Mendonça vai à Justiça contra curso da UNB sobre 'o golpe de 2016'

Do Blog da Folha

Mendonça Filho (DEM) - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Inconformado com a criação do curso sobre “o golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”, oferecido pela Universidade de Brasília, o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), prometeu acionar, nesta quinta-feira (22), a Advocacia Geral da União (AGU), a Controladoria Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF).

A disciplina, que consta na grade do curso de graduação em Ciência Política, visa abordar o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e a “agenda de retrocessos” relacionada ao governo Michel Temer. Além disso, pretende “perscrutar os desdobramentos da crise em curso e as possibilidades de reforço da resistência popular e de restabelecimento do Estado de direito e da democracia política no Brasil”.

Mas, na visão, do ministro, “não se pode ensinar qualquer coisa”. “Eu respeito a autonomia universitária e reconheço a importância da UnB, mas não se pode ensinar qualquer coisa. Se cada um construir uma tese e criar uma disciplina, as universidades vão virar uma bagunça geral. A respeitabilidade no ambiente acadêmico fica na berlinda”, colocou Mendonça Filho, nas redes sociais.

Na sua opinião, “toda disciplina precisa ter base científica — mesmo na área de ciências sociais”. “Não é uma questão de opinião, nem de reverberar a tese petista sobre o impeachment de Dilma Rousseff. Eu, por exemplo, tenho autonomia para dirigir o MEC, mas não posso transformar a pasta em instrumento de apoio ao meu partido ou a qualquer outro partido”, colocou, em seu post. Ao acionar os órgãos federais, Mendonça pretende “apurar se há algum ato de improbidade administrativa ou prejuízo ao erário a partir da disciplina”. “É preciso elucidar esse episódio”, completou.

O curso

A disciplina do Instituto de Ciência Política (Ipol) foi publicado no site do Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades (Demodê) da UnB. As aulas, que serão ministradas no primeiro semestre deste ano pelo professor Luis Felipe Miguel, englobam questões como o período de vigência do regime militar (1964-1985) e o “novo sindicalismo”, com o surgimento do PT, após a redemocratização. Além disso, abordam os desdobramentos as manifestações de rua realizadas em 2013, até a destituição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), com a consolidação do impeachment, em 2016. Por fim, trata do governo Michel Temer e suas idiossincrasias.

Em sua página nas redes sociais, o professor explicou que o curso é uma “disciplina corriqueira, de interpelação da realidade à luz do conhecimento produzido nas ciências sociais". Além disso, colocou que a disciplina não abre mão do “rigor científico” ou adere “a qualquer tipo de dogmatismo”. Ele é doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador do CNPq. Já de acordo com a UNB, “a proposta de criação de disciplinas, bem como suas respectivas ementas, é de responsabilidade das unidades acadêmicas, que têm autonomia para propor e aprovar conteúdos, em seus órgãos colegiados". Segundo a universidade, as aulas são facultativas e não fazem parte da grade obrigatória.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Em novo caso de nudez, corredora sai pelada em Porto Alegre

Multinacional portuguesa Politejo vai instalar nova fábrica em Pernambuco

Foragido que fez cirurgia e mudou de identidade é preso comprando casa na praia