Congresso quer demissão de Ernesto Araújo mesmo se Filipe Martins for exonerado

Na Câmara e no Senado, situação de ministro é considerada insustentável, mesmo com afastamento de assessor

Por Agência O Globo | | Agência O Globo

Roque de Sá/Agência Senado
Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores

A cúpula do Congresso já enviou recados ao Palácio do Planalto de que não haverá pacificação enquanto o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo , não for demitido. Mesmo com a disposição de Jair Bolsonaro para exonerar o assessor especial da Presidência, Filipe Martins , as cobranças vão continuar. Um dos principais formuladores da política de relações internacionais, Martins foi flagrado fazendo gesto associado à extrema-direita em audiência do Senado.

Integrantes do núcleo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmam que é como se Ernesto Araújo fosse o "elefante" na sala e, Martins, a "formiga". Enquanto o primeiro atrapalha a política externa e, com isso, afeta a importação de insumos e vacinas, o segundo teve conduta inadequada durante sessão do Senado e fez um gesto passível de investigação. Segundo um aliado de Pacheco, não vai ser "tirando a formiga da sala e deixando o elefante que o problema estará resolvido".

Parlamentares ligados ao governo disseram ao GLOBO que a solução para o impasse ainda vai demorar a ser resolvida. Avaliam que, se Ernesto Araújo for mesmo demitido, isso só ocorrerá "mais para frente".

Por meio de um interlocutor, foi levado ao presidente da República, Jair Bolsonaro, o recado de que Ernesto não pode estar à frente do Itamaraty em um momento em que o Brasil precisa da diplomacia para importar insumos e vacinas.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não vê qualquer condição de o chanceler atuar e ser "respeitado", por exemplo, por diplomatas chineses e americanos. Em outra frente, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-RJ), também indicou que não mudará o discurso em relação à política externa de Bolsonaro, que considera desastrosa.

O senador tenta até mesmo fazer uma ponte com a Organização das Nações Unidas (ONU) para antecipar doses do consórcio Covaxi Facility.Entre os senadores, há percepção de que o Brasil hoje é um país isolado, sem condições de dialogar com nações e organismos internacionais.

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A ideia de Pacheco é enviar nos próximos dias uma carta ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o português António Guterrez. Segundo fonte próxima ao presidente do Senado, ele já redigiu o documento. Parlamentares avaliam que a pauta "antiglobalista" promovida por Ernesto Araújo fechou as portas para o diálogo do Brasil na ONU.

- Na diplomacia, a imposição ideológica deve dar lugar à construção de pontes para firmar os acordos possíveis. Precisamos dialogar com capitalistas, com comunistas, com todos - diz Celso Sabino (PSDB-PA), integrante do grupo político de Lira.

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