Vereador propõe suspensão do Carnaval para conter crise hídrica em São Paulo

Por David Shalom , iG São Paulo

Em entrevista ao iG, ex-candidato a governador Gilberto Natalini (PV) diz que, apesar dos impactos financeiros, cidade não tem condições de promover grandes eventos em 2015

As chuvas tão esperadas para o verão não vieram. A cada dia, os reservatórios que abastecem a capital paulista perdem volume. Devido à situação, o vereador Gilberto Natalini (PV-SP) decidiu enviar nesta semana aos governos municipal e estadual um ofício que propõe uma medida drástica para, segundo ele, amenizar a crise hídrica paulista: suspender os festejos do Carnaval de 2015.

"Os sambistas vão ficar com raiva, lógico, mas quando faltar água na torneira do cara ele vai ver que é o melhor a se fazer", afirma Natalini, candidato ao governo de São Paulo nas eleições do ano passado e um dos legisladores mais atuantes do município em projetos ambientais, um dos focos do partido em que atua.

Gilberto Natalini durante debate com candidatos ao governo de São Paulo, no ano passado

A medida é polêmica por uma série de questões. Centenário, o evento é responsável por atrair anualmente cerca de 120 mil turistas à capital paulista, de acordo com a Prefeitura, contingente que mobiliza o setor hoteleiro, gastronômico e de entretenimento da cidade. Além disso, de acordo com a São Paulo Turismo (SPTuris), o investimento médio de cada uma das 14 escolas do Grupo Especial, a elite da festa, é de R$ 2,5 milhões anuais. 

Além disso, há ainda os blocos de rua, cada vez mais populares na cidade, responsáveis por atrair mais de 4 milhões de pessoas em 2014. Só no ano passado, a Prefeitura paulistana investiu R$ 33,9 milhões na festa, perdendo apenas para o Rio de Janeiro no quesito – apenas para as agremiações, foram repassados R$ 700 mil para o preparo dos desfiles.

"É claro que estou consciente com o transtorno para a economia que uma medida dessas faria. Mas, pergunto, como vamos falar em economia sem água, sem energia?", questiona Natalini. "Os governos precisam parar de brigar e passar a enfrentar o problema de maneira séria, conversando com a população e expondo os sacrifícios necessários, inclusive a suspensão do Carnaval. Acho que seria uma medida exemplar para dar um choque de realidade na população e nos governantes."

Veja o cenário desolador das reservas de água de São Paulo:


Muito além da fantasia

Não é só a realização do Carnaval que incomoda o vereador em meio à pior crise hídrica da história, aos poucos assumida como gravíssima pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e pelo governo paulista. Natalini acredita que, enquanto a capital e o interior se virem na iminência de as torneiras da população secarem, é preciso cortar todo e qualquer grande evento realizado na região. O que inclui, entre outros, a Parada Gay, a Virada Cultural e a Fórmula 1, festas já tradicionais no calendário paulistano que atraem milhões de espectadores anualmente.

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