Alexandre vê 'operação golpista' e decide manter Anderson Torres preso

Ministro do Supremo avalia que necessidade de segregação de ex-ministro da Justiça foi reforçada por 'fortes indícios' de sua ligação com 'minuta do golpe' e com fiscalizações em massa da PRF para 'tentar subverter a legítima participação popular' no segundo turno das eleições

Por Pepita Ortega e Fausto Macedo

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF
Foto: Adriano Machado/Reuters

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, manteve a prisão preventiva do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, investigado por suposta conivência com os atos golpistas do dia 8 de janeiro. O magistrado negou pedido da defesa, que tinha parecer favorável da Procuradoria-Geral da República, por considerar que no atual momento das investigações a 'razoabilidade e proporcionalidade continuam justificando a necessidade e adequação' da medida.


O ministro avalia que necessidade de segregação de ex-ministro da Justiça foi reforçada por 'fortes indícios' de sua ligação com 'minuta do golpe' - documento apreendido pela Polícia Federal em um armário da residência de Torres, em Brasília - e com fiscalizações em massa da Polícia Rodoviária Federal no segundo turno das eleições.

Alexandre classificou as blitz em série da PRF, especialmente em rodovias do Nordeste - principal reduto eleitoral do presidente Lula - como 'operação golpista' 'para tentar subverter a legítima participação popular'.

O ex-ministro da Justiça foi intimado para depor na próxima segunda, 24, às 14 horas, sobre a atuação da PRF no segundo turno do pleito. O aliado do ex-presidente será ouvido na condição de declarante. Alexandre assegurou a ele o 'direito ao silêncio e a garantia de não autoincriminação, se instado a responder a perguntas cujas respostas possam resultar em seu prejuízo'.

No despacho em que manter a preventiva de Torres, Alexandre também anota indícios de 'conduta omissiva' de Torres quanto a permanência do acampamento montado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em frente ao QG do Exército e o 'risco daí gerado, que culminou nos fatídicos atos do dia 8 de janeiro'.

O ministro também destacou o possível envolvimento do delegado da PF - afastado - no 'possível envolvimento na autorização para mais de cem ônibus dirigirem-se ao referido Setor Militar Urbano e prepararem-se para a prática dos atos criminosos'.

Fora isso, o relator do inquérito dos atos golpistas destacou o fato de Torres ter 'suprimido das investigações a possibilidade de acesso ao seu telefone celular, consequentemente, das trocas de mensagens realizadas no dia dos atos golpistas e nos períodos anterior e posterior e às suas mensagens eletrônicas'.

"Somente - mais de 100 dias após a ocorrência dos atos golpistas e com total possibilidade de supressão das informações ali existentes - autorizou acesso às suas senhas pessoais de acesso à nuvem de seu e-mail pessoal", ressaltou.

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