Crise no Hospital Barão de Lucena: Cremepe interdita parcialmente devido a desabastecimento de insumos

Na última quinta-feira (18), o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) anunciou uma "interdição ética parcial" no Hospital Barão de Lucena, localizado no Recife. A medida foi tomada em virtude do que o conselho identificou como um "grave desabastecimento de insumos", comprometendo a capacidade de atendimento da instituição que, em tempos passados, foi referência no estado, recebendo cerca de 10 mil pacientes por mês.

O presidente do Cremepe, Mário Jorge Lobo, destacou que a decisão foi motivada pela dificuldade da gestão pública em fornecer medicamentos, insumos e materiais básicos necessários para o funcionamento adequado do hospital. Lobo ressaltou a urgência na busca por manutenção de cirurgias, evidenciando fragilidades na logística da instituição.

A interdição ética parcial baseia-se em diversos princípios do Código de Ética Médica, além de normativas específicas relacionadas à fiscalização da medicina no Brasil. A possibilidade de interdição já havia sido notificada à direção do hospital no último mês de dezembro, dando um prazo de 30 dias para a resolução dos problemas apontados pelo Cremepe.

O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) também se manifestou, destacando que o hospital expõe profissionais e pacientes a riscos devido às condições precárias.

Em resposta à situação, Sebastião Oliveira, presidente estadual do AVANTE e médico, emitiu uma nota expressando sua preocupação. Ele afirmou que o governo de Pernambuco, notificado no final do ano passado, mostrou-se incapaz de resolver os problemas sérios apontados pelo Cremepe. Oliveira criticou a falta de prioridade da governadora Raquel Lyra em relação à saúde pública, citando a época em que ela comandou a Prefeitura de Caruaru.

Segue a nota completa de Sebastião Oliveira:

"É estarrecedora a notícia de que o Cremepe interditou parte dos serviços oferecidos pelo Hospital Barão de Lucena, onde tive a honra de exercer a medicina. Notificado no final do ano passado, o Governo de Pernambuco se mostrou incapaz de resolver os sérios problemas apontados. Com isso, a população paga um preço alto, já que a unidade hospitalar é uma das principais da Rede Estadual de Saúde e atende pacientes de todas as regiões pernambucanas.

É inadmissível que em tempos atuais, as pessoas sejam obrigadas a conviver com a triste realidade da falta de medicamentos e insumos básicos. À época em que comandou a Prefeitura de Caruaru, a governadora Raquel Lyra já havia mostrado que tratar da saúde do povo não faz parte das suas prioridades. O descaso e a inoperância continuam sendo marca magistrada da sua atuação na área."

A crise no Hospital Barão de Lucena levanta questões sobre a eficiência da gestão pública na provisão de recursos essenciais para a saúde, deixando a população em situação vulnerável diante da possível paralisação de serviços médicos essenciais.


Em nota, a Secretaria de Saúde de Pernambuco informou que os atendimentos na urgência e emergência estão mantidos normalmente na unidade.

Confira o comunicado na íntegra:

"A diretoria do Hospital Barão de Lucena, vinculado à Secretaria Estadual de Saúde, informa que os atendimentos na urgência e emergência estão mantidos normalmente na unidade, além dos procedimentos eletivos de cirurgia vascular e oncológicos.

Uma força-tarefa já foi montada para otimizar a compra de insumos e evitar o desabastecimento no HBL.A diretoria decidiu na data de ontem (16/01) que casos específicos de cirurgias eletivas de baixa e média complexidade estão sendo reavaliados e se for necessário pacientes serão redirecionados para outras unidades da rede de saúde.

A diretoria informa ainda que a decisão não afetará a assistência a estes pacientes e que com a regularização dos estoques o atendimento das eletivas será normalizado."

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Em novo caso de nudez, corredora sai pelada em Porto Alegre

Multinacional portuguesa Politejo vai instalar nova fábrica em Pernambuco

Foragido que fez cirurgia e mudou de identidade é preso comprando casa na praia