Contrariando 'rei do ovo', emprego formal avançou mais entre pobres

Renda na base da pirâmide da distribuição também foi a que mais subiu

Folha de São Paulo

A polêmica declaração do empresário Ricardo Faria, 50, conhecido como "rei do ovo" e listado como uma das pessoas mais ricas do Brasil, de que as os mais pobres no país "estão viciados no Bolsa Família" e que não querem trabalhar, não encontra respaldo nos números do mercado de trabalho.

Apesar do aumento, a partir do segundo semestre de 2022, do valor do Bolsa Família para cerca de R$ 600, a taxa de desocupação hoje é menor do que há dez anos, quando o programa pagava menos de R$ 100 por pessoa.

A imagem mostra quatro trabalhadores da construção civil em um canteiro de obras. Eles estão usando coletes de segurança amarelos e capacetes brancos. Dois trabalhadores estão subindo uma estrutura de forma de concreto, enquanto os outros dois estão na parte inferior, próximos à base da estrutura. Ao fundo, é possível ver um edifício com uma placa de aluguel.
Trabalhadores da construção civil em canteiro de obras. - Getty Images

Além disso, análise por quintos da distribuição de renda domiciliar per capita entre 2019 e 2023 revela que o desemprego caiu em todas as faixas, mas sobretudo entre os mais pobres. Foi entre eles que o trabalho com carteira assinada ganhou mais terreno (+1,1 ponto percentual).

A renda do trabalho dos ocupados também subiu em todas as faixas, mas sobretudo entre os mais pobres (+9,5% ao ano, ou +43,6% acumulados no período).

De um modo geral, a taxa de desocupação no país hoje é menor do que há dez anos. Em 2014, quando o Brasil registrou a menor taxa de desemprego da série histórica até então, com uma média anual de 4,8%, a desocupação atingia 4,4% da população com 14 anos ou mais –e havia 58,1% de ocupados, perfazendo 62,5% dos brasileiros no mercado de trabalho.

No ano passado, a taxa de desocupação, com o Bolsa Família já a R$ 600, foi menor: 4,2%, com 58,6% dos brasileiros ocupados e 62,8% no mercado.

Para o economista Marcos Hecksher, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que compilou esses dados a partir da PnadC do IBGE, este tipo de crítica aos trabalhadores mais pobres vêm de "empresários que sentem saudade de ver mais pobres desempregados, quando podiam contratá-los pagando menos".

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