Com guerra comercial, bolsa desaba e dólar volta a nível pré-eleição

Em meio a temores de uma desaceleração mais forte da economia global, investidores abandonaram mercados acionários e ativos emergentes

Paula Dias e Altamiro Silva Junior, O Estado de S.Paulo

O recrudescimento da guerra comercial sino-americana detonou uma onda de aversão ao risco nesta sexta-feira, 23. Em meio a temores de uma desaceleração mais forte da economia global, investidores abandonaram mercados acionários e ativos emergentes para se abrigar nos Treasuries, títulos do tesouro americano, cujas taxas fecharam em forte queda.


A liquidação de posições em ativos de risco fez com que a moeda americana ganhasse força entre a maioria das divisas emergentes. Por aqui, o dólar à vista fechou em alta de 1,14%, a R$ 4,1246 - maior valor desde 19 de setembro do ano passado, quando houve avanço da candidatura petista na corrida presidencial. Com as perdas desta sexta-feira, o dólar emendou a sexta semana seguida de alta. Nos últimos cinco pregões, a moeda americana subiu 3%.

Homem usa máscara de Trump em protesto antes do encontro do G7; 
França quer discutir as queimadas na Amazônia durante o evento. 
Foto: Peter Dejong/AP

A depreciação do real levou a uma alta das taxas futuras, com aumento moderado da inclinação da curva a termo, mas não alterou as expectativas para o rumo da Selic. No mercado acionário, o Ibovespa renovou mínimas ao longo da tarde e fechou em queda de 2,34%, aos 97.667,49 pontos - no menor nível desde 17 de junho.

As tensões se elevaram após o presidente Donald Trump afirmar que anunciaria na tarde desta sexta medidas de retaliação comercial contra a China. Pela manhã, o país asiático informou imposição de imposição de alíquotas entre 5% e 10% sobre mais de US$ 75 bilhões em produtos dos EUA.

O republicano exortou as empresas do país a encontrar uma alternativa à China, como levar suas fábricas para solo americano. À espera do troco de Trump aos chineses, as bolsas americanas aprofundaram o ritmo de queda ao longo da tarde e encerram o dia com recuo superior a 2%.

As empresas de tecnologia foram as mais prejudicadas, o que fez o Nasdaq liderar as perdas entre os índices, com queda de 3%. A curva de juros dos Treasuries entre rendimentos de dez e dois anos voltou a inverter pontualmente e o dólar sofreu forte queda em relação a divisas fortes, como o iene.

Investidores passaram a precificar, ainda que marginalmente, um corte de 0,50 ponto porcentual na taxa de juros americana, após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmar, em discurso no simpósio de Jackson Hoje, que as incertezas no comércio mundial poderiam trazer impactos "sem precedentes" na política monetária americana. Em um ambiente de preocupações com os desdobramentos das disputa entre China e EUA sobre a saúde da economia global, a aversão ao risco fala mais alto que uma eventual maior atratividade de mercados como o brasileiro com a redução dos juros nos EUA.

A liquidação de posições em ativos de risco fez com que a moeda americana ganhasse força entre a maioria das divisas emergentes. Por aqui, o dólar à vista fechou em alta de 1,14%, a R$ 4,1246 - maior valor desde 19 de setembro do ano passado, em meio ao avanço da candidatura petista na corrida presidencial. Com as perdas desta sexta-feira, o dólar emendou a sexta semana seguida de alta. Nos últimos cinco pregões, a moeda americana subiu 3%.

A depreciação do real levou a uma alta das taxas futuras, com aumento moderado da inclinação da curva a termo, mas não alterou as expectativas para o rumo da Selic. No mercado acionário, o Ibovespa renovou mínimas ao longo da tarde e fechou em queda de 2,34%, aos 97.667,49 pontos - no menor nível desde 17 de junho.

Embora o cenário externo adverso tenha sido o principal responsável pelas perdas dos ativos domésticos, operadores ressaltam que questões locais acentuaram o mal-estar. Entre os pontos de preocupação, estariam a possibilidade de diluição da reforma da previdência no Senado, o desgaste da imagem do país com as queimadas na Amazônia e os problemas com o banco BTG Pactual, alvo de nova operação da Lava Jato.

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