Fundo eleitoral deve ter aumento de 48% em 2020, enquanto ministérios e programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida sofrem com cortes; veja

Marcos Brandão/Senado Federal - 28.8.19
Cortes no Orçamento atacam de educação a programas sociais, mas poupam políticos

É de uma tremenda desfaçatez o aumento generoso que o Governo planeja dar, da ordem de 48%, no fundo eleitoral para o ano que vem. Isso em tempos de escassez de recursos, de cortes afrontosos de verba para a educação e programas sociais é ainda mais inexplicável e levanta sérias discussões sobre as prioridades do Estado. Inicialmente, o Ministério da Economia previu destinar cerca de R$ 2,4 bilhões para financiar campanhas de candidatos a prefeituras e câmaras municipais.

Diante da reação indignada no País, reviu o número para algo em torno de R$ 1,86 bilhão. É ainda assim uma montanha de dinheiro. Muito próxima da dotação estimada para o programa Minha Casa, Minha Vida , que vai ficar em 2020 com meros R$ 2,7 bilhões, valor abaixo da média histórica de R$ 11,3 bilhões/anuais distribuídos pelo benefício ao longo da primeira década de funcionamento. A reserva feita para o fundo eleitoral tem relação direta com o empenho que o governo quer dar às próximas disputas.

O objetivo é conseguir montar uma consistente base de apoio, ampliando o número de prefeitos e vereadores aliados. A distribuição do dinheiro obedece ao tamanho das bancadas e, por esse critério, o PSL do presidente Bolsonaro estará entre os que irão receber mais. Perto de R$ 250 milhões exclusivamente para o Partido. Evidentemente o Executivo não está sozinho nessa busca insaciável por recursos da União. Agremiações, tanto do Centrão como da oposição, se uniram no intuito de encontrar brechas para aumentar o valor do dinheiro público a ser usado nesse financiamento.

Em regime de urgência — como se essa fosse a maior prioridade do País no momento — resolveram montar seguidas rodadas de conversa para discutir, com o aval de líderes das siglas, as fórmulas de ampliação do montante de emendas que compõem o tal fundo. Tudo passa pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o Governo dá até aval a esse movimento, mas não quer levar sozinho a pecha de gastador de verbas para fins de campanha. A articulação conta com forte resistência nas redes sociais de cidadãos indignados com a gastança.

E não é para menos. Basta lembrar que, no conjunto, os ministérios perderam mais de 58% da verba de investimentos. Na pasta de infraestrutura o corte já provocou o cancelamento de novas obras vitais da expansão modal de rodovias, segurança hídrica e mobilidade urbana. Somente serão tocados 29 projetos já em andamento e considerados vitais. A pergunta que não quer calar é: p or que o governo não esquece essa ideia de financiar políticos e redireciona os recursos para as áreas que realmente interessam?


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Em novo caso de nudez, corredora sai pelada em Porto Alegre

Multinacional portuguesa Politejo vai instalar nova fábrica em Pernambuco

Foragido que fez cirurgia e mudou de identidade é preso comprando casa na praia