Getúlio Vargas no cinema

Em filme de João Jardim, Tony Ramos revive o ex-presidente antes de seu suicídio

por Orlando Margarido - Carta Capital

Toni Ramos como Getúlio Vargas

Há, ou havia, um débito do cinema brasileiro com a figura de Getúlio Vargas. Enquanto a literatura se aquece de biografias robustas para entender a alma do ditador do Estado Novo, pouco ou nada se fez nas telas além de um ensaio documental de Ana Carolina. Não será pela ambição mais premente de um retrato da vida do governante gaúcho que Getúlio, de João Jardim, atenderá a essa deficiência. Mas no viés escolhido, representativo de uma intenção de debater também a atualidade, o filme concentra qualidades louváveis, como se poderá constatar a partir de quinta 1º.

É o 1º de maio, lembre-se, e em seus discursos Getúlio costumava referir-se aos “trabalhadores do Brasil”. A peça de oratória foi lembrada, assim como outras referências a gerações que justamente pela memória pobre de estudos esqueceram ou desconhecem o presidente. Na figura roliça e de artimanhas interpretada com trejeitos por Tony Ramos centra-se a tragédia política dos 19 dias que antecederam seu suicídio. Menos trágico aqui, porque ao drama detonado pelo atentado a Carlos Lacerda preferiu-se somar o recurso do thriller, com a agilidade que comanda enorme elenco, à frente Drica Moraes, como a filha Alzira. Entre a traição do guarda-costas Gregório Fortunato que se avizinha, o golpe que se aproxima do Palácio do Catete, onde Vargas está acuado, e a decisão do ato de limite, o filme convoca também a imprensa como testemunha, malfada ou não, e nisso conecta-se com o presente.

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