Encontro reafirma compromisso com políticas públicas saudáveis

Evento anual da Rede Pernambucana de Municípios Saudáveis ocorreu nesta quinta-feira (24/11) na sede da Agência Condepe/Fidem

O XIV Encontro Anual da Rede Pernambucana de Municípios Saudáveis, realizado nesta quinta-feira (24/11), no auditório da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco - Condepe/Fidem, teve como ponto principal a apresentação de cinco experiências exitosas realizadas em comunidades dos municípios integrantes da Rede. O evento reuniu cerca de sessenta participantes, entre gestores públicos, associações e promotores da saúde, com o objetivo de trocar informações sobre ações que estão sendo executadas, com foco na inclusão social e no fortalecimento das potencialidades locais. Na programação constaram, ainda, a exibição de vídeos sobre o tema e uma roda de debates. 

O diretor executivo de apoio à gestão Regional e Metropolitana da Agência Condepe/Fidem, Luciano Pinto, representou o presidente da entidade, Flávio Figueiredo, na solenidade de abertura. Compuseram a mesa também o representante da Reitoria da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Paulo Santana, a coordenadora do Núcleo de Saúde Pública - NUSP/ UFPE, Socorro Freire, o professor Francisco Amâncio, presidente da Associação Nordestina de Ex- Bolsistas e Estagiários do Japão - Anbej, além dos prefeitos eleitos de Águas Belas, Luiz Aroldo, e de Cumaru, Mariana Mendes, e do vereador eleito de Barra de Guabiraba, Josenildo Marcelino.

Luciano Pinto comentou a satisfação de o encontro ser sediado na Agência Condepe/Fidem e disse que “Municípios Saudáveis” é um mecanismo que visa a melhorar a qualidade de vida das comunidades “a partir do que há de bom, valorizando o poder do grupo através da criatividade e do talento de cada pessoa”. Ressaltou ainda que a Agência Condepe/Fidem vem atuando na Rede por meio de ações que promovem o desenvolvimento local e a promoção da saúde como o artesanato, capacitações, planos diretores saudáveis e planos regionais de desenvolvimento, valorizando os princípios essenciais da Rede: participação, solidariedade, inter-setorialidade, elevação da autoestima, entre outros. Na ocasião, anunciou que está garantida a participação dos artesãos ligados à Rede na Feira de Artesanato - na Fenearte 2017, com o apoio da Agência Condepe/Fidem.

Já Paulo Santana destacou a importância da agenda de mobilização social e a inter-setorialidade da Rede e a coordenadora do Nusp, Socorro Freire, enfatizou o papel do município na iniciativa. “Quem executa as ações são os municípios, o estado é apenas o facilitador do processo”, disse.

PROGRAMAÇÃO - A mesa que tratou das experiências exitosas foi coordenada por Socorro Freire e pela gestora técnica da Agência Condepe/Fidem, Cláudia Melo. As experiências trataram especialmente do empoderamento da população, em prol do fortalecimento da Rede: Valéria Vanderley, da Associação dos Artesãos de Goiana; Luciene Joaquim e Maysa Rodrigues, representantes de Águas Belas (assessoria especial de Assuntos para Mulheres); e, Maryjean Rodrigues, de Barra de Guabiraba. A última foi feita por Wendes Oliveira, que é secretário de Administração e Planejamento da prefeitura de Sairé (com o tratamento do lixo).

Também houve a exibição de dois vídeos: “Experiência da comunidade de Várzea Queimada, do Piauí – Experiências: espírito, matéria e transformação”; e, o vídeo “Capital natural - Fernando Gabeira”, com conceitos de capital social e humano. Já a roda de conversa tratou do

tema “Quais as experiências em municípios saudáveis que desenvolvemos” e foi coordenada pela técnica da Agência Condepe/Fidem, Célia Trindade, e por Maria José, do NUSP/UFPE.

Para a artesã Sheila Oliveira, da Associação dos Artesãos de Palmares, na Mata Sul, o apoio da Rede é muito importante para transformar a sua comunidade. Ela conta que os catadores de lixo agora passam a trabalhar o artesanato com o material reciclado, como as garrafas pet, que são comercializados em feiras, o que gera uma nova fonte de renda. “Já fomos por dois anos consecutivos comercializar os produtos na Fenearte, onde recebemos capacitação mais específica e temos aprimorado a técnica de fabrico”, revela Sheila Oliveira.

A experiência de Sairé

Dentre as experiências apresentadas, destacou-se a do município de Sairé (no Agreste) que vem tratando com mais ênfase do tema gestão ambiental. No local, foi criado o programa Sairé mais Saudável, com políticas públicas voltadas para a melhoria da qualidade de vida.

Segundo a diretora de Articulação e de Apoio ao Desenvolvimento Regional da Agência Condepe/Fidem, Graça Tavares, Sairé foi um dos cinco municípios onde houve o projeto piloto dos Municípios Saudáveis. “Foi onde foi elaborado o 1º Plano Diretor Saudável”, lembrou. Nele procura-se adotar um modelo de cidade saudável buscando a inter-setorialidade e o desenvolvimento de políticas de promoção de saúde, com metas voltadas para a preservação ambiental e o atendimento à população com saneamento básico e drenagem. “A saúde deveria ser a base de todas as políticas”, disse o secretário de Planejamento de Sairé, Wendes Oliveira.

Dentro das políticas públicas saudáveis desenvolvidas em Sairé está a do tratamento do lixo, que teve projeto piloto desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, e serve de modelo para outros municípios. A Unidade de Tratamento e Compostagem (UTC), implantada em 2006, recebe em média seis toneladas de lixo produzidas, diariamente, em Sairé.

O material orgânico passa por processo de compostagem e vira adubo - depois de dois a três meses, que é usado por moradores e pela prefeitura. Já o material reciclável é vendido, gerando emprego e renda. Segundo Wendes Oliveira, em quatro anos a cidade já foi visitada por mais de 80 prefeituras de outros estados e também de outros países, a exemplo da Bolívia.

A cidade de cerca 11 mil habitantes conta com a colaboração de todos para a manutenção de um município limpo. Além da UTC, outras práticas são desenvolvidas nas mais diversas áreas e cuidar do lugar onde se mora já se tornou comum e vital para a população. As lixeiras instaladas há dois anos, por exemplo, permanecem onde foram colocadas; o lixo não é jogado no meio da rua e os resíduos deixados por animais são recolhidos por moradores, que também costumam colaborar aguando plantas em espaços públicos, ainda que o município disponibilize funcionários para isso.

Para 2017, as metas municipais são realizar a coleta seletiva em todo o município (lixo orgânico e inorgânico); promover o turismo rural saudável; implantar novos eco-parques (onde as pessoas caminham, praticam esportes e desfrutam da natureza).