POR QUE A GESTÃO DE VÉLEZ — QUE ESTÁ PARA CAIR — DECEPCIONOU NO MEC

Polêmicas em torno do ministro minaram a reputação do Ministério da Educação; projetos parados e sensação de inépcia ajudam a entender a provável queda

Machado da Costa
Época

O ministro da Educação, Vélez Rodríguez, está com os 
dias contados em pasta que segue em conflito entre grupos. 
Foto: Luis Fortes / MEC

O Ministério da Educação (MEC) é uma das pastas mais cobiçadas da Esplanada. Como se não bastassem as dificuldades naturais do Ministério, o escolhido para comandar um dos maiores orçamentos da União não tem dado certo — nas palavras do próprio presidente Jair Bolsonaro. "Está bastante claro que não está dando certo o ministro [Ricardo] Vélez", disse Bolsonaro em café a jornalistas, segundo o jornal O Globo. "Na segunda-feira, vamos tirar a aliança da mão direita, ou vai para a esquerda ou vai para a gaveta."

Vélez controla o terceiro maior orçamento ministerial, de R$ 122 bilhões. A Educação só fica atrás do Ministério do Desenvolvimento Social (R$ 499 bilhões) e do Ministério da Saúde (R$ 129 bilhões). Enquanto Vélez se enrola ao lidar com bolsonaristas, evangélicos, militares e olavetes, o Brasil segue sem conseguir alfabetizar suas crianças. E é preciso acabar com a inércia na pasta.

Pode-se imaginar que a faxina empreendida por Vélez, na qual demitiu seis secretários de uma só vez , motivou a sua demissão. Ou que chamar os brasileiros de canibais pode ter ofendido o presidente. Porém, sua gestão à frente do MEC também frustrou. Conforme mostrou a coluna Guilherme Amado , prestes a completar 100 dias, o Ministério da Educação do governo Bolsonaro tem programas e ações que não tiveram autorizado o pagamento de sequer um centavo. O valor para cobrir essas despesas também ainda não foi reservado no Orçamento. O Ministério da Educação afirmou que “a execução dessas ações não ocorre de forma linear”. A Pasta ainda disse que os recursos dos programas serão pagos “no decorrer do exercício financeiro, submetendo-se às regras e restrições eventualmente impostas aos gastos do governo federal”.

Ricardo Vélez Rodríguez, que pode cair na segunda-feira, 8, tem criado uma sensação de inépcia. E quem vier a substituí-lo terá de mudar o ritmo da pasta, pois há missões importantes para este mandato, conforme Aline Ribeiro e Ana Clara Costa mostraram na edição 1080 de ÉPOCA . Uma delas é tirar do papel a Base Nacional Comum Curricular, homologada em 2017 para as etapas da educação infantil e do ensino fundamental, e em 2018 para o ensino médio, que exigirá que todas as redes de educação do país, tanto públicas quanto particulares, revejam currículo, proposta pedagógica e programas de formação de professores. Outra é melhorar o sistema de financiamento da educação, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que terá de passar por uma revisão até 2020, ano-limite de sua vigência, estabelecido pela Constituição Federal.

De acordo com a Avaliação Nacional de Alfabetização, que mede o grau de domínio de conhecimentos de leitura, escrita e matemática realizada no terceiro ano do ensino fundamental, mais da metade dos alunos brasileiros não sabe ler de forma adequada, tampouco fazer contas, ao final dos oito anos. Só dois terços deles terminam o período sabendo escrever. Outro dado desalentador vem do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: em 2017, só 59,2% dos jovens brasileiros com 19 anos já haviam concluído o ensino médio. Ou seja, há muito o que se fazer para que a educação melhore. E mais do que isso. É preciso fazer rápido.

(Com informações de O Globo)

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