Risada marcante de Selma do Coco é lembrança viva em enterro

Do Diario de Pernambuco

Após o velório, no Clube Vassourinhas, o corpo da artista seguiu em cortejo até o Cemitério de Guadalupe, onde foi sepultado

Nomes da cultura pernambucana, como Lia de Itamaracá, Naná Vasconcelos, Ed Carlos, Silvio Botelho e Mestre Galo Preto, prestaram homenagens à cantora (Foto: Vitor Tavares/G1)

Familiares, amigos e fãs da coquista Selma do Coco se despediram da artista no Cemitério de Guadalupe, em Olinda, na tarde deste domingo, ao som do ritmo que a consagrou. A cantora e compositora morreu aos 85 anos de falência múltipla dos órgãos após 29 dias de internamento no Hospital Miguel Arraes, no Paulista. Ela deu entrada na unidade de saúde por ter fraturado o fêmur em uma queda no banheiro de casa.

Saiba mais...

O corpo de Selma foi velado no Clube Vassourinhas de Olinda e seguiu em cortejo para o sepultamento em Guadalupe. Moradores da região saíram de suas casas para dar adeus ao ícone da cultura popular pernambucana. Os netos carregaram o caixão enquanto a multidão entoava as músicas, incluindo "A Rolinha", seu maior sucesso. Uma das características mais marcantes da artista, a risada, é repetida por fãs durante a cerimônia.

O coquista Mestre Galo Preto, Patrimônio Vivo de Pernambuco, se despediu com versos inéditos. "Hoje é o Dia das Mães. Selma era mãe também. Mas um chamado de Deus, está partindo para o além. Nossa rainha do coco baixa hoje a sepultura pois foi uma grande perda para toda nossa cultura", recitou.

Selma do Coco

Nascida em 1929, em Vitória de Santo Antão, Selma começou a carreira artística nos anos 1990. A cantora se mudou para o Recife aos dez anos e morou em Olinda posteriormente, onde vendia tapioca. O início da trajetória teve relação com o Manguebeat, sobretudo Chico Science. Em 1996, ela se apresentou, pela primeira vez para grande público, no palco do festival Abril Pro Rock. 

A consagração veio com o hit "A rolinha", sucesso nos carnavais do final dos anos 1990. O primeiro disco, "Minha história", saiu em 1998. Nas letras, a cantora faz questão de reafirmar suas origens. "Eu moro em Olinda, canto coco há muitos anos, em todo canto, que beleza!".

O sucesso de Selma do Coco serviu de inspiração para o minidocumentário "Som da Rua", lançado em 1997 por Roberto Berliner. No filme, Selma fala sobre as influências e origens do coco. Ganhou Menção Especial do Juri no Mostra Internacional do Filme Etnográfico/RJ - 1998, além do prêmio Sol de Prata no Rio Cine, em 1997.

Dona Selma também foi atração do prestigiado festival de jazz de New Orleans, nos EUA. Ela representou o Brasil na edição de 2001, ao lado de nomes como Hermeto Pascoal, Chico César, Cascabulho e o Maracatu Nação Pernambuco.

Em 2008, a cantora foi agraciada com o título de Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco, um reconhecimento pelo trabalho desempenhado no âmbito da cultura pernambucana. Em agosto de 2010, foi homenageada pelo Ministério da Cultura e pelas comemorações dos 22 anos da Fundação Palmares, como uma das divas da cultura negra brasileira (Afro-brasileira), na área do segmento artístico, perdendo apenas, em votação online, para Chica Xavier, atriz consagrada e estrela global.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Em novo caso de nudez, corredora sai pelada em Porto Alegre

'Chocante é o apoio à tortura de quem furta chocolate', diz advogado que acompanha jovem chicoteado

Foragido que fez cirurgia e mudou de identidade é preso comprando casa na praia