Genro do ex-deputado federal Pedro Corrêa é preso em Pernambuco

Laudo Aparecido Dalla Costa Ziani foi encontrado em seu apartamento, na Avenida Bernardo Vieira de Melo, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes

Por: Portal FolhaPE com Folhapress

Laudo Aparecido Dalla Costa Zaine sendo conduzido pela PF 
Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

O genro do ex-deputado federal Pedro Corrêa foi preso, nesta quinta-feira (3), em uma nova fase da Operação Lava Jato deflagrada pela Polícia Federal (PF) em Pernambuco e no Rio de Janeiro. Laudo Aparecido Dalla Costa Ziani foi encontrado em seu apartamento, na Avenida Bernardo Vieira de Melo, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes. Ele foi levado em uma viatura da PF para o Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes - Gilberto Freyre, de onde seguirá para o Rio de Janeiro, onde estão os demais presos e o material apreendido.

“Aqui em Pernambuco, no desdobramento dessa Operação Lava Jato do Rio de Janeiro, nós cumprimos um mandado de prisão preventiva aqui em Piedade e o outro está sendo cumprido em Petrolina (no Sertão). Mas é um mandado de busca e apreensão. Como Petrolina é circunscrição da Polícia Federal da Bahia, nós não temos maiores informações porque esse mandado está sendo cumprido pelos policiais federais da Bahia”, explicou o chefe de Comunicação da PF-PE, Giovani Santoro.

Santoro também explicou que maiores detalhes da participação do alvo serão dados em coletiva de imprensa, no Rio de Janeiro. Segundo o chefe de Comunicação da PF, o material apreendido vai ficar no Aeroporto esperando a hora para embarcar. “Há até a possibilidade de ele (Laudo) ser ouvido aqui mesmo pelo delegado que está dando cumprimento com os outros policiais a esse mandado de prisão preventiva. Pode ser ouvido aqui, esse depoimento encaminhado para lá, juntamente com todo o material que for apreendido”, disse. 

A Operação Rio 40 graus cumpre, ao todo, dez mandados de prisão em mais um desmembramento da Lava Jato. O ex-secretário municipal de obras na gestão de Eduardo Paes, Alexandre Pinto, está entre as nove pessoas presas no Rio de Janeiro. Também há um mandado de condução coercitiva em São Paulo. 

De acordo com a Polícia Federal, as investigações indicam o pagamento de pelo menos R$ 35,5 milhões. A operação é um desdobramento das delações de executivos da Carioca Engenharia. Não há referências ao ex-prefeito.

Fuzis e joias apreendidos

Ao todo, a pedido do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF-RJ), foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva, um de prisão temporária e 18 de busca e apreensão. De acordo com a PF, foram cumpridos dois dos três mandados de condução coercitiva que estavam previstos. Todos foram expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

Segundo a PF, houve a apreensão de armamentos, entre pistolas, fuzis, metralhadoras, espingardas e revólveres, dinheiro, obras de arte, veículos, relógios e joias. O material está sendo contabilizado e será periciado.

Além do ex-secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, que exerceu o cargo na gestão do prefeito Eduardo Paes, e do genro do Pedro Corrêa, Laudo Dalla Costa Ziani, representante do Ministério das Cidades, houve a prisão preventiva de fiscais de obras da secretaria. Também uma medida cautelar da 7ª Vara Federal para a condução coercitiva do ex-subsecretário de Obras, Vagner de Castro Pereira e do ex-presidente da Comissão de Licitação da Secretaria Municipal de Obras, Miguel Silva Estima.

Prefeitura

Por meio de nota, a prefeitura do Rio informou que recebeu “com indignação e preocupação a notícia do envolvimento de servidores na Operação Rio 40 Graus”. A administração municipal acrescentou que foi determinada a instauração de inquérito administrativo para apurar as responsabilidades dos funcionários envolvidos.

A prefeitura disse ainda que o ex-secretário de Obras, Alexandre Pinto da Silva, não exerce qualquer função na atual administração e que foi cedido à Câmara Municipal, ainda na gestão de Eduardo Paes, em 28 de dezembro de 2016.

Os servidores Alzamir de Freitas Araújo e Eduardo Fagundes de Carvalho foram exonerados imediatamente após a divulgação das informações da operação. Outro exonerado foi Carlos Frederico Peixoto Pires, que trabalhava na Fundação Rio Águas. “A prefeitura do Rio reafirma a determinação de desenvolver uma administração pública austera e transparente e se coloca à disposição das autoridades para colaborar na apuração dos fatos”, concluiu a nota.

A Operação Rio 40 Graus foi deflagrada a partir de um acordo de leniência da empresa Carioca Engenharia, uma das empreiteiras responsável pela construção do BRT Transcarioca. As apurações apontaram que o esquema de cobrança de propinas comandado por integrantes do PMDB no estado do Rio de Janeiro funcionava também na Secretaria Municipal de Obras da capital.

De acordo com o MPF, as obras da ligação da Penha ao aeroporto do Galeão foram contratadas por cerca de R$ 540 milhões e o pagamento de propina era feito em três frentes: ao Ministério das Cidades, ao secretário municipal de Obras e aos fiscais responsáveis pelo acompanhamento da obra.

Conforme as investigações, Laudo Dalla Costa Ziani pediu a Antonio Cid Campelo, representante da construtora OAS e do Consórcio Transcarioca Rio, o pagamento de 1% do valor do contrato para repassar a agentes públicos vinculados ao Ministério das Cidades para viabilizar a liberação dos recursos para o projeto. Para isso, foi identificado o pagamento de R$ 6,49 milhões por meio de contrato fictício com o escritório de advocacia de Vanuza Sampaio, que repassava os valores a Laudo e cuja prisão preventiva também foi decretada.

Ainda segundo o MPF, funcionava um esquema semelhante nas obras de recuperação ambiental da Bacia de Jacarepaguá, que teve custo inicial estimado em R$ 230 milhões. A obra foi executada pelo Consórcio Rios de Jacarepaguá, composto pela Carioca Engenharia e pela Andrade Gutierrez. O acerto de pagamento de propina era de 1% para Alexandre Pinto e 3% para serem divididos entre os fiscais Carlos Frederico Peixoto Pires, Antonio Carlos Bezerra e Alexandre Luiz Aragão.

Pelos cálculos do MPF, as propinas pedidas às empreiteiras totalizaram R$ 27 milhões nas obras da Transcarioca e pouco mais de R$ 9 milhões nas obras de Recuperação Ambiental da Bacia de Jacarepaguá, mas não chegaram a ser integralmente pagas.

Outro lado

Em nota, o Ministério das Cidades informou que até o momento não foi notificado e não teve acesso ao teor das investigações realizadas no âmbito da Operação Rio 40 Graus. Ressaltou, porém, que a pasta "já está tomando as devidas providências em busca da apuração interna dos fatos".

Sobre a prisão do ex-secretário, o ex-prefeito Eduardo Paes disse em nota que a nomeação dele não teve motivação política. "O Alexandre Pinto é um servidor de carreira da prefeitura do Rio. A política não teve qualquer relação com sua nomeação para a função de secretário de obras. Ao contrário! Caso confirmadas as acusações, será uma grande decepção o resultado dessa investigação."

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