento. Essa é a linha de crédito mais cara do mercado e a liberação é automática.

Em abril, o ministro da Fazenda, Haddad, teve uma das principais reuniões no ano com representantes dos bancos e entidades do setor financeiro tratar da taxa de juros cobrada nas operações com o cartão de crédito rotativo. Anteriormente, ele havia declarado que o rotativo “preocupa muito” por prejudicar sobretudo a população de baixa renda.

Outras modalidades

Para o crédito parcelado, em junho, a taxa de juros registrou alta acumulada de 196,1% em um ano. No mês anterior estava em 194,2%. Essa modalidade para os consumidores havia atingido em abril de 2023 alta de 200%, a maior desde 2011. O levantamento considera o chamado crédito livre, que são as linhas sem subsídios.

A concessão de crédito para famílias e empresas totalizou R$515,3 bilhões em junho. Com ajuste sazonal, as concessões tiveram alta de 3% no crédito às empresas e de 0,4% no crédito às famílias.

Nos doze meses acumulados até junho, a oferta geral de crédito cresceu 9,0%, com altas de 4,9% no crédito a pessoas jurídicas e de 12,5% no crédito a pessoas físicas.

Ainda conforme o levantamento do BC, o endividamento das famílias atingiu 48,8% em maio deste ano, alta de 0,2 pontos no mês e recuo de 1 ponto em doze meses.

Para Everton Gonçalves, economista da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), avalia que um cenário de melhora no nível de endividamento vai depender do comportamento da atividade econômica, e avalia que a expansão "mais acelerada" das modalidades de maior risco (como o rotativo) é um agravante para a evolução do indicador para as famílias. Ele vê sinais de "acomodação":

— Como atenuante há a redução da necessidade de crédito para a complementação da renda com a desinflação, o relativo aquecimento do mercado de trabalho e a ampliação de programas assistenciais.

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