Marília Arraes propõe projeto para mudar nome de ruas que homenageiam líderes da ditadura militar

Do NE10

Projeto é parecido com um que foi aplicado recentemente no Maranhão, onde dez escolas que faziam homenagem a personalidades que constam no Relatório Final da Comissão da Verdade terão os nomes modificados. Foto: divulgação.

A vereadora do Recife pelo PSB Marília Arraes apresentou à Câmara Municipal um projeto que pretende mudar nomes de ruas da capital pernambucana que fazem referências a integrantes e lideranças da ditadura militar no Brasil (1964/1985).

O projeto da socialista é semelhante a um que já havia sido apresentado em 2012, mas que precisou ser substituído por questões regimentais. No novo texto, o projeto de lei 040/2012 pretende remover das ruas, logradouros e equipamentos públicos os nomes de personagens como os ex-presidentes Artur da Costa e Silva (cujo mandato foi de 1967 a 1969) e Emílio Garrastazu Médici (1969-1974).

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Além disso, Marília Arraes também sugere, através de um decreto legislativo, que títulos e comendas conferidos a personalidades e que lideraram o golpe de 1964 sejam cassados.

A Comissão Estadual da Verdade deverá ser consultada com a intenção de esclarecer a participação de militares e torturadores, sendo essa consulta dispensada em casos notórios.

O projeto prevê que a nova denominação das ruas vai priorizar “nomes que remetam a fatos ou a pessoas relacionadas à luta pela liberdade, pela à democracia e pelos direitos humanos”.

Além disso, a vereadora também propõe que na nova placa afixada com o nome da rua estejam a seguinte inscrição: “Esta rua teve seu nome alterado em respeito a todos aqueles que lutaram contra a repressão e porque a população do Recife não admite homenagens ao governo golpista e ditatorial de 1964. Viva a democracia e a liberdade!”.

“Trata-se de fazer jus à história e à memória de tantos que tombaram na luta pela democracia. E é também um alerta, uma vez que, nos últimos dias, temos visto com preocupação os pedidos por uma intervenção militar no Brasil”, disse a vereadora, justificando ainda que, na Alemanha, quem clama pela volta do Nazismo é punido.

A ação de Marília Arraes é parecida com uma que foi aplicada recentemente no estado do Maranhão, onde dez escolas que faziam homenagem a personalidades que constam no Relatório Final da Comissão da Verdade terão os nomes modificados.

Marília Arraes é neta do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes. Preso pela ditadura militar no dia do golpe (1º de abril de 1964). Arraes foi deposto pelo novo Regime e, libertado em 1965, viveu em exílio na Argélia. O ex-governador só retornou ao Brasil em 1979, após a concessão de anistia.

Miguel Arraes morreu em agosto de 2005 e era avô do também ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

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