Paulo Câmara reclama de “politização” de movimento de PMs e diz que greve seria “irresponsabilidade”

Foto: Ashlley Melo/JC Imagem

Do Blog de Jamildo

Diante da insatisfação de associações sobre o projeto de lei do reajuste de policiais e bombeiros militares, o governador Paulo Câmara (PSB) afirmou, em entrevista à Rádio Jornal, nesta terça-feira (7), que há desconhecimento sobre a proposta da gestão estadual e que lideranças dessas entidades tentam “politizar” o movimento da categoria. “Segurança pública é um assunto muito sério. O esforço está sendo muito grande, é uma irresponsabilidade diante do esforço financeiro que estamos fazendo”, disse. “A gente tem que ter responsabilidade. Não há motivo para greve e greve de policiais militares é ilegal.”

“Eu não vou admitir que pessoas que desconhecem o projeto, pessoas irresponsáveis, possam falar sem entender o esforço que estamos fazendo”, disparou Paulo Câmara.
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Foram concedidos aumentos entre 25% e 40% para os policiais e bombeiros em três parcelas que deverão ser pagas até o fim de 2018. Esse reajuste representará uma despesa cerca de R$ 300 milhões maior para os cofres estaduais só em 2017. O projeto foi publicado no Diário Oficial desta terça-feira (7) e está tramitando na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), onde provocou bate-boca entre os deputados na sessão plenária dessa segunda-feira (6).

As associações militares têm defendido a equiparação dos salários de PMs e bombeiros aos dos policiais civis. O presidente do Clube dos Oficiais de Pernambuco, coronel Josué Limeira, chegou a afirmar que as duas corporações seriam as “primas pobres” da segurança pública no Estado, enquanto a outra polícia seria uma “prima rica”. O presidente da Associação de Cabos e Soldados, Albérisson Carlos, chegou a questionar se o aumento seria verdadeiro.

Paulo Câmara defendeu que o projeto de lei encaminhado pelo governo à Alepe dá o nivelamento entre as categorias. “É só olhar quanto vai ganhar um agente e um soldado, um delegado e um coronel”, afirmou.


“Mas as pessoas não querem nem se dar o trabalho de olhar o projeto. Esse é um discurso vazio. Estão politizando uma organização que não pode ser politizada, que tem que ser tratada com hierarquia e disciplina. Nós não vamos baixar a cabeça para essas pessoas que querem trabalhar no ‘quanto pior melhor’. Segurança pública é uma coisa muito séria”, frisou. “Não há sentido de gastar R$ 300 milhões sem que a corporação entenda que isso é benéfico, que isso encontra as reivindicações deles.”

Hoje, o salário de um agente da Polícia Civil é de R$ 3,7 mil e vai para R$ 3,9 mil em 2018, de acordo com o Plano de Cargos e Carreiras aprovado no fim do ano passado.

Para pressionar Paulo Câmara, os policiais militares estão há dois meses em ‘operação padrão’, em que a tropa não cumpre o Programa de Jornadas Extras de Segurança (PJES), reduzindo o efetivo nas ruas. Em dezembro, as Forças Armadas chegaram a ser enviadas a Pernambuco para auxiliar na segurança. Nessa segunda-feira (6), os oficiais decidiram também aderir à mobilização.

O governador reconheceu que situação da criminalidade em Pernambuco não é de tranquilidade. “Em nenhum momento Pernambuco teve uma situação confortável em relação à violência, mesmo quando os índices caíram, e caíram muito desde 2007 (ano em que foi implantado o Pacto pela Vida, programa de segurança que era vitrine do governo Eduardo Campos)”, disse o afilhado político do ex-governador socialista.

Questionado sobre as condições de trabalho dos policiais, após reclamações de que haveria coletes à prova de balas e viaturas com IPVA vencido, Paulo Câmara afirmou que “pode haver alguns lotes que a licitação (dos carros) tenha atrasado e esteja com boletos vencidos” e prometeu sanar esses problemas, que considera isolados. “Hoje isso faz com que a população esteja sofrendo. Tem que dar prioridade ao que a população quer respostas e a segurança pública é uma delas”, disse o socialista.

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