E o "KIKO" tenho a ver com isso?

Por Robério Correia*

Lembro tão bem da minha infância em Santa Cruz do Capibaribe, que posso afirmar, sem sombras de dúvida, que levei minha primeira e MERECIDA surra aos 4 anos, quando minha mãe juntava água da chuva em uma bacia de alumínio e, eu, com todo atrevimento natural de uma criança daquela idade, pulei dentro como se fosse uma piscina. Ela me bateu de havaianas, na bunda molhada… 

Imagina a dor!? rsrsrs…

Acho que nossa cidade na época tinha entre 8 e 10 mil habitantes. O comércio se resumia a poucos estabelecimentos, entre os quais, que lembro bem, a Farmácia Neves, o Posto de João Pereira, o Armazém de Pedro Neves, O Cinema Bandeirantes, a Venda de Seu Terto, a Banquinha de confeito de Zuza, a Venda de Seu Pepeu (na Rua Nova, onde eu comprava aqueles picolézinhos quadrados feitos em caixa de alumínio)...

A diversão favorita de toda criança daquela época era jogar bola no meio da rua. Existiam outras, mas, mudavam de acordo com a época, ou o clima. Jogar castanha no cano, só na safra de caju. Fazer barragem no meio da rua, só quando chovia, coisa RARA até hoje (Só pra ter o prazer de ESTOURÁ-LA quando estivesse cheia). Para os mais “afortunados”, tinha a matinê no cinema e o chiclete Adam’s de caixinha comprado na entrada, na banquinha de Seu Zé de Zuza ( a bala rolava solta nos faroestes e a criançada adorava ver índio morrendo). 

Como tudo aqui sempre acaba no ‘FLA x FLU” Boca Preta x Cabeção-Cabeça Inchada-Cabecinha e, agora, Taboquinha… Recordo também da primeira vez que tomei um refrigerante… Minha Mãe, Dona Odete, que sempre foi e continua sendo "romeira de Padre Zuzinha", me levou pra um comício na Vila do Pará na campanha municipal de 68. Tomei FANTA LARANJA pela primeira vez. Foi emocionante, rsrsrs.

Puxando um pouco mais pela memória, acabei lembrando de um fato ocorrido quando eu tinha dois ou três anos: Minha Mãe, Dona Odete, tinha acabado de me dar banho e me colocou em cima de uma mesa onde tinha um jarro. Precisa dizer o que fiz com o jarro? Depois de um pulo na mesa, o jarro quebrou e levei um corte na perna, onde tenho a cicatriz até hoje. Fomos parar no Hospital São Sebastião em Caruaru, levados por um “carro de praça”, que por coincidência, era do meu falecido sogro Zé de Raimundo, sacolejando durante horas numa estrada esburacada. 

Certamente muitos estão perguntando: E o que eu tenho a ver com isso? 

Resposta: Continuamos o mesmo povo ativo, que consegue dar nó em pingo d’água numa das regiões mais pobres e inóspitas do mundo. Continuamos também, infelizmente, esquecidos por todas as esferas de governo, seja ela municipal, estadual ou federal. Socialmente, continuamos nos anos 60, mesmo com uma população 12 vezes maior.

*Robério Correia é torcedor fanático do Santinha e um sulanqueiro assumido. Como ele mesmo diz "nunca fiz outra coisa na vida para ganhar dinheiro que fosse fora da sulanca".

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