Em meio a circo, Dilma isola Marina e busca restabelecer polarização com os tucanos


Por Jamildo Melo

Dilma saiu-se muito bem no debate da Globo, Aécio foi mediano e Marina Silva não se saiu bem, como gostaria, para garantir com segurança as chances de ir a um segundo turno com a petista.

Não apenas porque estava muito bem preparada e treinada para as respostas mais polêmicas, a petista obteve sucesso na sua estratégia de isolar Marina, evitando o confronto com a socialista, com o objetivo de restabelecer a velha polarização com os tucanos, em um eventual segundo turno. Os petistas já deram mostras na atual campanha que temem a ex-ministra de Lula e acham mais fácil bater o mineiro no segundo turno.

A predominância de questionamentos sobre a corrupção, em casos como o escândalo da Petrobras e a lembrança do Mensalão, aparelhamento da máquina pública, não abalaram Dilma. A petista se saiu bem ao afirmar que alianças não produzem corrupção a priori e há corruptos em todos os partidos. Aécio Neves até que se saiu bem em lembrar que Paulo Roberto Costa não foi demitido, mas renunciou ao cargo, a pedido, mas o grau de cinismo vigente atualmente na política parece já não causar impacto algum. Banalizados, os escândalos já não escandalizam mais.

Sofrendo ataques especialmente de Luciana Genro e Aécio Neves no debate desta noite, periga Marina perder votos e se desmilinguir mais ainda, perdendo a chance de ir ao segundo turno. O seu pior momento se deu ao debater a proposta de independência do Banco Central, justamente com Dilma. Enrolou-se, como se o treino com Eduardo Campos tivesse sido esquecido. Dilma também foi eficiente em ironizar os vacilos na apresentação do programa de governo. A tabelinha do Pastor Everaldo com Aécio Neves também acabou prejudicando Marina, ao permitir que o tucano cortasse bolas sem ninguém subir para tentar o bloqueio.

O bisonho Levi Fidelix ganhou nova ribalta, depois do debate da Record, ao ser confrontado por Eduardo Jorge e depois por Luciana Genro, sobre as declarações polêmicas contra o movimento LGBT. Não pediu perdão, nem se desculpou, tentando se justificar com visível desconforto.

Foto: Yasuyoshi Chiba/ AFP

Com pouquíssimas propostas concretas, o bom debate dos problemas nacionais ficou inviabilizado pela participação dos nanicos, excetuando-se Eduardo Jorge, um nanico qualificado, que apesar das brincadeiras fez boas colocações e propostas. Em alguns momentos, vários, mais pareceu um programa de humor, tipo Zorra Total, fora do horário nobre, com lances de MMA pelo meio. Quase se teve dedo no olho. Nem Bonner se conteve. Diversão garantida para a plateia presente, a turma do sofá e nas redes sociais.

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