Sob pressão, Temer tende a adiar envio de projeto da reforma da Previdência

Adriano Machado/Reuters


VALDO CRUZ/FOLHA DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA


Depois de prometer enviar a reforma da Previdência Social antes da eleição municipal, o presidente Michel Temer, pressionado por aliados e assessores, deve recuar e transferir o encaminhamento da medida ao Congresso para novembro.

A decisão será tomada no seu retorno da China, quando ele promete avaliar e acatar o pedido dos aliados desde que sua base aliada dê em contrapartida um compromisso de cumprir prazos e até acelerar a tramitação da reforma no Legislativo.

Temer chega nesta terça-feira (6) da viagem à China, onde participou da reunião do G20, na cidade de Hangzhou. A tendência é deixar a reforma para depois das eleições. O tema deve ser tratado de forma fatiada. Será enviada primeiro uma proposta de emenda constitucional. Depois, projetos de lei com mudanças que não dependem de alteração na Constituição, como a regra de cálculo.

CAVALO DE BATALHA

O PSDB, partido que tem cobrado do presidente uma posição mais assertiva na defesa das medidas fiscais, não pretende transformar o adiamento num "cavalo de batalha" e espera pelo menos que Temer fixe uma data e um cronograma para a reforma da Previdência Social.

A proposta de deixar o envio da reforma para depois das eleições foi explicitada pelo presidente interino, Rodrigo Maia. "Vai mandar para quê? Para ficar parada? É uma decisão inútil", afirmou à Folha Maia, que volta a ocupar a presidência da Câmara dos Deputados nesta terça com o retorno de Temer ao Brasil.

Segundo ele, a Câmara só irá retomar a agenda de votações em outubro, após o primeiro turno das eleições.

O receio da base aliada é com os ataques que a medida irá despertar durante o período eleitoral. Na mesma linha de Maia, assessores dizem que de pouco adiantará encaminhar a reforma ainda neste mês, porque o Congresso, em ritmo de recesso branco no período das eleições, não irá analisar o assunto nesta fase.

ERRO

Reservadamente, a equipe de Temer tem a avaliação de que ele errou ao prometer encaminhar a reforma antes das eleições diante das pressões do mercado. Inicialmente, estava praticamente certo que a reforma da Previdência ficaria para depois do período das eleições municipais.

Temer, porém, quis dar uma resposta política de que, na condição de efetivo, mudaria de estilo e enviaria a proposta da reforma da Previdência ao Congresso. Internamente, já havia até uma data marcada para o envio da medida, 20 de setembro.

Nesta segunda-feira (5), na China, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) também evitou transformar o tema num conflito interno no governo. "A reforma da Previdência é uma coisa que terá efeito por décadas. Portanto, não é algo que um ou dois meses, uma semana, que vai fazer grande diferença."

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