Julian Assange, cofundador do Wikileaks, é preso em Londres após Equador retirar asilo diplomático

EL PAÍS
AGÊNCIAS
Londres / Madri

Segundo o presidente equatoriano, o Reino Unido lhe garantiu por escrito que Assange não será extraditado "a um país em que possa sofrer torturas ou pena de morte"


A Polícia Metropolitana do Reino Unido prendeu, nesta quinta-feira, Julian Assange, cofundador do Wikileaks, após o Equador lhe retirar o asilo diplomático, segundo divulgou a própria polícia via Twitter. O presidente de Equador, Lenín Moreno, também confirmou na rede social que retirou o asilo diplomático a Assange, que estava desde junho de 2012 na Embaixada equatoriana em Londres. Na mensagem, o mandatário também incorporou um vídeo em que afirma que solicitou ao Reino Unido "a garantia de que o senhor Assange não seria extraditado a um país no qual pudesse sofrer torturas ou pena de morte". "O Governo britânico confirmou por escrito em cumprimento de suas próprias normas", acrescenta Moreno.

Em 2012 Julian Assange teve a prisão decretada por uma ordem europeia emitida pela Suécia. O país escandinavo fez o pedido com base em duas acusações de supostos delitos sexuais, que depois não prosperaram. Assange se refugiou, então, na Embaixada do Equador em Londres em junho daquele ano e, depois de dois meses, o então presidente equatoriano, Rafael Correia, concedeu-lhe asilo. Depois, concedeu também a nacionalidade equatoriana.
Com a saída de Correia da presidência em 2017 e a chegada de Lenín Moreno, as relações entre Assange e o Equador deterioraram-se até o ponto de lhe suspenderem o direito de se comunicar  — algo que, pontualmente, já ocorria em época de Correia — e impedirem visitas, salvo as de seus advogados. O último episódio foi a retirada do asilo diplomático: "O Equador decidiu soberanamente retirar o asilo diplomático a Julian Assange por violar reiteradamente convenções internacionais e protocolo de convivência", escreveu o presidente equatoriano nesta quinta-feira em um tuite. "Conceder asilo ou retirá-lo é faculdade soberana do Estado equatoriano", acrescentou Moreno.
A Polícia Metropolitana prendeu Assange na própria Embaixada equatoriana na capital britânica, situada em Hans Crescent, segundo uma ordem de o Tribunal de Magistrados de Westminster do 29 de junho de 2012. O cofundador de Wikileaks, uma organização que publicou milhares de documentos secretos norte-americanos, foi posto ao dispor da polícia antes de comparecer ao tribunal.
O Wikileaks escreveu em sua conta oficial no Twitter que "Equador encerrou de forma ilegal o asilo político concedido a Assange em violação ao Direito Internacional". O site destacou que "Julian Assange não saiu da embaixada" e "o embaixador equatoriano convidou a policial britânica para entrar".

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