Powell anima mercados e Ibovespa fecha em alta de 1,42%; PETR4 sobe 5%

Possível pressão do Congresso por um furo menor no teto também ajuda. No mês de novembro, porém, o índice perdeu 3%

Por Júlia Moura


O último pregão de novembro ficou meio que na retranca até as últimas horas, quando Jerome Powell marcou um gol a favor do mercado de renda variável: o presidente do Fed (banco central americano) deu fortes indícios de que o aumento de juros nos Estados Unidos em dezembro será mesmo de 0,5 ponto percentual, uma redução no ritmo de aperto monetário. Até então, as altas na taxa de juros do país haviam sido de 0,75 pp. Os investidores comemoraram a declaração e o Ibovespa fechou em alta de 1,42%.

Em novembro, porém, o saldo do índice foi negativo com o risco fiscal em torno da PEC da Transição, que visa tirar o Bolsa Família do teto de gastos. Depois de quatro meses seguidos de ganhos, o Ibovespa amargou uma queda de 3,06%. No ano, por enquanto, ele segue no positivo: ganho de 7,31%.

Voltando ao craque do dia. O Fed indica que vai reduzir o ritmo de aperto monetário desde sua última reunião de política, no início de novembro e a cada novo indício, o mercado comemora. O banco quer poder analisar os impactos que as altas de juros estão tendo na economia do país. O patamar final dos juros, porém, deve ser maior do que aquele inicialmente projetado pelos analistas, de 4,75%. E, com um ritmo mais brando de aumentos, os juros ficarão em níveis elevados por mais tempo. “Não queremos apertar demais, já que não devemos cortar os juros em breve”, disse Powell nesta quarta.

A maior preocupação no momento é o mercado de trabalho, que segue forte por lá, com muitas vagas em aberto e nível de desemprego em apenas 3,7% – um dos menores da história americana. Quanto mais contratações e menos desempregados, maiores os salários e os gastos dos consumidores, o que mantém a inflação em alta – o que mantém a pressão nos juros. No momento, ela está em 7,7% – um patamar obsceno para o Tio Sam.

Hoje, o governo dos EUA divulgou o relatório Jolts, que mede o número de vagas de trabalho abertas e fechadas no país. As posições em aberto tiveram uma desaceleração de 10,6 milhões em setembro para 10,3 milhões em outubro. O nível de contratações caiu levemente, de 6,1 milhões para 6 milhões, enquanto as demissões continuaram em 5,7 milhões.

Em seu discurso, Powell frisou que estes dados são especialmente importantes. Segundo ele, o mercado de trabalho americano pode voltar ao equilíbrio (ou seja, esfriar) com a esperada desaceleração da economia, dado os juros mais altos.

Também nesta quarta, saiu o relatório ADP, que acompanha o mercado de trabalho do setor privado dos EUA. Em novembro, foram criadas 127 mil vagas, menos do que o esperado (190 mil) e bem abaixo das 239 mil de outubro. Ou seja: um indício de algo talvez esteja mesmo começando a esfriar por lá.

Nesta sexta, sai o mais importante desses relatórios, o payroll. A expectativa é que a criação de empregos desacelere de 261 mil em outubro para 200 mil em novembro, ainda com uma taxa de desemprego de 3,7%.

Caso a teoria de Powell se confirme, a inflação pode perder força, acompanhando o mercado de trabalho. Isso facilitaria a tarefa do Fed de frear a alta de preços no país, podendo, inclusive, culminar em juros não tão altos assim em 2023. A ver.

O petróleo acompanhou o viés positivo das bolsas globais e fechou em forte alta. Também contribuiu para a valorização da commodity a queda dos estoques americanos. O Brent subiu 3,22%, para US$ 86,97 o barril. A Petrobras (PETR4) surfou a onda e fechou em alta de 5,04%.

Além de Powell e do petróleo, outro personagem contribuiu para a vitória do Ibovespa e do real hoje. Segundo o Broadcast Político, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse a Lula que a PEC da Transição precisa ser desidratada para que a Casa a aprove.

Ou seja, uma pressão para reduzir o rombo no teto, o que ajuda a amenizar o risco fiscal. A assessoria de Lira negou a fala, mas os investidores, pelo jeito, apostaram suas fichas na veracidade do relato: os juros futuros e o dólar fecharam em queda.

A moeda americana caiu 1,63%, a R$ 5,2016. Em novembro, ela teve alta de 0,69%. No ano, há uma desvalorização de 6,71%.

Já o contrato futuro de juros para janeiro de 2025 caiu de 13,169% para 13,030% . O para janeiro de 2031 cedeu de 12,870% para 12,620%.

Vamos ver se o VAR confirma essa jogada. Até amanhã :)

MAIORES ALTAS
Locaweb (LWSA3): 7,55%
CVC (CVCB3): 6,12%
Totvs (TOTS3): 5,65%
Petrobras (PETR4): 5,04%
Pão de Açúcar (PCAR3): 5,01%

MAIORES BAIXAS
BRF (BRFS3): -5,89%
Taesa (TAEE11): -4,06%
Braskem (BRKM5): -3,63%
Marfrig (MRFG3): -3,42%
Banco Pan (BPAN4): -2,71%

Ibovespa: 1,42%, aos 112.486 pontos

Em Nova York
S&P 500: 3,08%, aos 4.080 pontos
Nasdaq: 4,41%, aos 11.468 pontos
Dow Jones: 2,16%, aos 34.583 pontos

Dólar: -1,63%, a R$ 5,2016

Petróleo
Brent: 3,22%, a US$ 86,97
WTI: 3,0%, a US$ 80,55

Minério de ferro: -0,32%, negociado a US$ 108,61 por tonelada em Dalian (China)

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