A naturalização da desigualdade: Por que o brasileiro defende tanto os bancos e bilionários?



Este artigo está baseado em publicação do Instagram Iconografia da História, escrito por @joelpaviotti e @adriana.depaula.1409onde eles tratam da  exploração como tendência preocupante e as razões subjacentes que explicam por que o brasileiro defende tanto os bancos e os bilionários.

Em um país marcado pela desigualdade social e pela concentração de renda, é surpreendente observar a defesa fervorosa dos brasileiros em relação aos bancos e bilionários. Mesmo diante de evidências de juros abusivos e práticas financeiras questionáveis, muitos indivíduos encontram justificativas para proteger essas instituições e figuras poderosas. 

Desigualdade como estrutura estamental
O Brasil é uma nação que historicamente perpetua a desigualdade social. Com uma estrutura estamental que dificulta a mobilidade entre as classes, as chances de nascer em uma determinada posição social e permanecer nela são extremamente altas. Essa realidade torna-se análoga às sociedades estamentais medievais, nas quais a mobilidade social era quase impossível. Assim, o país é construído de forma a manter a elite no topo e a classe mais baixa em sua posição desfavorecida.

A ilusão da ascensão social
Diante dessa realidade de desigualdade estrutural, cria-se uma rede de informações e discursos que fazem o indivíduo acreditar que é possível alcançar a riqueza trabalhando para os outros, adquirindo cursos de gurus financeiros ou simplesmente se esforçando mais. Essa narrativa alimenta a esperança daqueles que desejam ascender socialmente, mas estão presos em suas condições socioeconômicas. No entanto, essa crença é uma grande falácia, perpetuada por aqueles que se beneficiam do sistema desigual e buscam manter a esperança viva, mesmo que ilusória.

A manipulação da identificação
Uma face cruel da manipulação é fazer com que o indivíduo acredite que tem afinidade ou identificação com a classe abastada, exceto pela falta de recursos financeiros. A raiva em defesa dos bancos e bilionários surge como uma forma de preservar a própria esperança e não abrir mão do sonho de um dia chegar a essa posição social privilegiada. É um mecanismo que, estrategicamente, busca evitar que o indivíduo critique aqueles que estão acima dele, temendo que, ao fazê-lo, também esteja prejudicando suas próprias aspirações futuras.

A naturalização da desigualdade
Nesse contexto, a defesa dos juros abusivos praticados pelos bancos é um sintoma da naturalização da desigualdade no Brasil. Aceitar como normal que uma instituição financeira cobre três vezes mais do que emprestou é um reflexo da desigualdade internalizada e da crença de que os menos favorecidos não se esforçaram o suficiente para mudar sua condição social. Essa mentalidade é profundamente prejudicial, pois perpetua o ciclo de desigualdade e dificulta a busca por uma sociedade mais justa e equitativa.

Concluímos que a defesa fervorosa dos bancos e bilionários por parte de alguns brasileiros é resultado de um complexo processo de manipulação e internalização da desigualdade social. A estrutura estamental do país, aliada à ilusão de ascensão social e à identificação com a classe abastada, cria um cenário em que muitos indivíduos defendem aqueles que estão no topo da pirâmide econômica, mesmo quando suas práticas são prejudiciais para a maioria da população.

Para romper com esse ciclo de desigualdade, é fundamental que os brasileiros se conscientizem da manipulação a que estão sujeitos e reconheçam a importância de questionar as práticas abusivas dos bancos e a concentração de riqueza nas mãos de poucos. É preciso promover um debate crítico sobre as desigualdades sociais e econômicas, buscando alternativas que promovam a justiça e a equidade.

Enquanto sociedade, é fundamental questionar os privilégios injustos e exigir mudanças que beneficiem a todos, não apenas uma elite poderosa. Somente através do reconhecimento da desigualdade como um problema estrutural e da busca por soluções coletivas poderemos construir um país mais justo, onde a defesa dos interesses da maioria prevaleça sobre a proteção dos interesses de poucos.

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