Adriana Fernandes: 'Com Lula na frente, Brasília vive dias de ataque de nervos'

Governo e Congresso entram na reta para aplicar medidas econômicas antes que entrem em vigor as restrições eleitorais, que impedem a execução de 'bondades' para ganhar apoio nas eleições

Adriana Fernandes*, O Estado de S.Paulo

Junho promete ser de grandes emoções para a pauta econômica na reta final antes de entrarem em vigor restrições eleitorais mais duras, que impedem a execução de novas “bondades” do governo para ganhar apoio nas eleições de outubro.

Arthur Lira, presidente da Câmara, está liderando uma ofensiva para aprovar projetos que podem passar no Senado, onde até agora o presidente Rodrigo Pacheco tinha formado uma barreira ao que os deputados da Casa ao lado lhe entregavam.

Congresso Nacional; com aprovação do projeto que fixou teto de 17% para o ICMS para certos produtos, parlamentares tomaram gosto pelo negócio. 
 Foto: Dida Sampaio/Estadão

Nem tudo é cortina de fumaça para tentar transparecer que Congresso e governo estão fazendo algo para conter a escalada de preços, enquanto na prática estariam de mãos atadas.

Com a aprovação do projeto que fixou um teto de 17% para a alíquota do ICMS para produtos de alto valor de arrecadação (energia, combustíveis, telecomunicações), os parlamentares tomaram gosto pelo negócio. Já se fala em Brasília de uma nova era com “teto” para tributo.

Colocaram na mesa até mesmo um projeto que proíbe a cobrança de ICMS sobre as bandeiras tarifárias de energia. Esta proposta e dois outros projetos estão na “linha de produção” dos deputados para votação de requerimento de urgência. Se aprovado o pedido, podem entrar na pauta de votação a qualquer momento.

O que ainda pode ajudar a conter o levante é a articulação dos prefeitos, que jogaram muito pesado contra os deputados na votação do projeto do teto do ICMS. Há uma preocupação real se valeu a pena “jogar para o público” que vão reduzir os preços com a queda dos tributos.

Nas eleições, os prefeitos são os principais cabos eleitorais de qualquer parlamentar. O discurso do lado deles, de que haverá menos dinheiro para custear saúde e educação, é muito poderoso.

A queda de braço maior do momento é com a concessão do subsídio ao diesel focado nos caminhoneiros e motoristas de aplicativos, que foi discutido há dois meses com uma solução mais viável para impedir o que Guedes não quer de jeito nenhum: um fundo de estabilização de preços com recursos do Tesouro.

O tema voltou à tona porque a Petrobras deixou claro, em comunicado ao mercado, que a troca de comando na companhia deve demorar a acontecer. Bolsonaro queria mudanças rápidas na empresa para segurar os preços.

Lira cobra o subsídio do Ministério da Economia, que fala em teto de gastos. Mas o que pesa mesmo, segundo a coluna apurou, é parecer da PGFN que diz que não dá para fazer esse subsídio agora com as eleições à vista. Quem assume o risco? Com as pesquisas mostrando Lula na frente, Brasília vive dias de ataque de nervos.

*REPÓRTER ESPECIAL DE ECONOMIA EM BRASÍLIA

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